Texto de opinião do Pe. Sílvio Couto
«Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e actual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde aurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro?»
Esta pergunta está inserida na mensagem que o Papa Bento XVI escreveu para o 44.º dia mundial das comunicações sociais, que se celebra no próximo dia 16 (domingo da Ascensão), intitulada: – ‘O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra’.
Atendendo ao contexto do ‘ano sacerdotal’, o Papa salienta que «é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação».
Bento XVI, que por estes dias nos dá a honra da sua visita a Portugal, coloca o realce – à luz da mensagem já do ano passado – na promoção de uma cultura «que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma “diaconia da cultura” no actual “continente digital”. Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização».
Mesmo que de forma sucinta, retiramos da mensagem papal outros aspectos que poderão ajudar-nos a reflectir sobre estes desafios enunciados:
- «Não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o ‘pátio dos gentios’ do Templo de Jerusalém – também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?»
Com efeito, temos de saber usar os meios, que a técnica nos vai facultando, para sabermos levar a mensagem do Evangelho a todos quantos, mesmo que inconscientemente, precisam de Deus e da presença de Jesus nas suas vidas. Há quem O procure às apalpadelas psicológicas e nem sempre O encontrem senão lh’O levarmos traduzido em linguagem que sejam capazes de entender… tanto o contexto como o pretexto de comunicação
- «De facto nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem».
Numa época assaz ávida de novidade – muitas vezes mais numa procura enrolada e sem horizontes bem definidos – temos de saber captar os anseios dos nossos contemporâneos, fazendo-os abrirem-se à presença de Jesus Cristo como solução para as suas dúvidas e necessidades… mais profundas, tanto pessoais como sociais e colectivas.
De pouco servirão os meios sempre actualizados se o coração do evangelizador – com os padres incluídos – não tiver sido tocado pelo encontro apaixonado e apaixonante de Jesus. É Ele quem nos faz sermos inventivos, nos torna incomodados e nos provoca a sermos convertidos… a Ele, cada vez mais, e aos outros, sempre melhor.
Assim Deus nos impulsione e nos sintamos comprometidos pela Igreja neste mundo.
A. Sílvio Couto