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Bento XVI visita Reino Unido

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A visita do Papa a Inglaterra, entre 16 e 19 de Setembro, a segunda deslocação de um Pontífice ao Reino Unido e a primeira com honras de Estado – a estadia de João Paulo II, em 1982, não teve carácter oficial – seguirá o lema “Coração que fala ao coração”, expressão extraída de um dos muitos escritos de Newman, que se converteu ao catolicismo em 1845.

 

 

O prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, o cardeal português D. José Saraiva Martins, destacou a “humildade e simplicidade extraordinárias” do prelado inglês, que vai ser beatificado por Bento XVI este Domingo, último dia da viagem.

O Papa inicia a visita por Edimburgo, sendo recebido pela rainha de Inglaterra, Isabel II. À tarde, preside a uma missa campal em Glasgow, deixando depois a Escócia a caminho de Londres, onde pernoita.

O dia de hoje, 17, que vai ser dominado por encontros com líderes cristãos e de outras religiões, inclui uma visita a Rowan Williams, arcebispo da Cantuária e sinal de unidade dos bispos e Igrejas da comunhão anglicana, dominante em Inglaterra.

Entre as seis alocuções públicas que Bento XVI profere esta Sexta-feira, encontra-se o discurso dirigido à sociedade civil, que vai ser lido em Westminster, sede do Parlamento britânico.

O terceiro dia, que também decorrerá na capital, inicia-se com reuniões com o primeiro-ministro, vice-primeiro-ministro e líder da oposição. O programa prossegue com a celebração da eucaristia, terminando com uma vigília de oração.

No Domingo, o Papa parte para Birmingham, onde preside à missa campal em que vai ser beatificado o cardeal Newman. Antes do regresso a Roma, Bento XVI almoça e reúne-se com os bispos de Inglaterra, Escócia e Gales.

A agenda pode contemplar um encontro com dezenas de vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, provavelmente em Londres. Este Domingo, antes da oração do Angelus proferida em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, o Papa pediu orações pela viagem.

 

Expectativas

 

O presidente da Conferência Episcopal de Inglaterra-Gales, D. Vincent Nichols, espera que a visita do Papa suscite “alegria” e “grande participação”. Para o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, Bento XVI vai falar, “com um horizonte extremamente amplo, dos problemas da sociedade do Reino Unido no mundo de hoje”.

A presença do Papa em Inglaterra foi antecedida pela discussão sobre a obrigatoriedade de aquisição de bilhetes para algumas das celebrações.

O coordenador da visita, D. Andrew Summersgill, frisou que o contributo, “igual para todos”, corresponde a um “acto de solidariedade”, que não é pedido às pessoas mas às dioceses ou paróquias.

 

Divisões e obstáculos ao diálogo ecuménico

 

O padre Federico Lombardi admite que a viagem acontece “num momento delicado” para o anglicanismo, o que se reflecte “nas relações entre anglicanos e católicos”.

O secretário do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, D. Brian Farrell, acredita que a ordenação de bispos do sexo feminino na Igreja Anglicana de Inglaterra, aprovada em Julho – e já generalizada noutras comunidades espalhadas pelo mundo – cria obstáculos ao diálogo ecuménico por tratar-se de “um abandono ilegítimo da Tradição autêntica”.

Roma tem aberto as suas portas aos fiéis da Igreja Anglicana descontentes com as posições tomadas pelos seus líderes, nas quais se incluem as ordenações de prelados homossexuais. Em Novembro de 2009, Bento XVI publicou a Constituição “Anglicanorum coetibus”, sobre a instituição de Ordinariatos Pessoais para os anglicanos que entram em plena comunhão com a Igreja Católica.

O Reino Unido tem cerca de 61 milhões de habitantes, dos quais 4,2 são católicos. A Igreja Anglicana, nasceu no século XVI, no seguimento de uma ruptura com a Igreja Católica.

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16 de Setembro de 2010