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Bilhete Postal

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Caro Alfredo,

Há dias, fui convidado a tomar parte numa tertúlia subordinada ao tema “Saber ouvir”. Estas iniciativas vêm de trás e juntam muita gente. São “divinizadas” por trechos de música clássica, no meu caso entregues ao sublime Mozart, o génio que me recompõe, que me mergulha nas profundidades, que me desperta, às vezes, estrondosamente, para a vida.

 

Caro Alfredo,

Há dias, fui convidado a tomar parte numa tertúlia subordinada ao tema “Saber ouvir”. Estas iniciativas vêm de trás e juntam muita gente. São “divinizadas” por trechos de música clássica, no meu caso entregues ao sublime Mozart, o génio que me recompõe, que me mergulha nas profundidades, que me desperta, às vezes, estrondosamente, para a vida.

Achei e acho muito interessante e interpelativo o pretexto dos encontros: “Saber ouvir”. Neste nosso mundo cheio de barulhos, torna-se cada vez mais necessário saber ouvir. Neste nosso mundo cheio de mestres baratos que querem tomar a praça só para eles e, com a praça, tomar-nos a nós, é preciso saber ouvir. Para tanto, fazer silêncio dentro de nós. Para tanto, deixar de lado esses fabricantes de barulhos. Para tanto, escolher bem quem merece a pena ser ouvido.

Estamos na Quaresma, que é, privilegiadamente, o tempo do silêncio… para saber ouvir. É que o silêncio é condição para se ouvir. E, no caso, ouvir quem? – Claro, que o Deus que nos fala em Jesus Cristo. Ele é a Palavra e é esta Palavra que nos desvenda os segredos e desejos de Deus a nosso respeito.

Na Quaresma, promovem-se encontros de todo o género e feitio. Não sei se daremos tempos ao silêncio que nos deixa ouvir. Que nos deixa ouvir Deus, claro. Mas saber ouvir também os mestres que nos falam na palavra falada ou escrita, aqueles com quem a nossa vida se passa e se faz, como familiares, colaboradores, amigos das nossas convivências.

É que estamos num tempo caracterizado pelo falar, falar, falar. E ouvir? E saber ouvir?

Dizia-nos um velho mestre: “Já me tenho arrependido de falar. Nunca me arrependi de estar calado”. Claro que exagera, mas esta sentença traz muito recado consigo.

                       

+ Manuel

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04 de Abril de 2011