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Agrupamento 543 Cova da Piedade

Aniversario 2011(28)

No ano em que celebra trinta e cinco anos desde a sua fundação, o 543 Cova da Piedade tem muitos motivos para celebrar. Uma nova sede construída com as suas próprias mãos e com a ajuda da Paróquia culmina, agora, numa viagem ao campo escutista internacional de Kandersteg. Fomos falar com a Chefe de Agrupamento, Rosário Silva, e com o Chefe de Agrupamento adjunto, Cristiano Caixeiro, que conta já sessenta anos de Escutismo, e que nos contaram como sentem a união que se ali se vive.

Desde 1978 que o 543 tinha a sua sede por trás da capela do Bairro, no edifício-mãe dos equipamentos sociais da Cova da Piedade, partilhando o espaço com o Centro Paroquial. Depois da inauguração da nova sede, em Novembro de 2007, num terreno cedido pela Câmara Municipal de Almada, o Agrupamento tem agora melhores condições para trabalhar a mística de cada uma das secções.

«Na altura, avançou-se sem dinheiro mas a ajuda da Paróquia foi fundamental. Fomos nós que arregaçámos mangas, aprendemos a pintar, a fazer cimento. Tudo o que pudemos fazer de obras, fizemos – conta Rosário Silva – E pôr uma casa destas em pé não foi fácil. Tivemos altos e baixos, momentos de ânimo e desânimo, mas a construção da sede foi uma escola para nós. Sentimos na pele o que foi preciso abdicar para construirmos a nossa casa».  

É por este motivo que o 543 irá a Kandersteg na última quinzena de Agosto, podendo não estar presente no Acampamento Regional a realizar na primeira semana desse mês. «Para construir a casa, tivemos que cancelar muitas atividades, muitos projetos propostos pelos rapazes. Era importante estabelecer objetivos, prioridades, lutar pelos sonhos, mas um de cada vez. Com muitas janelas abertas, entra muito ar e às tantas, o vento leva tudo. Aquilo que lhes dissemos é que ninguém faz uma viagem se não tiver uma casa onde morar depois de voltar da viagem, por isso, prometemos-lhes que ao terminar a construção da sede faríamos uma grande atividade. E é este ano», explica Rosário Silva.

A disponibilidade para uma nova educação

Atualmente, e com centro e trinta elementos, o 543 já chegou a ter mais de duzentas crianças e jovens, apesar de terem, na altura, o mesmo número de dirigentes que hoje têm. Numa época em que a disponibilidade para o Escutismo é diferente das de outros tempos, Rosário Silva diz: «Hoje os miúdos têm uma oferta imensa de coisas. Quase não têm tempo para respirar e quando chegam aqui ao sábado, o que sentimos é que os miúdos estão muito cansados de os organizarem ao longo de toda a semana e não conseguem organizar o seu tempo. Foram sempre habituados a ser organizados por alguém. Há mais falta de disponibilidade em estar, mas continuam a ter vontade».

 A verdade é que, apesar destes constrangimentos, a sede do 543 está sempre cheia, de sábado a sábado, e só não recebem mais crianças porque não há dirigentes suficientes, sob pena de não poder ser feito um «trabalho em condições», considerando a exigência do novo projeto educativo. «Este método é de aplicação difícil mas eu, pessoalmente, gosto – afirma a Chefe de Agrupamento – Permite que cada miúdo progrida dentro do seu tempo, das suas capacidades. O mais complicado é conjugar os objetivos individuais de cada um e construir um projeto comum considerando as variáveis de cada criança ou jovem».

União, família e orgulho nas crianças e jovens

Um Agrupamento unido, não só entre os chefes mas também entre os adultos, é como a Chefe Rosário Silva e o Chefe Cristiano Caixeiro, olham para o 543. «Vivemos aqui um ambiente familiar. É verdade que somos diferentes, que há alturas em que chocamos as nossas opiniões, mas no final de contas é isto que é uma família. Já tivemos reuniões acesas, de cartas na mesa, mas depois chegamos a consenso. Continuamos com os nossos pontos de vista, mas procuramos, acima de tudo, defender o Agrupamento como a nossa família, a nossa casa», afirma a Chefe de Agrupamento.

E o Chefe Adjunto corrobora, com a lágrima ao canto do olho, afirmando do orgulho que sente nos seus elementos: «Temos um agrupamento unido, não só entre miúdos mas também chefes. Olham para nós como os mais velhos, mas chegam muito facilmente a nós. Eu tenho um problema de coluna e nenhum miúdo aqui me deixa fazer força. Temos miúdos extraordinários. Estou convencido que este Agrupamento, brevemente terá chefes muito, muito bons. Melhores que nós».

Relação sólida e amiga têm também os Escuteiros do Agrupamento com os pais, apesar de não existir Comissão de Pais. «Temos um grupo de pais que nos ajuda sempre muito. E a Comissão de Pais não permite que outros pais se possam juntar. Assim, conseguimos ter todos a colaborar. Facilita a relação com os pais. E, muitas vezes, coloca-se um travão nos pais porque só os Chefes é que sabem de Escutismo. No entanto, os pais também nos podem ajudar a fazer Escutismo na sua perspetiva de pais», diz Rosário.

Testemunho vivo na comunidade paroquial

Outro dos aspetos positivos que Rosário Silva aponta na vida do Agrupamento da Cova da Piedade é a sua relação com a comunidade paroquial, nomeadamente a relação com a catequese. No início do ano juntam os calendários e tentar acertar tudo para conseguirem unir esforços na educação cristã das crianças e jovens que lhes são confiadas. «Cuidamos, em conjunto, do acompanhamento dos miúdos, ainda que a primeira responsabilidade seja dos pais. O Agrupamento vai sempre às reuniões de direção da catequese e isso é muito bom», diz a Chefe.

A acrescenta: «Nesta paróquia temos que nos dar por muito felizes porque somos um Agrupamento perfeitamente integrado. Estamos numa boa fase. Temos alguns Escuteiros catequistas, houve Escuteiros a fazer formação para ministros da comunhão e há um estímulo muito grande e uma valorização dos Escuteiros na Paróquia».

Apesar de a sede do Agrupamento se situar mais longe, quer da Igreja Matriz quer da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, os Escuteiros reúnem-se sempre, após a catequese, na Eucaristia do final da tarde em todos os sábados. «Pensávamos que com a mudança da sede se ia mudar esta ligação – diz a Chefe – Mas os miúdos e os pais não se podem esquecer que isto é Escutismo Católico Português».

É com o seu testemunho pessoal enquanto dirigentes do CNE que Rosário diz ser possível cultivar a espiritualidade dentro do 543. «Não é só mandá-los é preciso ir com eles. E depois é o apoio que o nosso Assistente nos vai dando porque também temos as nossas lacunas. Todos os adultos fizeram a sua caminhada de catequese, cumprimos o percurso todo, mas todos temos as nossas lacunas. A presença do Assistente, Padre José Pinheiro, aqui, no meio de nós, é importantíssima. E o conhecimento que ele trás é sempre valioso. Ele vai além do nosso testemunho e tem uma proximidade deles muito grande e fala muito a língua deles», refere.

Escutismo, um ‘bichinho que morde’

Para o futuro, Rosário diz que quer continuar a fazer crescer o sentido de família e comunidade que os une: «Que os projetos dos miúdos, a partir de agora, sigam avante. Para o Agrupamento e para a comunidade. Nem todos os sábados são alegria, também nos zangamos e temos as nossas diferenças, mas que se mantenha este sentido de partilha e este orgulho em ser Escuteiro».

«Eu entrei, já em adulta, numa altura em que não tinha tempo – conta a Chefe de Agrupamento – Deixei de dar catequese porque não tinha tempo e vim parar aos Escuteiros. A obrigatoriedade dos sábados, na altura, custou-me. Mas há um bichinho que morde, nos agarra e não nos deixa sair. É outra forma de educar, mas também eu própria cresci. Há coisas que eu sei que melhorei e mudei porque estou aqui. Aprendi a aceitar mais os outros por estar aqui».

No ano em que festejam trinta e cinco anos, e fruto da sua boa relação com os outros Agrupamentos da cidade de Almada, o 543, em parceria com outros dirigentes de Cacilhas, vai organizar nos dias 15 e 16 de fevereiro, o primeiro encontro de colecionadores de objetivos escutistas de Almada, na Fragata D. Fernando II e Glória, espaço cedido pela Marinha Portuguesa.

«Somos irmãos Escuteiros e damo-nos muito bem com todos os Escuteiros de Almada – indica Cristiano Caixeiro – há até a possibilidade de fazermos um clã da cidade de Almada. Estamos unidos nesse propósito e isso veio dar, até, a todos os Chefes de Agrupamento e de Clã uma força maior e uma grande colaboração.

Anabela Sousa

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21 de Janeiro de 2014