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Maria junto à Cruz de Jesus

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Na Sexta-feira da Paixão do Senhor realizou-se, em Setúbal, a Procissão Penitencial. Começando na Igreja de São Julião e terminando na Sé, esta foi uma noite para, como disse D. José Ornelas, «sentir, no coração, a cruz de Jesus, testemunhando aquilo que somos e em que acreditamos, pelas ruas da cidade». A procissão contou com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira.

Já na Sé Catedral, no final da procissão, a reflexão do Bispo de Setúbal, que concluiu as celebrações de Sexta-feira Santa, teve como tema central, «Maria junto à Cruz de Jesus».

«É significativo reter, antes de mais, que Maria aparece nas narrações evangélicas no início e no fim do percurso terreno de Jesus, isto é, quando tem necessidade de cuidado, de atenção, de acompanhamento em horas difíceis. É aí que Ela se revela verdadeiramente Mãe», referiu D. José Ornelas.

«Mães como Maria, mães de ontem, mães dos nossos dias»

Invocando Maria como a “Senhora das dores”, com o Filho morto nos braços, o Bispo de Setúbal recordou os sobressaltos e dores que muitas mães, hoje, vivem.

«Estas são as dores que se repetem nas mães dos filhos mortos ou raptados em ataques terroristas, mães de filhos trucidados e feridos na guerra, mães de crianças asfixiadas com gás ou debaixo dos escombros das bombas, mães refugiadas com filhos afogados nas águas que deviam ser via de realização de sonhos e de esperança, mães desesperadas por ver morrer os filhos à fome nos seus braços, sem ter que lhes dar. Mães como Maria, mães de ontem, mães dos nossos dias», disse.

D. José Ornelas sublinhou, ainda, que Maria, junto à cruz, é o modelo daquilo que Jesus pretende da Igreja: «Que a Igreja nascida da água e do sangue, jorrados do peito de Jesus na cruz, aprenda a ser sempre mãe, família que acolhe, que é solidária, que está presente aos pés de cada cruz, que nunca abandona aqueles que estão condenados pela ganância dos poderosos. Essa é a atitude que Maria está a ensinar à Igreja, a cada uma das nossas comunidades, à nossa diocese, à Igreja do Senhor espalhada pelo mundo».

A lógica da cruz: Não desistir

Já na celebração da Paixão do Senhor, na tarde de Sexta-feira Santa, o Prelado destacou que «Jesus transforma a maldição da cruz em revelação de vida e de amor» e «abre um caminho novo para a transformação do mundo violento em que vivemos. Um mundo com imensas possibilidades e novas capacidades, mas igualmente cheio de injustiça, de miséria, de opressão, de corrupção e jogos destrutivos de poder».

«A primeira atitude que a lógica da cruz nos indica é a de não se resignar, nem se fechar, nem esquecer – disse, ainda, D. José Ornelas – Deus nunca desiste do homem; Jesus não veio para um mundo perfeito, veio para aperfeiçoá-lo; não veio para famílias perfeitas, nem para uma Igreja perfeita. Os problemas e o sofrimento que vemos à nossa volta não podem levar-nos a desistir, a defender-nos simplesmente ou a virar cara para o outro lado. Estes são problemas que nos dizem respeito e que nos desafiam a tomar parte no processo de transformação da realidade onde vivemos».

Anabela Sousa

[Fotografias disponíveis no Facebook da Diocese de Setúbal, clicando aqui.]

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15 de Abril de 2017