Coluna de opinião de Rui Pinto Gonçalves, Chefe Regional de Setúbal do CNE
No momento em que estas linhas são escritas o Santo Padre ainda não aterrou em solo nacional. Assim, não se sabe o impacto da visita e o sucesso que a mesma terá (ou teve na perspectiva do leitor).
Mas é interessante fazer o exercício prévio no sentido de pensar nos critérios de avaliação que irão ser usados pelos críticos (termo entendido como aquele que comenta com perspectiva de avaliação) que se debruçarão sobre a visita.
O primeiro será seguramente o impacto em números. Serão feitas contabilizações de “cabeças” para saber quantos estiveram em Lisboa, Fátima e no Porto.
Depois, ligado ao anterior, será o critério comparativo com João Paulo II. Como o falecido Papa motivava e este parece não o fazer, como aquele Servo de Deus levava gente para a rua e este Papa não traz.
Em terceiro lugar serão avaliadas as palavras mas exclusivamente quanto à questão da pedofilia. Se o Papa se humilhou o suficiente, se se lêem palavras de constrangimento, culpa, auto flagelação e de suficiente condenação.
Finalmente serão apreciados as despesas inerentes à visita. Os gastos da Santa Sé e os do Estado Português num momento de contenção. Serão avaliadas as despesas tanto de protocolo como de segurança pois o número de polícias é sempre um tema que interessa muito. Ouvir-se-ão um conjunto de apreciações negativas a esta desproporcionalidade e despesas para um “mero” chefe de um Estado tão pequeno que não pode ter qualquer relevância.
E a avaliação cessará por aqui com o júbilo de alguns no caso de algo correr menos bem.
Já esta semana Inês Pedrosa escreveu que não compreende o afã do Estado nem a tolerância de ponto e escudou-se na Constituição para não conceder a referida tolerância aos funcionários da Casa Fernando Pessoa de que é directora. Diz este insigne símbolo da cultura portuguesa que quando o Dalai Lama veio a Portugal nada disto ocorreu.
Perante tão profundo conhecimento do que é a Portugalidade espelhado neste iluminado comentário e porque é da directora da Casa Pessoa que falamos o melhor é mesmo todos nós termos vivido a visita do Santo Padre sem desassossego e com a alegria e participação que a mesma merece pois no meio do ruído pouco há que valha a pena para além do amor a Cristo e à Igreja que assentou em Pedro como assenta nos seu 266.º sucessor.
Será que foi assim que tudo aconteceu?
Rui Pinto Gonçalves
Chefe Regional