comprehensive-camels

MOMENTOS DE ESPERANÇA

11039604

Texto de Opinião do Pe. Manuel Soares

 

 

Ninguém pode sacrificar-se, fazer esforço, trabalhar e sofrer se não tiver esperança: esperança que a obra se realize, esperança que o esforço resulte, esperança que o sofrimento suportado alcance um êxito, uma vitória. A esperança vem pelos sinais, pelo encorajamento, pelo estímulo, pelo que se vislumbra. A esperança está na luz que espreita ao longe, ao amanhecer, ao sair da noite que obscureceu o nosso tempo, a nossa vida, a nossa alegria, a nossa luta.

A visita do Papa à nossa comunidade nacional foi um momento de esperança. Tão habituados que estamos às estatísticas que nos colocam (quase) sempre no fundo da tabela, quantas vezes em último lugar, que esmagam o orgulho e a presunção de tantos nós, que nos deixam envergonhados debaixo da mesa dos que julgamos poderosos e grandes; tão habituados aos lamentos que saem constantemente da nossa boca “só neste país isto acontece…”, “esta é a república das bananas”, “esta desgraça só aqui acontece…” e outras expressões de desalento e descrença, ignorando o que outros povos e nações vivem e sentem de frustrações e dificuldades, portanto, assim com um estado de espírito esmorecido e arrefecido, a vinda do Papa e as suas palavras, a sua presença connosco e o nosso entusiasmo à vista de todo o mundo foi um alento, uma aragem, um acalento bem animador e confortador. Não que os problemas fossem automaticamente resolvidos ou soluções mágicas fossem encontradas pois de nós mesmos deve surgir a escolha de caminhos convenientes; mas a presença do Papa deu-nos consciência de que existimos como povo que pode unir-se, entusiasmar-se, interessar-se, suplantar-se, reagir.

A visita do Santo Padre à nossa comunidade cristã e crente foi também um momento de esperança. Perante tantas dúvidas que se levantaram, tantos presságios de desaparecimento e afundamento, de tantas acusações de miséria moral, de inoperância social, de conservadorismo retardado e ignorante, a afirmação clara de certos valores e verdades, sempre defendidos pela Igreja, revigorou a fé dos que se estavam a sentir oprimidos. A concentração de tantos crentes – quando os esforços enérgicos de alguns procuravam arredá-los e dissuadi-los de se manifestarem – deu consciência da sua força de fé, da sua força de acção na sociedade, do respeito e atenção que lhes é devido, da companhia de tantos que seguem a mesma estrada da vida, dos valores espirituais e profundos que vivem e estão à disposição de todos. O Papa é o sinal da nossa união, é a confirmação da nossa fé, é a força da nossa acção em Cristo e no Espírito Santo.

 

P. Manuel Soares

Partilhe nas redes sociais!
24 de Maio de 2010