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O Arcebispo santo

D_ Manuel Mendes

No passado dia 30 de Maio, teve lugar, no nosso Seminário de S. Paulo de Almada, a última das conferências integradas nos encontros mensais da Obra do Bom Pastor sobre a vida e a obra de sacerdotes santos ou em processo de canonização. A conferência foi dedicada ao Servo de Deus D. Manuel Mendes da Conceição Santos, conhecido como o Arcebispo “Santo” de Évora, e teve como oradora a Ir. Maria Helena de Castello-Branco Cordovil, da Congregação das Servas da Santa Igreja.

 

 

 

D. Manuel Mendes da Conceição Santos nasceu a 13 de Dezembro de 1876, na Freguesia de Olaia, Concelho de Torres Novas. Sentindo o apelo de Deus desde tenra idade, ingressou, em Agosto de 1890, no Seminário de Santarém, onde concluiu, com distinção, os seus estudos preparatórios, filosóficos e teológicos.

Dadas as suas excelentes qualidades, em 1895, foi enviado a Roma, onde se doutorou em Teologia e graduou em Letras Clássicas e Modernas. Aí foi condiscípulo de Eugénio Pacelli, futuro Papa Pio XII, com quem manteve amizade por toda a vida.

Regressou a Portugal em 1898. Nomeado Prefeito e professor do Seminário de Santarém, foi ordenado Sacerdote a 27 de Maio do ano seguinte. Devido às qualidades que revela – vasta cultura, poder de decisão, caridade e prudência – o P.e Manuel Mendes desperta simpatia e interesse a nível eclesiástico, o que mais tarde se traduz no pedido efectuado pelo Bispo D. Manuel Vieira de Matos ao Cardeal Patriarca de Lisboa para que permita a sua transferência para a Guarda, a fim de exercer o cargo de Vice-Reitor e professor do seu Seminário. Nesta cidade exerceu grande intervenção no campo social, cultural e político, sobretudo através da imprensa e do verbo inflamado da sua oratória.

Em 1915, foi nomeado Bispo de Portalegre, tendo sido sagrado Bispo em 3 de Maio de 1916. Em Portalegre, exerceu uma vasta acção pastoral na organização da diocese, na formação do clero e na acção sócio-caritativa, naqueles difíceis tempos da guerra e pós-guerra mundial.

Em 1920, foi nomeado Bispo Coadjutor com direito de sucessão do grande Arcebispo de Évora que foi D. Augusto Eduardo Nunes. Sucedeu-lhe meses depois e deu entrada na Arquidiocese no dia 11 de Fevereiro de 1921. Foi incalculável o trabalho apostólico desenvolvido na Igreja Eborense eivada de anti-clericalismo, de falta de clero e de ignorância religiosa do povo, pela onde esterilizante do laicismo. Dedicou-se a incansáveis visitas pastorais, reestruturou os Seminários, fundou a Gráfica Eborense e o Jornal “A Defesa”, para uma melhor divulgação da Palavra de Deus. Ficaram célebres as Missões do Alentejo, preocupado como estava com a evangelização do seu povo. Como apoio espiritual e pastoral, atraiu à Arquidiocese numerosas Congregações Religiosas. Sentindo a necessidade de secundar a acção dos seus Padres, sentiu-se inspirado a fundar, a 24 de Setembro de 1945, as Servas da Santa Igreja, cujo fim é precisamente o da missionação e colaboração com os Sacerdotes e assistência às Paróquias sem Pároco.

Grande devoto de Nossa Senhora, nele delegou o Bispo de Leiria a bênção da 1.ª pedra da Basílica do Santuário de Fátima, no dia 13 de Maio de 1928, tendo também coroado a Imagem Peregrina. Era também grande devoto de Santa Teresinha do Menino Jesus e trouxe para o nosso país a primeira imagem da então Beata.

D. Manuel Mendes da Conceição Santos faleceu em Évora, no dia 30 de Março de 1955, em odor de santidade.

A sua Causa de Canonização foi introduzida a 11 de Fevereiro de 1972, trabalhando-se actualmente no Processo e sendo muitas as graças obtidas por sua intercessão.

Ao apresentar a vida do Servo de Deus, a Ir. Cordovil salientou a sua grande preocupação pelas vocações como mostra do seu grande amor ao sacerdócio:

«Igreja e sacerdócio são duas ideias tão intimamente ligadas que, se por absurdo amanhã se extinguisse o sacerdócio, a Igreja desapareceria imediatamente. E disse por absurdo, porque o sacerdócio não morre, como não morre a Igreja, quaisquer que sejam os esforços e as arremetidas da impiedade.»

A Ir. Cordovil leu ainda o Acto de Oblação que o Sr. D. Manuel fez ao Sagrado Coração de Jesus. O Servo de Deus, movido pela ânsia de conquistar para o Senhor as almas que Ele lhe confiara, especialmente as almas sacerdotais, escreveu na primeira sexta-feira de Dezembro de 1927:

«Entrego-Vos a minha vida e a minha reputação, a minha saúde e os meus ministérios; mandai, disponde: sois o Senhor absoluto. Sacrifico-Vos a minha liberdade, pronto a obedecer a quem Vós quiserdes. Contando que o Vosso Coração reine, contando que ele seja amado, seja embora à custa do que eu tenho de mais caro, estarei contente. Sacrifico-Vos as consolações do meu apostolado: que Vós e só Vós conheçais os frutos das minhas fadigas. Basta-me que Vós reineis, que façais novas conquistas, eu quero ficar ignorado.»

A Ir. Cordovil terminou a conferência com uma exortação à oração pelas vocações, afirmando que o Senhor dará uma ‘coroa de glória’ especial àqueles que rezam e se sacrificam pelas vocações ao sacerdócio. Que o insigne exemplo do ‘Santo’ Arcebispo D. Manuel Mendes da Conceição Santos nos leve a clamar ao Céu como ele: «Salvai-me, ó Jesus, e santificai os vossos sacerdotes e seminaristas». «Coragem e Confiança.»

 

Tiago Silva e Pinto

 

 

 

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07 de Junho de 2010