As dioceses portuguesas devem criar um Centro Missionário para que em todas as áreas da pastoral da Igreja a “missão universal” esteja presente.
Nos centros devem trabalhar “as forças missionárias a operar na Diocese, integrando sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos”, expressa a Carta Pastoral «Para um Rosto Missionário da Igreja em Portugal», aprovada na Assembleia extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorreu na passada Quinta-feira em Fátima.
“Devem surgir Grupos Missionários Paroquiais, laboratórios missionários, células paroquiais de evangelização que trabalhem com os Obras Missionárias Pontifícias e os Centros de animação missionária dos Institutos Missionários”, expressa ainda a Carta Pastoral.
O Centro Missionário Diocesano deverá ser o “principal centro propulsor da consciência” e do “empenho missionário da Igreja Diocesana”, estimulando e dando a conhecer as iniciativas missionárias, “assegurando o mais fecundo relacionamento entre a comunidade local e os seus missionários” e velando por uma “boa implantação das OMP no espaço diocesano”.
O director da CMD deve ser nomeado pelo Bispo, “primeiro responsável da vida missionária na Diocese”.
A Carta Pastoral «Para um Rosto Missionário da Igreja em Portugal» resulta do Congresso Missionário Nacional, realizado em Setembro de 2008 que, reflectiu a necessidade da “elaboração de um documento-base” que animasse e orientasse a missão em Portugal.
Depois de um “fulgor” missionário que a história portuguesa conheceu, especialmente na missão ad gentes, Portugal “mais do que uma nova evangelização”, requer a “primeira evangelização”.
Não bastam discursos
“Não bastam os discursos, os apelos morais ou os acenos genéricos aos valores cristãos”, afirma a Carta Pastoral aprovada pela CEP. Num tempo de “profunda mudança” que conhece um “crescente pluralismo cultural e religioso, aliado a uma onda de secularização e individualismo e a um crescente relativismo e indiferença” é pedido “com urgência à Igreja que esteja presente na cidade dos homens” com “uma nova cultura de evangelização”.
Recordando palavras que Bento XVI dirigiu aos Bispos portugueses em Fátima, a Carta Pastoral afirma que são os “Pastores”, enquanto pessoas que “não ocupam apenas um cargo”, que devem “velar” pelo contínuo suscitar de “novos movimentos, novas formas eclesiais, novos métodos e novos rumos” que, sob acção do “Espírito Santo”, “quantas vezes surpreende e põe em causa a excessiva confiança que pusemos nas nossas estruturas e programações, distribuição de poderes e funções”.
“Já não é suficiente reformar estruturas. É necessário converter a nossa vida”.
O palco privilegiado de missão é a Igreja local, que deve “co-responsabilizar todos os seus membros” e não delegar esta missão apenas em alguns.
Bento XVI lembrou aos bispos portugueses a necessidade de se formar um “laicado maduro”. A Carta Pastoral afirma ser “imperioso” constituir, preparar e formar grupos consistentes de evangelização, que possam actuar por áreas profissionais, e “em todos os sectores da vida, desde a família, à escola, ao trabalho, aos tempos livres, à solidão, à dor”.
A Carta Pastoral deixa ainda palavras de reconhecimento aos jovens que “todos os anos e cada vez em maior número” investem no mundo missionário.
“Temos de saber acolher, estimular e multiplicar, e nunca ignorar, esquecer ou reprimir”, afirma a Carta Pastoral.