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BILHETE-POSTAL

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Caro Alfredo,
Hoje, peço-te licença para te contar uma história que, se calhar, de interessante, não tem nada.
Chegou ao meu conhecimento que um casal do Porto, por sinal da minha querida paróquia de Cedofeita, estaria a passar especiais e duras dificuldades.

 

 

Caro Alfredo,

 

Hoje, peço-te licença para te contar uma história que, se calhar, de interessante, não tem nada.

Chegou ao meu conhecimento que um casal do Porto, por sinal da minha querida paróquia de Cedofeita, estaria a passar especiais e duras dificuldades. Procurei ir em seu auxílio, com essas ajudas que a caridade de tantos me faz chegar para valer nessas situações, infelizmente cada vez mais frequentes. Recomendei aqui, como sempre faço, e em nome da verdade, que não me agradecesse, porque eu no caso não passava de um mero intermediário. Pois sim! Logo que recebeu o correio com essa pequena ajuda, telefona, mal se fazendo ouvir por causa da emoção, agradecendo muito e prometendo carta para breve. Pedi por tudo que não escrevesse e até, vê lá o que fui fazer, acrescentei que tinha a vista muito fraca, que tinha dificuldade e que me poupasse a qualquer esforço, por pequeno que fosse. Não valeu de nada. Daí a dias, recebo uma carta, escrita com lágrimas de gratidão, mas com letras de metro, para me não cansar.

Que o Senhor me perdoe este inábil recurso. Afinal, alguma razão tinha o nosso Saramago, que agora mudou totalmente de opinião em tantas e tantas matérias fundamentais da vida daqui e de lá, quando escreveu “Homem Duplo”, essa duplicidade que existe um pouco até dentro dos melhores.

Esta minha atitude não é nada digna de louvor, mas creio que não justificaria um inquérito em parte nenhuma.

 

Muito Amigo

+ Manuel

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12 de Julho de 2010