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Um novo caminho

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Encontrar novos caminhos e novas formas de trabalhar na Igreja. Foi este um dos temas que esteve em cima da mesa no Plenário do Clero de Setúbal que se realizou no Seminário de Almada, no passado dia 7 de Outubro. No início de um novo triénio que vai ser dedicado à Iniciação Cristã, os sacerdotes da diocese reuniram-se com o seu Bispo, D. Gilberto dos Reis, com o objectivo de, antes daquele ter o seu início, definir linhas de acção para concretizar as propostas da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que pretende repensar a pastoral da Igreja em Portugal.

 

 

Escutar o que Deus tem a dizer através do seu Povo e definir uma acção pastoral conjunta para que as pessoas vejam na Igreja um caminho de fé e salvação. É com este objectivo que Setúbal, a par das outras dioceses do país, vai começar a colocar em prática o projecto da CEP: Formação para a missão – Formação na missão. Um desafio deixado pelo Papa Bento XVI que, aquando da visita «Ad Limina», convidou os Bispos Portugueses a olhar para Igreja e a crescer como Igreja.

Ao Notícias de Setúbal, D. Gilberto dos Reis disse que, neste sentido, é importante a existência de uma iniciação cristã à altura do nosso tempo: «O mundo de hoje é um mundo aberto, plural e por isso precisamos de saber quem somos para podermos estar tranquilos no meio do mundo e dialogar com ele. Pareceu-nos, a nós Bispos portugueses, que precisamos de ser uma Igreja que tem consciência de que está no mundo como missão. Não existe para si, existe para servir e para levar o Evangelho».

É assim que nasce o instrumento de trabalho da CEP, Repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal que pretende auscultar a Igreja, o Povo de Deus. Agora, não são só os Bispos e Sacerdotes que são chamados a intervir sobre a pastoral da Igreja, mas também os leigos são chamados a essa colaboração. É um novo método de trabalho, com um estilo dito «sinodal», que é apresentado à Igreja, uma vez que, considera D. Gilberto, «A própria formação deverá ser na missão. Não é formar para a missão, é formar na missão».

 

Ler os sinais dos tempos

 

 «Aquilo que pretendemos é que o Povo de Deus se interrogue sobre os sinais dos tempos. Tu, Povo de Deus, olhando para o mundo, o que é que Deus está a dizer pelo mundo onde vives? Esta situação do mundo onde se vive, será algum grito de Deus, será algum sinal de Deus? Quando os jovens se vão afastando da Igreja, quando surgem movimentos novos e cheios de riqueza, o que quer isto dizer?», disse-nos ainda o Pastor de Setúbal.

Este método de trabalhar vem trazer novas oportunidades à Igreja. Mesmo tendo em conta que muitos cristãos não estão habituados a pensar nestas questões, D. Gilberto considera que este é um processo com «muita pedagogia». «Há muita gente que não está habituada a isto porque tem uma formação cristã frágil mas se eu me habituar a perceber que Deus está no mundo, eu começo a olhar todos os dias para o mundo e a perceber que Deus está a falar comigo, e olho para o mundo não como lugar de desgraça mas como lugar onde Deus está a falar», concluiu.

No Plenário do Clero, aquilo que se pretendeu foi, como diz D. Gilberto dos Reis, «ajudar a que cada padre perceba bem qual vai ser o seu trabalho nesta auscultação do Povo de Deus que está agora a começar, e que depois seja capaz de realizar esse trabalho e ajudar o Povo a fazer essa auscultação e a aferi-la de forma mais alargada».

Para ajudar ao trabalho dos sacerdotes nas paróquias, foram entregues alguns documentos que poderão agora servir de base de estudo, não só pelos Conselhos Pastorais Paroquiais, mas por todos os fiéis que sejam chamados a ajudar nestas questões. Depois da recolha das respostas dadas pelas pessoas, as mesmas são sintetizadas e compiladas para que possam depois ser partilhadas e tratadas a nível nacional.

 

Anabela Sousa

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14 de Outubro de 2010