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Papa convida à redescoberta de Deus

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O Vaticano apresentou na passada semana a segunda Exortação Apostólica de Bento XVI, intitulada «Verbum Domini» (Palavra do Senhor), na qual o Papa convida a Igreja e a sociedade actual à redescoberta de Deus.

  

“Num mundo que, muitas vezes, sente Deus como supérfluo ou estranho, não há maior prioridade do que esta: reabrir ao homem de hoje o acesso a Deus, ao que Deus que fala e comunica o seu amor”, escreve. O Papa defende que a relação com a Bíblia deve levar a um compromisso efectivo para “tornar o mundo mais justo”, denunciando “sem ambiguidades as injustiças” e promovendo “a solidariedade e a igualdade”. “O compromisso pela justiça e a transformação do mundo é constitutivo da evangelização”, refere o documento.

A Palavra de Deus, acrescenta Bento XVI, é também “fonte de reconciliação e de paz”, pelo que as religiões “não podem nunca justificar a intolerância ou as guerras”. “Não se pode usar a violência em nome de Deus”, sustenta. “Todas as religiões deviam impelir para um uso correcto da razão e promover valores éticos que edifiquem a convivência civil”, acrescenta.

Bento XVI exprime “a gratidão da Igreja inteira aos cristãos que não se rendem perante os obstáculos e as perseguições por causa do Evangelho”. “Ao mesmo tempo unimo-nos, com profunda e solidária estima, aos fiéis de todas as comunidades cristãs, particularmente na Ásia e na África, que neste tempo arriscam a vida ou a marginalização social por causa da fé”, prossegue.

Fruto da XII assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2008, a exortação – documento eminentemente catequético – sublinha que a Sagrada Escritura contém resposta às inquietações da sociedade actual. O Papa lamenta que, sobretudo no Ocidente, se divulgue a ideia de que “Deus seja alheio à vida e aos problemas dos homens e que a sua presença pode ser uma ameaça à autonomia” do ser humano.

Para Bento XVI, é essencial “redescobrir a centralidade da Palavra de Deus” na vida de cada crente e na da Igreja, no seu conjunto, falando na “urgência e beleza” de a anunciar para a salvação da humanidade.

Num documento longo, com quase 200 páginas, todos os católicos são chamados a tornar-se mais “familiarizados com as Sagradas Escrituras”, que coloca como fundamento de “qualquer espiritualidade cristã viva e autêntica”. Esta Palavra de Deus, por outro lado, “não se contrapõe ao homem, não mortifica os seus desejos autênticos, mas ilumina-os, purificando-os e levando-os ao seu cumprimento”, indica a exortação.

Para Bento XVI, “só Deus responde à sede que há no coração de cada homem”, pelo que é fundamental para a Igreja “apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem tem de enfrentar na vida quotidiana”.

O Papa lembra que a Igreja “reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade”.

Esse diálogo, no entanto, “não seria fecundo, se não incluísse também um verdadeiro respeito por todas as pessoas, para que possam aderir livremente à sua própria religião”.

A exortação apostólica «Verbum Domini» encontra-se disponível no site do Vaticano em português.

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23 de Novembro de 2010