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Âncoras de Santidade

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Na véspera de Natal faleceu, aos 95 anos, uma santa.
Não que a Igreja a tenha elevado aos altares – pelo menos para já. Não que algum milagre lhe tenha sido atribuído. Trata-se de uma santa para aqueles que a conheceram.

 

Na véspera de Natal faleceu, aos 95 anos, uma santa.

Não que a Igreja a tenha elevado aos altares – pelo menos para já. Não que algum milagre lhe tenha sido atribuído. Trata-se de uma santa para aqueles que a conheceram.

Dedicou meio século de vida à Igreja, cuidando da sua igreja paroquial no silêncio do serviço, no auxílio aos sacerdotes que por lá passaram e na humildade da abnegação ao serviço do Senhor.

Não lhe são conhecidos feitos de vulto, é reconhecida nos pequenos gestos. Na palavra amiga, na preocupação pelo familiar doente ou pelo paroquiano carente.

Na sua vida devota a Nossa Senhora do Bom Sucesso garantia que as velas estavam acesas, que o altar estava cuidado, que as flores estavam bonitas.

O seu traço peculiar era o sorriso, sempre o sorriso para todos, sem excepção. Sem ódios, sem inimizades, sem desgostar de ninguém. Ter para todos um sorriso, e tê-lo sempre, é raro.

Tudo isto torna esta mulher, que Deus chamou a si na véspera do Seu nascimento, uma mulher amada por todos, uma mulher boa, simplesmente boa e devota para quem a eucaristia era uma necessidade diária e a verdadeira força por trás da alegria simples e quente.

Não se procura aqui fazer um panegírico desta santa, ainda que fosse absolutamente merecido. O que importa é que, como lembrou o pároco nas exéquias, com o seu falecimento perde-se na terra uma âncora de santidade, alguém que pelo seu ser manso, caridoso e simples lembrava a todos o que se pode ser e o que se deve ser.

Era um exemplo vivo e presente, ainda que no silêncio dos humildes era exemplo para todos, novos e velhos.

Estes paradigmas, estas referências que nos prendem à bondade, são como que marcos no caminho da santidade que todos devemos almejar percorrer. São referências sem as quais temos mais dificuldade em caminhar, são apoios no nosso caminho.

E é curioso como uma nonagenária com cerca de trinta e cinco quilos, pode apoiar todos nós que nos sentimos tão grandes e fortes, tão sólidos e inabaláveis.

É aqui que reside a santidade desta mulher, no exemplo. E é igualmente com a sua morte, como a de tantas e tantos iguais, que se faz notar a necessidade de encontrar novas referências que demonstrem a todos, mas principalmente aos jovens, como se pode viver a vida, independentemente da idade, do estatuto ou da estatura.

É este um belo pedido para este 2011 que agora começa: Que surjam novas âncoras de santidade, que nós igualmente procuremos ser referências e indicadores de caminho para os nossos irmãos mais novos e que, paulatinamente, substituamos os que Deus merecidamente chama a Si.

 

Rui Pinto Gonçalves

Chefe Regional

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28 de Dezembro de 2010