A propósito dos recentes acontecimentos ocorridos no Egipto e noutros países árabes, os jornalistas têm vindo a elogiar a liberdade e os ventos de mudança, chamando atenção para a intervenção dos jovens, sozinhos ou organizados, bem assim como mostrando a relevância das redes sociais, e da internet em geral, como meio de divulgação das diversas iniciativas.
A propósito dos recentes acontecimentos ocorridos no Egipto e noutros países árabes, os jornalistas têm vindo a elogiar a liberdade e os ventos de mudança, chamando atenção para a intervenção dos jovens, sozinhos ou organizados, bem assim como mostrando a relevância das redes sociais, e da internet em geral, como meio de divulgação das diversas iniciativas.
Para todos aqueles que trabalham com jovens e para todos aqueles que, não trabalhando, têm vindo a chamar a atenção para a incapacidade da nova geração, importa parar um pouco e reflectir no momento em que estamos e na forma como tudo se desenvolve.
O primeiro pensamento vai para as lições da História.
A Juventude sempre desempenhou um papel preponderante nos momentos de viragem. Por vezes parece adormecida mas de um momento para o outro, sem se saber muito bem como ou porquê, recusa-se a manter-se morna e reage e quando o faz as coisas mudam.
Não é preciso fazer grandes buscas no sótão da História para recordarmos exemplos, que não se qualificam mas que são factuais.
Os muscadins da Revolução Francesa (combatendo os jacobinos) a participação nas posteriores revoluções de 1830 e 1848, as irmandades estudantis como a Burschenschaften na Alemanha do século XIX, as massas de apoio juvenil-estudantil a movimentos nazi-fascistas no primeiro terço do século XX, a revolta estudantil da Argentina da primeira década do século XX, e evidentemente as revoltas juvenis da década de 1960, com maior expressão na revolta estudantil de Maio de 68 são alguns dos muitos movimentos e acções que revelam quão importantes podem ser as dinâmicas juvenis.
E estas são dinâmicas conhecidas, muitas outras abalaram regimes ou decisões e não são divulgadas ou de tanto divulgadas são esquecidas: na América do Sul, nos países árabes, ou mesmo na China (Tianamen foi feita com jovens). Também em África o Apartheid terminou pela força da juventude e a Palestina vive da força dos jovens que recusam abandonar a Intifada e agora todo a Tunísia e com ela todo o Magreb, o Egipto, o Yemen e veremos que outros se seguem, submetem-se às massas jovens.
A grande novidade dos nossos tempos, e que facilita as dinâmicas, é a existência da Internet, particularmente das redes sociais, bem assim como, de telemóveis, de SMS e de outros meios tecnológicos que fazem com que uma ideia se espalhe de forma imediata por milhões de utilizadores e que se organizam com enorme facilidade.
Por vezes não se percebe muito bem o que as massas pretendem.
Grita-se agora por Liberdade, que por vezes se confunde com Anarquia ou ausência de regras, mas seja qual for o motivo (e ainda que não haja motivo) certo é que a história é inequívoca: a Juventude não pode ser subestimada e todos os que o fizeram deram-se mal. Que o digam Bem Ali ou Mubarak e que o digam muitos outros antes e depois destes.
A força da juventude é imensa e temível. Se bem aproveitada pode ser fonte de bem e de alegria, se mal orientada pode ajudar a consolidar ideologias perigosas e terríveis.
É altura de termos resposta igual da Juventude Católica. É altura de fazer revolução e de demonstrar que há muitos que acreditam na essencialidade dos valores cristãos, na força da mensagem cristã e que há muitos que querem ir contra corrente.
As jornadas da juventude de Madrid são um excelente ponto de partida para que a Juventude dê a pedrada que se espera no charco em que às vezes parece gostar de viver, são oportunidades como estas que, se perdidas, podem fazer perder gerações.
Rui Pinto Gonçalves
Chefe Regional