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Nos 10 anos do Notícias de Setúbal

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Foi numa manhã meio chuvosa, há dez anos atrás, que lhe vi a «cara» pela primeira vez, depois de a rotativa da Tipografia Rápida de Setúbal o «dar à luz», ali bem ao lado da nossa Sé. Devo ter sorrido muito – pelo menos estava muito feliz – e todos à minha volta sorriram comigo: por entre o cheiro da tinta fresca, as bobines de papel e as mãos de todos os que o fizeram, nascia o «Notícias de Setúbal».

 

 

Não gosto de escrever editoriais: com tanta gente de opinião bem mais fácil, acho que a minha é perfeitamente dispensável. E também sou jornalista, daqueles da velha guarda que ainda acreditam que os factos é que importam e que por isso detestam meter verbo próprio nas próprias páginas. Mas hoje é um dia grande, pelo que, por dever de ofício, o faço. Perdoarão todos, por isso, o tom muito pessoal, talvez a roçar o piegas…

Foi numa manhã meio chuvosa, há dez anos atrás, que lhe vi a «cara» pela primeira vez, depois de a rotativa da Tipografia Rápida de Setúbal o «dar à luz», ali bem ao lado da nossa Sé. Devo ter sorrido muito – pelo menos estava muito feliz – e todos à minha volta sorriram comigo: por entre o cheiro da tinta fresca, as bobines de papel e as mãos de todos os que o fizeram, nascia o «Notícias de Setúbal».

Nada apaga da minha memória o misto de júbilo e receio quando o vi, pela primeira vez, prontinho a ser distribuído: júbilo porque existia finalmente um jornal diocesano, quebrando um tabu de muitos anos; receio porque os meios com que o fazíamos eram – tal como hoje – frágeis e exíguos. Tantas questões me bailavam na cabeça… Como seria a aceitação? Como não defraudar expectativas? E como fazer um jornal profissional, que falasse e fosse de Igreja, mas sem cheiro a bafio e a cera velha (leia-se opinião a mais e textos devotos)? Como, com as nossas possibilidades?

As peripécias dos começos não têm fim: a nossa primeira redacção foi – literalmente – uma cozinha, porque o chão do resto da casa tinha de ser mudado e estava completamente impróprio para consumo. Uma secretária num canto, outra quase dentro da chaminé, e o arquivo num armário ali ao lado. Hoje tem graça, mas na altura tinha sobretudo frio… Naquela ditosa casa da Rua Batalha do Viso, onde tinha nascido e crescido o Seminário Diocesano de Setúbal, nascia agora e crescia o seu jornal.

Como esquecer a morte do Beato João Paulo II (que jornal chorado, meu Deus!) e a eleição de Bento XVI, mesmo em dia de fecho de edição?

Como não recordar as igrejas dedicadas nesta década e as ordenações dos nossos padres? Como seria possível não nos ficarem marcados todos os dramas humanos que acompanhámos, e as iniciativas que foram encontro a esses dramas?

Passou tudo tão rápido! Dez anos! Tanta vida e tanta esperança por estas páginas, e tanta saudade que volta cada vez que se folheia o passado que nelas ficou gravado! Tantos rostos que já partiram para o Pai, tantos dramas desfiados, cá dentro, lá fora…

Aqui há dias perguntavam-me se ainda me entusiasmo com cada edição que se publica. Muito sinceramente, sim, embora confesse que, por vezes, sobretudo quando tudo corre mal (e às vezes corre) me apetecesse muito que fosse Agosto: atrasos nos textos, internet sem funcionar, rotativa avariada, gripes e outras maleitas, computador «pifado», fotos tremidas, madrugadas perdidas… Mas também há coisas impagáveis: as «gralhas» mais tolas, os mal-entendidos mais esquisitos, a simpatia de gente que de vez em quando telefona simplesmente para perguntar como estamos…

Não somos um jornal perfeito, longe disso, mas temos todos plena consciência que até fazemos um belo serviço, com os meios que temos. Claro que há sempre uns quantos embirrentos para quem o jornal só é bom quando mete uma fotografia sua em cada página ou tece louvores admiráveis às suas obras, mas isso não nos incomoda demasiado! Quanto a todos os outros, a todos os nossos leitores e irmãos diocesanos, muito obrigado pela vossa amizade ao longo destes dez anos, por todas as sugestões e críticas justas, por toda a boa vontade em nos fazerem também um pouco vossos.

E visto que estamos em matéria de agradecimentos, é justo que também agora lembre algumas pessoas incontornáveis na vida deste jornal: o Sr. Alberto Rosas, o Sr. Gonçalves, o Joaquim Ramos e a Vera Cardoso, que em boa parte da nossa existência trabalharam afincadamente nesta casa. Devo lembrar também a Tipografia Rápida, sobretudo a Sandra, a Lena e o Sr. Elvino, seus afincados colaboradores e bons amigos. Seria injusto esquecer o sr. D. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra, pelas muitas palavras de incentivo ao longo destes anos, e o nosso primeiro bispo, D. Manuel, que fielmente nos acompanha e ilumina as nossas páginas com a sua sabedoria. Ao Sr. D. Gilberto um agradecimento muito especial pela largamente imerecida confiança no director e na sua equipa, e pelos estímulos e amizade.

Quero agradecer também à actual equipa de redacção e colaboradores: ao Bruno Leite, à Anabela Sousa, aos Padres Sílvio Couto e Manuel Soares, ao Rui Pinto Gonçalves e ao João Costa. Também uma palavra de grande respeito ao Miguel Delgado, nosso paginador desde o primeiro número, e à Drª Fernanda Peralta, que há dez anos tem a seu cargo as dores de cabeça, isto é, as finanças…

O último e principal agradecimento vai para Nosso Senhor, para cujo Reino nasceu este jornal, e que nos tem dado força para o fazermos ao longo de uma década, pedindo-Lhe que nos ajude a servir cada vez melhor.

 

P. Francisco Mendes

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26 de Novembro de 2011