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Aumentam os pedidos de ajuda

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Com a crise instalada em Portugal as dificuldades das famílias são cada vez maiores. Os pedidos de ajuda não param de aumentar e existem pessoas a passar fome. Com uma acção social organizada e a funcionar em parceria, é a Igreja que muitas vezes vai em auxílio destas pessoas. Foi no Feijó que testemunhámos a colaboração entre o Centro Comunitário e a Conferência Vicentina.

São mais de quinhentas as famílias sinalizadas pelo Centro Comunitário de Promoção Social de Laranjeiro/Feijó e que estão a precisar de ajuda mas, a cada de dia que passa, a procura aumenta. De acordo com Gabriela Delgado, assistente social do Centro Comunitário de Promoção Social de Laranjeiro/Feijó, a situações que as pessoas apresentam são cada vez mais urgentes.

«Os nossos serviços têm tido grande procura. Só no mês de Outubro surgiram dez situações novas. Eu só faço atendimento de quinze em quinze dias mas cada vez mais as pessoas pressionam para serem atendidas fora dos dias destinados ao atendimento, alegando ser uma situação urgente e que não podem esperar», diz Gabriela Delgado.

De acordo com aquela responsável, estas situações urgentes estão, sobretudo, relacionadas com alimentação e habitação, e na maior parte das vezes ligadas a desemprego. «São famílias em idade activa que de um dia para o outro ficaram sem os seus rendimentos», refere.

Para fazer face ao aumento da procura de ajuda, e porque tem que existir resposta quando as pessoas procuram, o Centro Comunitário viu-se obrigado a contratar outra assistente social. «Devido ao aumento do número de famílias a pedir ajuda, o Centro, sem qualquer apoio da Segurança Social, tem estado a assegurar uma outra técnica», afirma Gabriela Delgado.

 

Trabalho em parceria

 

Apoio fundamental para algumas respostas sociais por parte do Centro Comunitário, uma vez que não existe qualquer outro apoio sem ser o da Segurança Social, é a acção da Conferência São Vicente de Paulo, que funciona há vinte e seis anos no Feijó.

«A nossa ligação com os Vicentinos funciona, sobretudo, ao nível da alimentação. Também nos têm apoiado a outros níveis. Temos feito um trabalho em conjunto e, consoante a disponibilidade económica dos Vicentinos, já houve situações em que ajudámos em grandes emergências», indica a técnica.

Carlota Martins, responsável da Conferência Vicentina no Feijó, explicou-nos como funciona o apoio alimentar. Sem apoios de qualquer instituição, é a comunidade que, sensível às situações de pobreza, ajuda nos donativos e angariações de fundos, não só de dinheiro mas também de bens alimentares. Para além disso, a Junta de Freguesia do Feijó, na época natalícia, dá também uma pequena ajuda. 

Ainda assim, apesar de todas as acções desenvolvidas, muitas vezes os alimentos não chegam, nem correspondem às necessidades totais das noventa famílias, cerca de duzentas e cinquenta pessoas, que os Vicentinos ajudam. «É apenas um pequeno apoio – comenta Carlota Martins – e nem sequer distribuímos carne, peixe ou fruta porque não temos dinheiro para isso. Se surge algum donativo desse género, a prioridade são sempre as famílias com crianças».

A triagem das famílias que precisam de apoio alimentar é feita através de uma entrevista pessoal. «As pessoas procuram-nos e nós fazemos a avaliação. Por vezes não é fácil e, a nível pessoal, custa-me muito. As pessoas vêm falar comigo envergonhadas e sou eu que tenho que perguntar ‘mas passa fome?’ e às vezes também temos sinais que aprendemos a ler com o tempo e porque Alguém nos ilumina», assegura Carlota.

 

Reinventar respostas

 

Quer da parte do Centro Comunitário, quer da parte da Conferência Vicentina, o apoio às famílias carenciadas pretende ser temporário e ajudar à autonomia dos utentes. Face à crise actual, o carácter temporário da ajuda tem-se estendido por um período maior que o expectável.

«Com tanta procura, temos que fazer uma boa gestão dos recursos e reinventar respostas e formas de ajudar», diz Gabriela Delgado. A mesma opinião é partilhada por Carlota Martins que acrescenta: «Muitas vezes saio daqui com o coração apertado porque queríamos chegar mais longe e por vezes não é possível». No entanto, e apesar de existir algum receio do futuro, estas duas responsáveis confiam na providência de Deus. «Quando precisamos de alguma coisa, de uma forma ou de outra, acaba por aparecer», afirma Carlota, sorridente.

 

Anabela Sousa

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28 de Novembro de 2011