Caro Alfredo,
Aqui há dias, pediram-me um olhar sobre a criança e o meu coração sensível ditou-me estes dois quadros:
Caro Alfredo,
Aqui há dias, pediram-me um olhar sobre a criança e o meu coração sensível ditou-me estes dois quadros:
1. Uma criança é um tesouro que nunca estará suficientemente descoberto, nem, descoberto, suficientemente explorado.
Paramo-nos logo na concepção e que mundo divino de maravilha ali acontece!
Acompanhamos a gestação e os milagres que nela e por ela se vão sucedendo despertarão um sentimento de espanto.
Imaginamos o parto que acontece com pormenores que a própria Ciência tem, muitas vezes, dificuldade em explicar e apetece-nos cantar o mundo novo que surgiu.
Como é então possível que tanto se brinque com este mistério? Como é possível que tanto se profane esta manifestação clamorosa do amor de Deus? Como é possível que sejamos capazes de comprometer a própria História com a má recepção a este novo mensageiro e actor?
2. Ainda com os olhos neste quadro, sinto-me também impelido a ajoelhar e chorar por:
• Crianças que não deixamos nascer:
• Crianças filhas do acaso;
• Crianças geradas sem cuidado e sem amor;
• Crianças nascidas sem ninguém que as espere;
• Crianças atiradas ao lixo;
• Crianças roubadas;
• Crianças abusadas no trabalho e na inocência;
• Crianças sem pai, sem mãe, sem família;
• Crianças que nunca deixamos que sejam crianças;
• Crianças com armas na mão, empurradas para o ódio e para o sangue.
Vem-me agora à mente que estes dois quadros podem ser fundo de uma meditação de Natal.
Mt.º Ded.º
+ Manuel