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Não é preciso sublinhar a relevância do desporto para uma vida sadia quer física e corporal quer mental e psicológica

Não é preciso sublinhar a relevância do desporto para uma vida sadia quer física e corporal quer mental e psicológica. É reconhecida a importância da prática do exercício físico em competição com parceiros ou consigo mesmo no sentido de obter sempre melhor resultado em rapidez, força, destreza, fôlego, inteligência ou qualquer outro aspecto das capacidades humanas. Este esforço do atleta em se suplantar a si mesmo ou suplantar os outros é estimulante para uma maior perfeição, um desenvolvimento sempre maior das suas aptidões humanas. Pode este exercício continuado ter influência positiva no bom funcionamento dos músculos, nervos e órgãos do corpo como também num equilíbrio mental e emocional sem inibições. Neste sentido o desporto é altamente útil e merece uma forte recomendação a todos para a sua prática.
Gostaria de terminar aqui o artigo, assinar e ir-me embora contente com estas frases já sabidas e bem batidas. Mas infelizmente há mais a dizer. O desporto pode também “virar” estúpido, violento, falso, exagerado, cego, patológico, provocador de ódios, de exploração dos sentimentos mais baixos. Então o desporto torna-se destruidor, inseguro, mafioso, doentio. Quando os soldados se postam frente a frente para combater, eles dispõem-se a correr para a morte, sua própria e alheia, mas ao menos querem defender uma honra, um patriotismo, uma liberdade. No desporto não é assim. Se se tomam armas destruidoras, quaisquer que elas sejam, como objectos de arremesso, provocações, incitamentos à violência, gritos de ódio, desrespeitos e zombarias baixas, por vezes até cacetes, foguetões ou armas de fogo, então o desporto é um sinal de morte. Se no desporto o que domina é o negócio, a exploração do homem pela falcatrua e pela sua debilidade emocional, se a finança desportiva é abusivamente isenta de deveres gerais que todos os cidadãos têm de suportar, se os desportistas perdem a sua dignidade humana quer quando se aplicam a esforços desumanos ou artificialmente pretendem aumentar os seus rendimentos nas provas, se a batota engana a verdade, a virtude e o merecimento, se a violência e o ódio suplantam a amizade e a união desportiva, então o desporto é contra o homem, é uma mentira, é um contra-senso, é uma manifestação da miséria humana. Como aconteceu no Egipto, como acontece correntemente na América do Sul, como acontece na alta competição, como se sabe que acontece na alta finança desportiva, então não vale a pena mais desporto, acabe-se com ele, para se lhe chamar joguete, negociata, batalha campal, delinquência ou estupidez coletiva.

P. Manuel Soares

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14 de Fevereiro de 2012