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BILHETE-POSTAL

dom manuel

Caro Alfredo,
Logo que te conheci, concluí com alegria que gostavas de saber tudo, adivinhar a razão das coisas e andar a par daquilo que ia acontecendo no teu mundo e no mundo todo. O tipo de doença que te afectava não te permitia ler muito, mas nunca estavas sem um livro junto de ti.

Caro Alfredo,
Logo que te conheci, concluí com alegria que gostavas de saber tudo, adivinhar a razão das coisas e andar a par daquilo que ia acontecendo no teu mundo e no mundo todo. O tipo de doença que te afectava não te permitia ler muito, mas nunca estavas sem um livro junto de ti.
Vai-se ouvindo dizer por aí que hoje se lê pouco e que esse pouco ainda se tornou mais pouco por causa das ditas redes sociais que vão tomando (feliz ou infelizmente?) conta das nossas praças. Todavia, o livro é sempre o livro. Está ali, à minha frente ou a meu lado, e sempre disposto a ser o meu melhor companheiro. Eu repito mil vezes, sobretudo a jovens e até amigos sacerdotes que nunca se esqueçam do livro, que tragam sempre um livro à mão ou na sua bagagem.
O que acabo de escrever, se calhar não tem nada a ver com o assunto da conversa de hoje. Tu o verás. Tu o dirás.
Tomei em mão um livro que me faz companhia com muitíssimos outros há muitos anos com este lindo e estimulador título: “O Deus das Pequenas Coisas”. Deixo de lado os conteúdos que, embora ricos, não andam pelos sítios que o título pode insinuar.
Pois a autora, várias vezes premiada, a seguir ao espaço quase corrente dos agradecimentos, dedica o livro auma amiga «que me ensinou a dizer Desculpe…».
Nos meus tempos de estudante, tínhamos uma aula de comportamentos sociais e ainda lembro os títulos dos livros que nos punham nas mãos: “Compêndio de Civilidade” e “Livro das Boas Maneiras”. Quase me convenço que responsáveis e jovens do nosso tempo, ao serem disto informados, julgariam que estava a reportar-me à Idade da Pedra.
Se fosse tomar nota das incorrecções e faltas elementares de educação que observo em todo o lado e com tantas faltas de modos, não me chegaria o papel.
Vejo tanta gente zangada a pretexto de currículos escolares e nunca vi ninguém interessado por esta área tão importante que até ajuda a construir a pessoa.
Este simples Desculpe pode ser lembrança e pode ser compêndio.
Que saudades dos tempos da boa educação!

Mt.º Ded.º
+ Manuel

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23 de Fevereiro de 2012