Caro Alfredo,
Nos meus belos tempos de pároco de Cedofeita conduzia um programa semanal de rádio a que dava o nome de “Conversas Soltas”. Para ele trazia os assuntos mais variados relacionados com a Igreja, com o mundo, com Portugal, com a paróquia.
Reparo que neste meu Bilhete-Postal começo a seguir o mesmo caminho, que pode trazer consigo algumas vantagens. Também hoje vou por aí.
• Há três ou quatro semanas caiu um miúdo de um 9.º andar, sofrendo quase só um ligeiro traumatismo craniano que o deixou inconsciente. Ao fim do 4.º dia, acordou e sabes qual foi a primeira palavra que pronunciou? – Mãe! Lá diz o nosso povo: “a Mãe é tudo”. Sim, é tudo: presença, solicitude, preocupação, carinho, ajuda. A Mãe é compreensão, é responsabilidade, é sorriso, é amor. Tiremos a Mãe da nossa casa e que fica senão tristeza, frieza, saudade, vontade de não estar, olhos perdidos no passado, perda de projecto, morte de sonhos, quebra de laços. Porque a Mãe enche a casa com o seu encanto, com a sua omnipresença, com a sua capacidade de adivinhar, prever e prevenir, acautelar, ajudar, enxugar lágrimas, cobrir vazios, encorajar. A Mãe ama. A Mãe é amor e o amor é tudo. Bendita sejas, ó Mãe!
• Também aos meninos e meninas das revistas cor-de-rosa, se costuma perguntar se acreditam em 1Deus. Que sim; que não; que às vezes; que é assunto em que não pensam. Parece-me ver nas pessoas entrevistadas uma clara vergonha de Deus. Nós temos vergonha de Deus. Nós, em todos os quadrantes. Por vezes, não obstante a melhor formação, o mais consciente percurso e até compromissos na área da missão.
Que Deus não tenha vergonha de nós!
• Um frio glaciar assentou arraiais na Europa (já centenas de vitimas!) e também entre nós.
Vejo que por aqui e por além se procuram lugares de abrigo para esses tantos e tantos que vivem nas ruas. Ainda não vi uma Comunidade cristã ceder algum dos seus espaços a estes nossos irmãos. Eles sujam? – Pois sujam. Eles estragam? – Pois estragam. Eles incomodam? – Pois incomodam.
Mas, eles são Ele. E aqui está tudo. Também “A Caridade na verdade”.
Mt.º Ded.º
+ Manuel