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Uma vida dedicada à Palavra

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O Padre José Vicente Martins completou 91 anos no passado dia 1 de Abril, Domingo de Ramos. Natural de Cabril, Pampilhosa da Serra, teve uma infância católica. Por influência de dois Jesuítas, entrou com 13 anos para o Seminário e, mais tarde, para o Noviciado da Companhia de Jesus, em Guimarães. Seguiram-se os Cursos de Humanidades, Ciências e Filosofia.

Lecionou em Santo Tirso, mas a sua ideia era partir em missão, como ele próprio conta: «queria ser missionário na Índia, no tempo de noviciado, decorria a preparação da canonização de São João de Brito, martirizado neste país. Havia uma enorme devoção a este santo e eu trabalhei na preparação de elementos para a sua canonização».
Não partiu para a Índia, mas para África, onde esteve por duas vezes: antes e depois de ser ordenado Sacerdote. Esteve em Moçambique, na Missão de Boroma (Zambeze – Tete) onde continuou a lecionar na escola da Missão. Depois de ser ordenado, foi o Superior desta Missão. «Um Superior de uma Missão tem muito que criar e trabalhar. E ainda bem. Os nativos de lá são muito abertos à Palavra de Deus. Tinha que dar atenção às aulas e a muitas obras, porque a missão estava em ruínas, tive que ser engenheiro, arquiteto, eletricista» explicou.
Fluente em inglês, depois da sua passagem pela Universidade de Oxford, onde terminou a sua formação em Teologia, depois dos dois anos em Espanha, na Universidade de Granada, foi chamado para a Rodésia do Sul, onde trabalhou como Assistente dos Portugueses aí residentes em trabalho.
Regressou a Moçambique, mas, por motivos de saúde, em 1962, voltou a Portugal, onde passou por diversas paróquias.

Recuperar valores

Questionado sobre o modo como podemos tornar Deus mais presente no mundo, o Padre Vicente constata: «é preciso recuperar valores que se perderam. Hoje, para uma pessoa se afirmar como cristã é preciso coragem. É a eficácia da Palavra de Deus que salva. Infelizmente, vigora a procura do imediato, uma cultura consumista». Perante esta crise de valores, o Padre Vicente acrescenta: «temos que ter esperança na Palavra de Jesus Cristo, virão dias em que haverá uma só Igreja e um só Pastor. Temos que “lutar” por isso, fazer sacrifícios e oração».
Aos jovens que desejam ser sacerdotes, o Padre Vicente deixa uma palavra de apoio «há sempre uma luta interior, até por medo, o receio de não se ser capaz. Lembro-me que era muito tímido e pensava que não ia conseguir, porque tinha vergonha de falar em público. Afinal, nunca tive essa dificuldade. Começava, tinha era dificuldade em terminar» (risos).
Aos jovens, que querem ser missionários, aconselha a que «não tenham medo, pensem bem e vão com entusiasmo. Falem com alguém que já tenha tido essa experiência», relembrando, também, que «podemos ser missionários na nossa própria terra, devemos dar o exemplo aos outros. A nossa palavra deve ser a Palavra de Deus. Levar uma vida de equilíbrio, de verdade e de sacrifício, sermos fiéis a Deus. Viver a Palavra, sentir a Palavra e amar a Palavra».
Devido a graves motivos de saúde, teve que deixar de ser pároco da Igreja de Cristo Rei, no Pragal, mas como homem que nunca desiste, o Padre José Vicente que, entretanto, veio residir para o Laranjeiro, contactou o Padre José Pinheiro, da Paróquia de Miratejo/Laranjeiro, que o acolheu de braços abertos e, desde então, tem ajudado esta paróquia em tudo o que lhe é possível, desde estar presente na Eucaristia até ao auxílio nas confissões.

Maria Lanita

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03 de Abril de 2012