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BILHETE-POSTAL

dom manuel

Caro Alfredo,
Por onde anda Portugal? É mais que verdade que a fome não para na sua marcha inclemente e provocatória, batendo a todas as portas.

Caro Alfredo,

Por onde anda Portugal? É mais que verdade que a fome não para na sua marcha inclemente e provocatória, batendo a todas as portas. A todas, não, mas às de pinho apodrecido ou a apodrecer. Até quando? – As previsões não são nada fagueiras. Vamos matando muita dessa fome, são diversas as iniciativas sem número com esse objectivo. Todavia, não chega dar – que dar é preciso – é urgente DIZER. João Paulo II incomodava-se muito com os nossos silêncios, devidos a falsos medos e a demasiada prudência. Vamos prendendo a Palavra de Deus e depois vem o silêncio. A missão profética da Igreja é tão importante como a litúrgica ou a de serviço.
Então, vamos tomar consciência da grave situação, vamos deixar-nos tocar pela compaixão, mas também e sobretudo querer mudar tudo isto, atacando razões.
A casa onde nasci e onde vivo conta cerca de 90 anos. Meus pais construíram-na com muitos sacrifícios e com algumas ajudas. E já de idade avançada, quantas vezes os ouvi perguntarem-se: quando morrermos, que acontecerá à nossa casinha?… É que cada pedra tinha e tem a marca do seu sangue.
Pois os meus, casa construída, ficaram a dever oito contos a um vizinho, com juros de 8% ao ano. Uma fortuna na vida de um pobre honrado.
Pois um dia, sem forças para continuar devedor, o nosso pai convoca-nos a tempo para um importante encontro familiar e pergunta-nos com solenidade e carinho se estávamos dispostos a renunciar a qualquer despesa durante o novo ano que se preparava para começar. Chocados pelo gesto humilde de nosso santo pai, dissemos logo que sim. E a dívida pagou-se. E a nossa vida mudou-se.
Valeria a pena pegar num megafone e anunciar este acontecimento a Portugal inteiro.

Mt.º Ded.º
+ Manuel

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12 de Junho de 2012