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Os chorões

CNE

É frequente ir receber Promessas de Dirigentes e eles (verdade seja dita, sobretudo elas) se emocionarem durante a Promessa, ou imediatamente após a Promessa, muitas vezes no momento de cumprimentarem os novos dirigentes. Brincamos, chamando chorões a estes novos Dirigentes. Mas é interessante entender estas lágrimas e estas emoções.

Há, obviamente, em primeiro lugar, um sentido de meta. A Promessa de Dirigente assinala a conclusão de um período de formação que pode demorar até três anos. São sessões presenciais, acampamentos, estágios, portefólios de avaliação, relatórios e avaliações… O dia da Promessa é o dia em que se concretiza um momento que foi também meta no percurso formativo.
Dizia-me uma recém-dirigente que, após ler as palavras do ritual da Promessa, sabia que não seria possível não se comover. Ao fazerem a sua promessa, os dirigentes afirmam saber que se espera que assumam e vivam a Lei e os Princípios do Escutismo; que se entreguem dedicadamente aos jovens; que estejam firmemente convencidos do valor do CNE para a formação cristã dos jovens; que estejam dispostos a empenhar-se na sua própria formação cristã e escutista; que deem testemunho de vida de fé e de espírito de serviço, segundo o Evangelho de Jesus Cristo; que procurem agir com firmeza, perseverança, prudência e caridade; e que ocupem o seu lugar de apóstolos na comunidade cristã a que pertencem. Cada um destes pressupostos da missão de dirigente do CNE é pesado e exigente. Afirmar cada uma destas frases, em consciência, é envolver-se de forma muito profunda com uma missão educativa clara. O Dirigente promete abraçar uma missão que envolve configurar-se com Cristo, para uma entrega dedicada à juventude.
Esta entrega plena é emocionalmente exigente e explica alguma sensibilidade de quem faz uma promessa em consciência.
Ser dirigente do Corpo Nacional de Escutas é trabalhoso e envolvente. A experiência de acompanhar jovens em campo em missão educativa é das mais gratificantes e, ao mesmo tempo, absolutamente avassaladora. O adulto não pode, subitamente, desligar e esquecer que aqueles jovens lhe estão confiados. O propósito educativo convida-nos a que cada momento vivido em atividade seja de qualidade. Para o desenvolvimento de uma atividade, os dirigentes preparam-se, constroem jogos, reúnem durante a semana. O chefe de lobitos passa a noite em claro por causa dos que têm medo do escuro. O chefe de clã está disponível a meio da noite para orientar o caminheiro que se sente ansioso com as suas escolhas no ensino superior ou que quer confiar dúvidas de Fé que ainda não se sente preparado para discutir em casa. Este envolvimento com os jovens, esta disponibilidade que é necessária para o sucesso do nosso projeto educativo faz com que a relação dos adultos com este movimento seja, por vezes, muito emotiva e explica que, em momentos de alegria, as lágrimas saltem.
Em muitos casos, nós, adultos, no momento da nossa Promessa, sentimos a dívida de gratidão para com os nossos agrupamentos. Sabemos que muitas características daquilo que somos se devem ao que recebemos dos que foram nossos dirigentes e, ao nos comprometermos com o CNE, tomamos uma mais clara consciência desse facto.
De cada vez que vou a um agrupamento receber uma Promessa de Dirigente, sinto que me é dada a oportunidade de renovar e reviver a minha Promessa. Aproveito estas oportunidades para me questionar e avaliar sobre a minha adequação às funções de Dirigente e para me lembrar daquilo que se espera de mim: um contributo ativo para educação cristã dos jovens.
Geralmente brinco com os chorões, gozando um pouco com as suas emoções à flor da pele, mas sei que as lágrimas que vertem são sinceras e só fazem sentido como expressão de um compromisso bem assumido. São lágrimas de alegria.
Sei que as lágrimas dos chorões são a certeza de um trabalho que se fará forte e convicto. Em cada Promessa de Dirigente na nossa Diocese, abre-se um caminho de esperança para o CNE. Estamos a investir na formação cristã dos adultos, para que o trabalho junto dos jovens fique mais sólido. Se for este o caso, o resultado destas lágrimas serão a alegria do crescimento dos escuteiros mais jovens, que serão, de facto, educados para a Vida.

João Costa (Chefe Regional)

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03 de Julho de 2012