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Bento XVI pede aposta no diálogo cultural com novas linguagens

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Bento XVI afirmou no passado Domingo, no Vaticano, que a Igreja tem de apostar no diálogo cultural e no testemunho pessoal de fé para promover uma ação de nova evangelização nos cinco continentes. “Para além dos métodos tradicionais de pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade”, disse, durante a homilia da missa conclusiva do Sínodo dos Bispos, na Basílica de São Pedro.

A XIII assembleia geral ordinária do Sínodo, organismo consultivo criado por Paulo VI em 1965, teve como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorreu desde o dia 7 de Outubro, no Vaticano.
Num balanço dos trabalhos, que contaram com a presença de especialistas e observadores convidados, o Papa sublinhou que a globalização provocou “um notável deslocamento de populações”, pelo que se impõe “a necessidade do primeiro anúncio também nos países de antiga evangelização”.
Segundo Bento XVI, a Igreja já encetou, em várias partes do mundo, um “caminho de criatividade pastoral para se aproximar das pessoas afastadas ou à procura do sentido da vida, da felicidade e, em última instância, de Deus”. “Todos os homens têm o direito de conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho; a isso corresponde o dever dos cristãos – de todos os cristãos: sacerdotes, religiosos e leigos – de anunciarem a Boa Nova”, prosseguiu.
O Papa apresentou uma reflexão a partir do episódio evangélico da cura de um cego, Bartimeu, que “representa o homem que tem necessidade da luz de Deus – a luz da fé – para conhecer verdadeiramente a realidade e caminhar pela estrada da vida”. “Condição essencial é reconhecer-se cego, necessitado desta luz; caso contrário, permanece-se cego para sempre”, alertou.
Bento XVI reforçou a ideia de que a nova evangelização “diz respeito a toda a vida da Igreja”, antes de sublinhar algumas “linhas pastorais” que emergiram do Sínodo.
A primeira referiu-se à “necessidade de acompanhar, com uma catequese adequada, a preparação para o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia”.
Em segundo lugar, o Papa destacou o “dever de evangelizar, de anunciar a mensagem da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo”.
Um terceiro aspeto sublinhado por Bento XVI diz respeito às “pessoas batizadas que não vivem as exigências do Batismo”, especialmente nos países “mais secularizados”. “A Igreja dedica-lhes uma atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo, redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na comunidade dos fiéis”, acrescentou.

Ventos contrários

Já antes, na clausura do Sínodo, o Papa afirmava que “Ainda que a Igreja sinta ventos contrários, ainda se sente sobretudo o vento do Espírito Santo, que nos ajuda e mostra o rumo correto. Assim, com novo entusiasmo, estamos a caminho e agradecemos ao Senhor porque nos deu este encontro verdadeiramente católico”.
O Papa confessou ter sido “verdadeiramente edificante, consolador e encorajador” poder ter visto, neste encontro, “o espelho da Igreja universal, com os seus sofrimentos, ameaças, perigos e alegrias, experiências da presença do Senhor, também em situações difíceis”.

Após a XXII e última reunião geral, o Papa anunciou que decidiu promover algumas mudanças na estrutura da Cúria Romana, transferindo as competências sobre os seminários para a Congregação para o Clero e as da catequese para o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
Bento XVI explicou ainda que o anúncio de um novo consistório, marcado para 24 de novembro, para a criação de seis cardeais não europeus foi pensado como um símbolo da “universalidade da Igreja”. “A Igreja é Igreja de todos os povos, fala em todas as línguas”, acrescentou.
Segundo o Papa, após quase três semanas de trabalhos no Sínodo, foi possível ver como essa Igreja “cresce hoje, vive”, dando como exemplo os testemunhos sobre a fé no Camboja ou na Noruega, entre outros. “Também hoje, onde não se esperava, o Senhor está presente, com poder, e atua também através do nosso trabalho e das nossas reflexões”, acrescentou. Bento XVI agradeceu a presença dos bispos, convidados e peritos presentes nesta assembleia, “com testemunhos que muitas vezes foram verdadeiramente comoventes”. “Sabemos que todos queremos anunciar Cristo e o seu Evangelho e combater, neste tempo difícil, pela presença da verdade de Cristo e pelo seu anúncio”, prosseguiu.
O Papa recebeu o conjunto de propostas do Sínodo, que considerou “um testamento, um dom” dos 260 participantes – um número recorde no qual se incluem D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego, em representação da Conferência Episcopal Portuguesa.

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05 de Novembro de 2012