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BILHETE-POSTAL

dmanuel martins

Apontamento semanal de D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal

Caro Alfredo,

Estamos em tempo de Quaresma, durante o qual somos especialmente chamados à reflexão. Deixa-me que pare um pouco a pensar contigo diante de quatro quadros:
1.º – Lembras-te, certamente, do que diziam a respeito de Jesus os seus conterrâneos: “nunca ninguém falou assim”; a fama do que fazia e dizia espalhava-se por todo o lado; “passou, fazendo o bem”; “bendito o que vem em nome do Senhor”. E depois? Depois, Sexta-feira Santa. Crucificado, entre impropérios no monte Calvário. A Igreja tem a sorte de Jesus. Não é verdade que a Igreja é Cristo continuado? Também ela através dos tempos louvada e vilipendiada. Também hoje. Também sempre. Todavia, “as portas do inferno nunca a vencerão”.
2.º – Hoje, parece que não há tribunais. A Justiça refugiou-se nos dicionários. Mas, então, não há quem julgue, substituindo-se aos tribunais? – Há, sim, senhor: a Comunicação Social. Suspeita-se de algo de um importante, levanta-se uma insinuação, lá aparece o grande sinédrio, o indiscutível e todo-poderoso tribunal da Comunicação Social que condena sem apelação. Quanta lágrima de sangue faz correr muita Comunicação Social! Quanta vida e quantas vidas desgraçadas e irrecuperáveis por acção da Comunicação Social. De alguma, claro, porque também a há séria e muito séria. Tantos casos há em que a vida privada é agredida e a vida privada faz parte dos direitos humanos.
Importa recuperar a Justiça, que anda pelas ruas da amargura. Importa evangelizar a Comunicação Social, um dos instrumentos mais admiráveis da comunhão entre pessoas e grupos, um dos instrumentos mais válidos da construção de uma sociedade digna, responsável, humanizada.
3.º – A vida. A nossa vida económica e social. Piora dia a dia. O mal-estar sobe em espiral. Inventam-se e promovem-se formas de descontentamento geral, que não sabemos nem onde nem como poderão acabar.
No fundo, no fundo, o povo não interessa a muitos “senhores”. Outros interesses se levantam, facilmente descortináveis.
A Páscoa traz consigo um renascimento com forças de vida nova. Que seja agora, porque já não é sem tempo.
4.º – E já agora, a Igreja em oração. Toda ela. Vamos ter um Papa novo. Que se deixe ocupar totalmente e apaixonadamente pelo Espirito Santo. Que não tenha medo à Cruz, que a vai ter e bem pesada.
Estamos com o novo Papa. Estamos com Pedro. Estamos com a Igreja. Estamos com Jesus. 
                                 
Mt.º Ded.º
+ Manuel   

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11 de Março de 2013