No passado Domingo, dia 12 de Maio, o Santuário do Cabo Espichel acolheu cerca de quatrocentos motociclistas para a X Missa motard. Uma iniciativa organizada pelo Motoclube Cezimbra, em parceira com o Santuário, para pedir a proteção de Nossa Senhora a todos quantos circulam pelas estradas em duas rodas.
Quando se fala em motards e no mundo das motas, o primeiro pensamento que surge é que pouco poderiam ter a ver com a espiritualidade cristã. A verdade, contudo, é que na tarde do passado Domingo o terreiro do Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel estava bastante composto com motociclistas que ali se dirigiram para uma Missa motard que se realiza há já dez anos.
A Eucaristia foi celebrada pelo Padre Carlos Rosmaninho, da Paróquia do Divino Espírito Santo do Montijo, que também foi ao Cabo Espichel em peregrinação. No entanto, a homília foi proferida pelo sacerdote responsável por aquele Santuário mariano, Padre David Caldas, prior do Castelo de Sesimbra.
Aos peregrinos motards, o Padre David disse que o caminho de Jesus é o mais seguro, apesar de parecer difícil: «Nós percorremos todos os caminhos e sabemos bem que nem todos os caminhos são fáceis de percorrer mas o caminho que Jesus propõe é, de certeza, o caminho mais seguro. E quando andamos na estrada, percebemos que muitas vezes, os caminhos que parecem mais fáceis à partida, muitas vezes levam a lugares menos próprios e são mais acidentados».
O sacerdote, apelando à conversão, lembrou que o destino de cada um dos seres humanos é o Céu e que por isso a peregrinação neste mundo deve centrar-se sempre numa busca constante do encontro com Cristo que leva à santificação. «Não podemos esperar pelo último dia para nos convertermos. A nossa conversão faz-se dia-a-dia, no nosso trabalho, na nossa família, nas situações difíceis, nas situações boas. A conversão faz-se quando temos a coragem de dizer ‘sim’ às coisas que Deus nos propõe e dizer ‘não’ aquilo que não nos é proposto por Deus», referiu.
Chegar ao destino com segurança
Disse ainda o Padre David Caldas que apelo de Nossa Senhora naquele Santuário, naquele «lugar especial onde há tantos séculos Maria acolhe, converte e faz milagres», é para que cada um construa «uma capela interior onde Cristo possa habitar» e assim ser capaz de levá-lo aos outros.
«Cada um de nós é responsável, nesta vida, neste mundo, por fazer com que Cristo seja visível aos olhos dos outros. Se nós na estrada, nos caminhos da vida, formos este sinal e este exemplo, convertemos certamente muito mais gente porque Cristo nos dá esta missão como discípulos. Estejamos atentos a este Cristo que nos acompanha e nos envia o seu Espírito, para que em cada momento saibamos decidir o caminho certo e saibamos chegar ao nosso destino com segurança», sublinhou.
«As pessoas sentem-se de forma diferente»
No final da celebração, o presidente da direção do Motoclube Cezimbra, Acácio Marquês, estava satisfeito com a adesão à X Missa motard. «Há, a nível nacional, o dia do Motociclista mas como por vezes é longe daqui, por exemplo, este ano foi em Castelo Branco, nós lembrámo-nos de fazer alguma coisa parecida aqui perto e, de há dez anos para cá, umas vezes com mais afluência, outras menos, temos conseguido realizar este evento», afirmou-nos aquele responsável.
Uma das preocupações da organização é o cuidado a ter com preservação do Santuário: «Nós pedimos que não se faça muito ruído aqui dentro porque o edifício tem muitos anos e estar a degradar-se mas há coisas que o Motoclube não consegue controlar – disse Acácio Marquês – Há algumas pessoas que não têm bons comportamentos, mas nós tentamos alertar, e inclusive trouxemos uns placards para pôr à entrada».
A intenção da direção do Motoclube Cezimbra é continuar a realizar esta peregrinação ao Cabo Espichel mas o presidente salienta que gostaria de mudar o horário da celebração para a parte manhã. «Já tentámos que fosse de manhã porque talvez trouxesse mais pessoas. De manhã o Cabo Espichel tem muitos motards mas ainda não foi possível. Nós gostamos do Santuário, isto está aqui numa zona especial e as pessoas sentem-se de forma diferente. Por isso é que nos surgiu a ideia de fazer a missa aqui», destacou Acácio Marquês.
Anabela Sousa