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Testemunhos de Fé na Festa da Caridade

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O Secretariado da Ação Social da diocese de Setúbal animou no passado dia 27 de Outubro o encontro «Festa da Caridade». A Casa de Sant´Ana, em Setúbal, recebeu os cerca de 200 participante,s que através de uma diversidade de serviços e grupos organizados, testemunham e operam a caridade junto de quem vive em situações de sofrimento e privação. Um encontro que contou com a presença de D. José Policarpo, Patriarca Emérito de Lisboa.

 

De acordo com Eugénio Fonseca, diretor do secretariado diocesano, não há «melhor expoente para celebrar a Fé da Igreja Diocesana, num território tão severamente atingido pelas consequências da crise, que sendo económica também o é de identidade cultural, que dar lugar à representação do Amor infinito de Deus, por todos e por cada um de nós.

O Cardeal D. José Policarpo respondeu ao convite do Bispo de Setúbal, D. Gilberto dos Reis, para proferir uma conferência subordinada ao tema “ A Caridade é a Fé em ação”. Depois de D. Gilberto a todos ter acolhido, o Encontro iniciou-se com uma intervenção de Eugénio Fonseca. Sistematizou o modelo através do qual a Igreja concretiza o Amor de Deus pelo Próximo, recordando que, de harmonia com orientações da Conferência Episcopal, a estrutura privilegiada para o exercício da Caridade organizada são os Serviços Paroquiais de Ação Social.

A conferência proferida por D. José Policarpo foi um momento de elevadíssima riqueza de comunicação e de celebração de importantes passagens de duas Encíclicas, interpretadas e explicadas, a uma plateia ávida e atenta, com a profundidade teológica e, simultaneamente, a singeleza comunicacional que se reconhecem ao ilustre conferencista. Na sua intervenção D. José Policarpo, sublinhou que a fé, enquanto encontro com Cristo, tem consequências, envolve uma resposta ao amor de Deus: amar o outro. Assim a caridade é a plenitude da fé, não deve ser confundida com solidariedade, pois é a concretização do amor de Deus, é a graça atuante de Deus.

Insistiu que o amor ao próximo é dever de cada cristão e dever da Igreja, enquanto comunidade. Para o Patriarca Emérito de Lisboa os textos das encíclicas papais “Deus é amor” de Bento XVI e “Luz da Fé” de Francisco, «amar é ser dom para o outro, devendo cada cristão valorizar este dom de ser chamado à felicidade, amando». Ao acentuar que o cristianismo é a vitória sobre todos os individualismos o patriarca apelou aos presentes para que deixassem germinar as sementes de Deus no seu coração e tivessem como prioridade o bem comum. Salientou ainda, que a Igreja deve ser uma força consoladora no sofrimento, aberta a todos os homens, de forma especial aos mais pobres, lembrando que se deve procurar para eles a justiça, visto que esta é uma exigência do respeito incondicional pela dignidade da pessoa. Terminou a sua intervenção lembrando que se colocam hoje grandes desafios à ação caritativa da Igreja; por um lado sermos capazes de responder à dimensão universal da solicitude num mundo globalizado, por outro lado organizar os apoios, assegurando a proximidade, desenvolvendo as redes de vizinhança, apoiando os novos pobres com discrição, não cair na tentação do proselitismo, e criar organizações onde o amor e atenção pessoal e próxima ao outro seja uma realidade.


 

Partilhas de caridade


 

Existiu depois um espaço para questões e diálogo, findo o qual os presentes se dirigiram para a Sé, onde o Bispo de Setúbal celebrou a missa dominical, não deixando de sublinhar na sua homilia que a caridade é a fé em ação, desafiando todos os presentes a procurarem, nas suas paróquias, organizar de forma articulada e harmoniosa a ação socio-caritativa da Igreja em favor de todos os que sofrem.

Após a celebração da Eucaristia seguiu-se um almoço partilhado, na Casa de Sant’Ana, bem aproveitado para trocar experiências e fazer amizade.

A parte da tarde foi inteiramente dedicada ao testemunho da intervenção socio-caritativa de uma variedade de estruturas, grupos e serviços disseminados pelo território da Diocese. Partilharam as suas experiências de intervenção humana e social a União das IPSS, as Misericórdias, a Sociedade de S. Vicente Paulo, a Casa do Gaiato, cuja banda animou brilhantemente uma parte da jornada, Grupo Paroquial do Montijo, ATL “O Cogumelo”, Assistência a Seniores na Paróquia de Almada, Centro Paroquial e Social de Corroios, Integração das Minorias Étnicas da Paróquia da Amora, Vale de Ácor, com um testemunho e teatralização feita pelos utentes, e os Visitadores da Prisão de Setúbal. Entre os testemunhos de missão destes grupos e serviços, houve momentos de animação musical, a cargo da já referida banda da Casa do Gaiato, muito acarinhada e aplaudida, Grupo de Fados e Tuna do Centro Social e Paroquial Padre Ricardo Gameiro e de um grupo juvenil da Casa de Sant’Ana.


 

«Ser testemunho de fé»


 

Ana Teresa, técnica do Centro Paroquial da Cova da Piedade, contou que foi um encontro «muito interessante, que mostra como a Igreja é uma comunidade unida e caritativa». «Uma festa que mostrou as várias ações da diocese, mostrando a diversidade que existe nas várias respostas sociais», disse. A profissional, que participou em todo o encontro, referiu que «não se pode esquecer o papel que a caridade tem nas instituições de serviço social, pois são locais onde o suporte deve cada vez mais ser o Senhor». «Temos que ser testemunhos no nosso trabalho diariamente», disse.

Outro dos presentes foi o diácono Manuel Dias, que apoia este tipo de iniciativas que ajudam a crescer na fé e no amor. «Neste dia vimos o trabalho de pessoas que ajudam os outros, e que ainda há quem se preocupe», disse, sublinhando que a «força maior é a Caridade e ela, como se viu, existe em toda a diocese».  

O Encontro terminou pelas 19h, com o Vigário-Geral, Pe José  Lobato, a agradecer aos que tornaram possível este evento, a todos encorajou a que, mais do que duplicarem estruturas de intervenção social e caritativa, invistam na melhoria da qualidade dos serviços e equipamentos que a Igreja Diocesana já patrocina e oferece.

 

Bruno Máximo Leite

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04 de Novembro de 2013