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Encerramento do Ano da Fé – Homília do Bispo

d gilberto ano da fe

Encerramento do Ano da fé. ++ Almada ++ 24/11/ 2013

 Em assembleia diocesana, celebramos a solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo.

Quem é este Rei cujo trono é a cruz do amor, Rei que nos acolhe no coração e para Quem caminha o ano litúrgico e a história? S. Paulo, na carta aos Colossenses, no-lo diz de modo belo:

              “ Cristo é a imagem de Deus invisível, o primogénito de toda a criatura, nEle…, por Ele e para Ele tudo foi criado… (Cristo) é a cabeça da Igreja, que é o Seu corpo. …é .. o primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar.  Aprouve a Deus … que por Ele reconciliar consigo todas as coisas, criando a paz, pelo sangue da sua cruz com todas as criaturas.”

              Cristo é o Rei prefigurado pelo rei David, é a cabeça da Igreja, é Deus connosco para nos abrir as portas do Céu, é o Senhor glorioso que junto do Pai intercede por nós. É aquele que no amor do Seu Espírito nos liberta do pecado e da morte e nos reúne na Igreja e aqui, nesta tarde .

              Como é grande este Rei –  diferente dos reis do mundo – cujo poder só esbarra na recusa do homem em O acolher. Fora disso, onde há fé, não há situação difícil que Ele não possa resolver.

              A fé é chave para acolher a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. Feliz o que crê!             

              Pela fé, o bom ladrão clamou ‘lembra-te de mim ‘ e Jesus respondeu: ‘hoje estarás comigo no paraíso’ mas ao outro ladrão, aos soldados e chefes Jesus nada pode fazer por falta de fé.

              Pela fé, os colossenses foram libertados do paganismo e da lei da morte e transferidos para o Reino de Jesus mas muitos outros, seus concidadãos, não o puderam ser.

              Pela fé, em dois mil anos de Cristianismo, milhões e milhões de fiéis receberam de Jesus o amor que dá alegria e esperança e vence a morte e muitos aceitaram a morte para não negar Cristo.

              Pela fé, estamos felizes por sermos Corpo de Cristo e participantes da Sua filiação divina e do Seu sacerdócio real e profético; e também por podermos confessar, hoje, Cristo Rei como nosso Senhor e Salvador. Mas, muitas pessoas não podem experimentar a nossa alegria, por falta de fé.

              Bendito seja Deus pela fé que acendeu em nossos corações e que está viva.

   Jesus Cristo é o Reino. Quem O vê ou toca, vê e toca o Reino .                  

              A fé é tesouro sem preço, luz nas trevas, força capaz de mudar o homem, a igreja e o mundo porque é a chave de entrada no Reino de Deus, presente de modo perfeito na pessoa e obra de Jesus. Reino eterno de graça, justiça, verdade e amor. Reino universal de que a Igreja é sacramento mas que se alarga para fora dos limites visíveis da Igreja onde o Espírito Santo cria gestos de justiça, perdão, amor e paz. Felizes os que têm fé e que na luz da fé, em diálogo confiante, discernem e acolhem os sinais do Reino – onde aconteçam –  e se tornam também sinais do Reino.

              Estou certo de que o Ano da Fé nos capacitou para doravante cuidar melhor a educação e o anúncio da fé. Felicito cada um de vós e a Diocese, louvando a Deus, por tudo o que se realizou  em favor da fé na nossa Diocese; e louvo ainda a Deus pela vossa presença e pelo que ela revela, em nós, de fé viva e de desejo de crescer no amor de Jesus e de O dar aos outros

Que fazer, direis-me-eis,  para que o Reino de Jesus, reino de vida e de amor cresça em qualidade e em extensão?

O essencial é que cada um de nós abra o coração a Cristo para que Ele reine.  Abramos-Lhe o coração dia a dia deixando-nos conduzir sempre pela Sua palavra e pelo Seu Espírito,vivendo no amor de Deus e do próximo a começar pelos pobres, e aprendendo a ver, a julgar, a ouvir, a amar e a agir, ao jeito de Jesus, num desejo sincero de conversão realizada na comunhão da Igreja.

 Além disso é preciso que cada um de nós ajude os irmãos sem fé, baptizados ou não, a abrir o coração a Jesus. Fá-lo -emos com palavras oportunas e sábias e com um estilo de vida: sóbria para ser solidária, alegre na esperança nas dificuldades, coerente na fé mas compreendendo as razões dos outros, empenhada num mundo melhor mas com o desejo do Céu. Fá-lo-emos  ajudando a criar comunidades cristãs – famílias, paróquias, associações – que sejam escola e experiência de fé e amor, de oração e acolhimento dos pobres, e de perdão. Espero que esta reunião diocesana, a oração duns pelos outros e a partilha dos bens trazidos de nossas casas nos fortaleçam no desejo de tornar nossas paróquias e famílias, comunidades de fé e de amor, capazes de atrair à fé.

            O crescimento do Reino pede ainda que cada cristão, iluminado pelo evangelho – como alma no corpo – contribua para dotar a sociedade de leis que fomentem o bem comum, defendam a dignidade de cada pessoa e dêem aos pobres acesso aos bens que Deus criou para todos. É preciso que cada cristão lance no mundo sementes do Reino: amor, verdade, perdão, justiça, alegria e  paz. Temos de estar no mundo sem ser do mundo, comungando as alegrias, as dores e esperanças dos homens. Neste sentido lembro que, como diz a GS, 43:“à consciência bem formada (laical) pertence gravar a lei de Deus na vida da cidade terrena… Dos sacerdotes…esperem luz e força espiritual

  A fé rica de amor, como motor da vida cristã e eclesial, tem de ser bem cuidada, sob pena de a Igreja paralisar. A fé débil é que complica a vida da Igreja e não tanto o que vem de fora. Conhecer, celebrar, viver, anunciar e testemunhar Jesus é tarefa permanente e exigente. Para isso, a Igreja dá-nos os meios eficazes da oração, da eucaristia, da confissão, da  Palavra de Deus, do terço do rosário, do exercício do amor.  Se rezarmos bem, a nossa fé será forte e o Reino de Cristo crescerá!  Subamos a Cristo Rei para Lhe pedir a graça de rezar mais e melhor.

 No Santuário, há muitos apelos a que rezemos mais e melhor. É o apelo que vem da fé e amor do povo que erigiu o Monumento para nos conduzir à fé. É o apelo da imagem de Jesus que, de braços em cruz e coração saliente, nos diz com S. João: Deus tanto amou o mundo que lhe deu o Seu Filho único. É o apelo do coração escancarado de Jesus que repete sem cessar: ‘ quero entrar em tua casa’ ou então ‘vinde a Mim vós que andais cansados …eu vos aliviarei’ e ainda ‘ide anunciar o Evangelho…estarei sempre convosco ‘. É o apelo dos santos ligados ao culto do Coração de Jesus.

Subir ao Santuário de betão, lugar de encontro com o verdadeiro Santuário que é Jesus, faz bem.

 Por isso no fim da Eucaristia, e continuando-a, iremos ao Cristo Rei na companhia de Jesus, presente de modo único no Pão eucarístico. Assim manifestaremos o desejo de caminhar com Jesus, em Igreja, para Deus Pai, Filho e Espírito Santo, levando o mundo com seus sonhos, alegrias e dores, como professamos no Credo da nossa fé. Que a Virgem Maria, modelo perfeito de fé, nos ensine a todos – adultos, queridos jovens e crianças – com a sua  oração e exemplo a caminhar para o Céu com esperança mesmo na dor e cantando: iremos com alegria para a Casa do Senhor.

22/11/2013 +Gilberto,Bispo de Setúbal

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26 de Novembro de 2013