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BILHETE-POSTAL

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Caro Alfredo,
Morreu Mandela. Ele era, sim, uma lenda. Bateu-se pela dignidade do seu povo, vergonhosamente inferiorizado e discriminado, sem direito a ser gente e sem direito a escrever a sua história. Mandela, privado do bem supremo que nos identifica que é a liberdade, estava disposto a dar a vida pelos seus ideais, o que esteve para acontecer por mais que uma vez.

Depois de 27 anos de prisão, acompanhados de mil humilhações, acaba por ser libertado e tornou-se, por eleições livres, o primeiro Presidente negro do seu grande país. Impensável, então! Presidente, com o poder nas mãos, só teve uma vingança para com os seus inimigos: a reconciliação, o perdão, a proposta-pedido para um trabalho comum em ordem a oferecer a todos uma terra de igualdade, de prosperidade, de paz. E conseguiu-o. Era um homem estruturalmente bom, humilde, próximo do seu povo, preocupado com a sua sorte. Por isto e por tanto mais é que se tornou num ícone, num ídolo, a nível mundial. Por isto e por tanto mais é que todos choraram a sua morte.

Agora, morre Eusébio. Atleta de modalidade bem diferente, também ele se tornou num ídolo nacional e, pelo que podemos ver, num ídolo mundial.

O modo como o mundo reagiu a estas mortes merece estudo, merece reflexão, merece leitura.

Claro que num caso e noutro fizeram-se e disseram-se coisas que nem sequer merecerão registo. Sobretudo com a morte de Mandela, mais uma vez nos foi oferecida ocasião para concluirmos das mentiras, das oportunidades, dos interesses de tantos.

Afinal, onde quero chegar com este arrazoado? – Só aqui: o mundo tem fome de verdade, de simplicidade, de humanidade. Quando descobre um exemplo destas qualidades, sai para fora de si e chora, e aplaude, e vitoria, e entroniza heróis.

Também me fico a perguntar se, por dentro de fenómenos como estes, não poderemos encontrar outras fomes. Fomes que, se bem estudadas, são capazes de saciar-se em Deus!

Que estude estes aconteceres quem para tal tenha vocação e jeito. Valerá a pena. É que por detrás da frivolidade, do egoísmo individualista que lamentamos e choramos, pode andar, escondida mas sentida, esta fome de Deus.


 

Mt º Ded.º

+ Manuel

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21 de Janeiro de 2014