Viver a Semana Santa em Taizé, uma Comunidade ecuménica localizada em França que congrega católicos, ortodoxos e protestantes, foi a proposta que cerca de quinhentos jovens portugueses quiseram viver este ano. Alguns deles eram oriundos da diocese de Setúbal, nomeadamente das vigararias do Seixal e Barreiro/Moita. Foi uma Páscoa diferente, num local que apela à profundidade de oração em comunhão com todos aqueles que acreditam que Jesus Cristo, o filho de Deus, «ressuscitou verdadeiramente» e permanece eternamente.
Uma semana marcada pelo ritmo da oração, por reflexões bíblicas e workshops com diferentes temáticas, foi o programa seguido ao longo de toda a Semana Santa por cerca de quatro mil jovens e menos jovens, que estiveram em Taizé. Ali, em Taizé, os ritos e ritmos das celebrações são adaptados de forma a que haja um entrosamento entre todos aqueles que celebram Jesus Cristo, apesar das suas diferenças.
Quando estamos dentro da Igreja e olhamos à nossa volta, vemos vários sinais da comunhão na oração. Uns prostrados, outros de joelhos, mas sempre o silêncio orante envolto pelos característicos e bonitos cânticos da Comunidade. Ao centro da Igreja, diante do altar, estão os Irmãos, encabeçados pelo Irmão Alois, prior da Comunidade. É assim três vezes por dia, nas orações comunitárias: de manhã, antes do almoço e à noite.
O culminar da semana iniciou-se com o Tríduo Pascal, no final do dia de quinta-feira santa, 17 de Abril, na Eucaristia da Ceia do Senhor. Recordando a última ceia de Jesus com os discípulos e a instituição da Eucaristia, os Irmãos da Comunidade lavaram os pés a todos quantos ali se encontravam.
Já na sexta-feira santa, dois momentos profundamente tocantes. Às quinze horas, hora da morte de Jesus, os sinos de Taizé tocam a rebate. Na Comunidade, todos são convidados a fazer silêncio. E assim é: entra-se na Cruz. À noite, o convite é para a adoração e oração individual à volta da Cruz. Naquela Igreja, há uma fila enorme de jovens que espera mais de duas horas para se prostrar diante da cruz, ali pousar a sua cabeça e rezar.
Sábado, o dia em que se espera a Ressureição do Senhor, termina com a habitual oração da noite e uma mensagem de Páscoa do Irmão Alois, traduzida nas diferentes línguas. Domingo, o dia da alegria, começa cedo. Neste dia não há oração da manhã, apenas a Eucaristia da Ressureição. De uma grande vela, acendem-se milhares de velas pequeninas na mão de cada um e lembramos que a luz de Cristo Ressuscitado ilumina a terra inteira. Esta é uma Páscoa especial que apela à humildade e à abertura de coração para acolher as diferenças.
Taizé está já em preparação para 2015 que será um ano significativo. A Comunidade celebrará setenta e cinco anos da sua fundação e convida todos, através de várias iniciativas que irá promover, a recordar o seu fundador, Irmão Roger, cem anos após o seu nascimento e dez anos passados sobre a sua morte.
Anabela Sousa