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Cerimónia com textos dos santos João Paulo II e Francisco de Assis

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O Papa Francisco recebeu no passado domingo, dia de Pentecostes, no Vaticano, os presidentes de Israel e da Palestina para uma ‘Invocação pela paz’, com momentos de oração de judeus, cristãos e muçulmanos.

Shimon Peres e Mahmoud Abbas chegaram ao Vaticano com um intervalo de cerca de 15 minutos, sendo recebidos pelo Papa à entrada da Casa de Santa Marta, onde reside, pelo custódio franciscano da Terra Santa e outros responsáveis da Santa Sé.

Francisco, os presidentes e o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa) Bartolomeu, seguiram depois todos no mesmo automóvel até aos Jardins do Vaticano, onde decorreu o encontro.

A invocação começou com uma peça musical e a explicação, em inglês, da forma como a mesma vai decorrer, respeitando a ordem cronológica das três religiões: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. O esquema da celebração previu orações de “agradecimento pela Criação”, “pedido de perdão” e “invocação pela paz”.

No caso da Igreja Católica, foram lidos textos de São João Paulo II e a assim chamada oração de São Francisco de Assis.

O anúncio do encontro, em inglês, sublinhou o “desejo de paz para a Terra Santa e para todos os que nela habitam”. “Vamos pedir o perdão de Deus pelas vezes em que não conseguimos agir como irmãos e irmãs e pelos nossos pecados contra Ele e contra os nossos irmãos e irmãs”, acrescentou o texto da intervenção inaugural.

O Papa Francisco deixou um apelo contra a guerra, durante um inédito encontro de oração pela paz no Médio Oriente que reuniu os presidentes de Israel e da Palestina. “Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»”, disse, após a celebração.

A intervenção de Francisco recordou as tentativas falhadas de resolver os conflitos através da força das armas, provocando “tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas”.

“Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao confronto; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações”, referiu. A oração de Francisco pediu que sejam “banidas” as palavras “divisão, ódio, guerra”.

“Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar aquilo que divide”, afirmou Francisco.


Uma oliveira


Após os três momentos de oração, encerrados por uma peça musical, intervieram o Papa e os presidentes Peres e Abbas, que depois trocaram um aperto de mão e plantaram simbolicamente uma pequena oliveira “como símbolo duradouro do desejo mútuo de paz entre os povos de Israel e da Palestina”. Também o Patriarca Bartolomeu colaborou neste gesto.

Francisco, Shimon Peres, Mahmoud Abbas e Bartolomeu retiraram-se depois para um encontro privado. A ‘invocação pela paz’ teve intervenções em hebraico, inglês, italiano e árabe.

O “encontro de invocação da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro” foi um desafio lançado a 25 de maio pelo Papa aos presidentes de Israel e da Palestina, durante a viagem pontifícia à região. “É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos”, disse hoje Francisco.

O Papa lembrou as “vítimas inocentes da guerra e da violência”, deixando votos de que a sua memória infunda “a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo” para construir um mundo novo para as gerações futuras: “Filhos que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade”. “Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam”, concluiu.

Shimon Peres agradeceu ao Papa pela sua “histórica visita” à Terra Santa, durante a qual, disse, Francisco “tocou o coração das pessoas, independentemente da sua fé e nacionalidade”, por se ter apresentado como “um construtor de pontes de fraternidade e de paz.

Mahomoud Abbas, por sua vez, manifestou ao Papa o seu apreço pela visita às cidades de Jerusalém e de Belém, como “expressão sincera da sua crença na paz e uma tentativa verdadeira para alcançar a paz entre palestinos e israelitas”.

Cada uma das três delegações tinha cerca de 20 pessoas e entre os convidados do Papa Francisco estavam o rabino Abraham Skorka e o professor muçulmano Omar Abboud, argentinos, amigos que o acompanharam na sua recente viagem à Terra Santa.

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16 de Junho de 2014