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Associação Vale de Acór

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A associação Vale de Acór, que trabalha na recuperação de toxicodependentes e alcoólicos, celebrou, no passado dia 3 de julho, vinte anos de existência. Um evento de final de tarde que congregou, na Quinta de São Lourenço, junto ao Tejo, diversos convidados e amigos da instituição. Entre eles, D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, que benzeu uma imagem de São João Paulo II. Uma festa que, nas palavras do presidente da Associação, Padre Pedro Quintella, se destinou, sobretudo, aos residentes passados e atuais daquela comunidade.

«Aos que vivem nesta Quinta de São Lourenço e que têm aqui um período muito importante, alguns estão a seguir o programa terapêutico-educativo, outros já na reinserção, e outros que já fizeram aqui percurso e que hoje seguem as suas vidas. Toda a festa é por vossa causa. O que hoje aqui se festeja destina-se a promover o vosso protagonismo de vidas sujeitas a desumanas escravidões, a vidas de sujeitos construtores da comunidade humana», afirmou o Padre Pedro Quintella dirigindo-se aos residentes da comunidade terapêutica da Associação Vale de Acór.

Dando graças a Deus pelos vinte anos de vida daquela organização pois ela é «obra de Deus», o Padre Pedro agradeceu a presença de todos os convidados. De entre as autoridades civis sublinha-se, Joaquim Judas, Presidente da Câmara Municipal de Almada e Ana Clara Birrento, diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal. D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, e D. Gilberto dos Reis, Bispo de Setúbal, bem como alguns sacerdotes diocesanos, estiveram também entre os convidados da sessão comemorativa dos vinte anos do Vale de Acór.


Caridade cristã: a resposta ao amor de Deus


Aquando da bênção da imagem de São João Paulo II, que surge envolvido pelos braços de Nossa Senhora, D. Manuel Clemente referiu: «Esta imagem representa muito aquilo que aqui, no Vale de Acór, acontece. Os que aqui vivem têm, certamente, dias mais entusiasmados e dias mais difíceis. Esta imagem é para todos aqueles que aqui procuram uma vida que seja melhor por dentro, para que também seja melhor por fora, para que no lugar da desolação, se abra uma porta de esperança. Quando estiverem em dias mais complicados, passem por aqui, olhem e ponham-se no lugar de São João Paulo II. Depois, Nossa Senhora faz o resto».

Já D. Gilberto dos Reis, o Bispo diocesano, sublinhou que o Vale de Acór é um «lugar de sofrimento» mas onde, de uma maneira profunda se experimenta o Amor de Deus. «Vejo aqui, a beleza e a grandeza deste amor de Deus. O que aqui se faz é uma resposta entusiasmante ao amor com que Deus nos ama. Não é uma resposta total, mas é uma resposta muito bela. E este lugar diz-nos ainda o que deve ser a caridade cristã: assistir ao desenvolvimento integral das pessoas, onde aqueles a quem ajudamos, acabam por ser nossos evangelizadores», afirmou o Prelado.

O Bispo de Setúbal, falou também de todo o trabalho desenvolvido pelos trabalhadores e voluntários do Vale de Acór, mas quis destacar o presidente da Associação: «A alma desta obra que tem um rosto e nome: Padre Pedro Quintella. Um padre, um homem, que se tem dedicado de coração e que imprime a esta obra uma dignidade e profundidade que faz inveja a todos nós».


Testemunhos e «Doces de António»


A cerimónia contou ainda com o testemunho, na primeira pessoa, de três residentes que fizeram o programa da comunidade e que agora se estão recuperados. Um momento que não deixou ninguém indiferente, onde os intervenientes valorizaram, sobretudo, o seu percurso espiritual na instituição como parte essencial da sua recuperação.

No evento estiveram ainda presentes Nicola Boscolleto, presidente de uma instituição que promove a preparação e inserção dos prisioneiros em Itália (Cooperativa Giotto de Pádua), e o Reitor da basílica de Santo António em Pádua, Padre Enzo Poiana. Dando trabalho a cento e vinte presos de uma prisão de alta segurança em Itália, em que uma das atividades principais é uma pastelaria já por diversas vezes reconhecida e galardoada.

Em conjunto com o Vale de Acór, pretendem agora avançar com a criação de um «laboratório», onde possa ser confecionada uma das linhas de doces em honra de Santo António. Para isso, tanto Nicola Boscolleto como o Padre Enzo Poiana, destacaram todo um trabalho de angariação e recolha de fundos que está a ser feito em Pádua para trazer esta possibilidade a Portugal.

«Agradecemos a Nosso Senhor vinte anos de vida da nossa organização. Que Ele nos permita defender, lutar, corrigir, amar e oferecer a nossa dedicação para construir comunidade. Somos uma comunidade funcional, terapêutica e educativa em favor da comunidade que está fora deste ambiente protegido, que se chama sociedade, e queremos ser aquela comunidade que Ele mesmo nos oferece, a Igreja, que tem a resistência da comunhão», concluiu o Padre Pedro Quintella.

Anabela Sousa

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14 de Julho de 2014