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Unidos nas adversidades

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Na Paróquia da Arrentela, também na solenidade de Todos os Santos, dia 1 de novembro, os fiéis encerraram os festejos em Nossa Senhora da Soledade com a procissão solene realizada durante a tarde. Apesar de não ser a padroeira da terra, a devoção é antiga e o povo invoca a sua intercessão, agradecendo o milagre das águas concedido aquando do terramoto de 1755.

Descendo da Igreja paroquial da Arrentela até às margens do rio Judeu, mais de dez andores compunham a procissão solene em honra de Nossa Senhora da Soledade e muitos fiéis acompanhavam, com devoção, a passagem do cortejo. À chegada e antes da bênção das embarcações e das águas, o Padre Sérgio Quelhas, pároco de Paio Pires, falou aos presentes.

Lembrando as intempéries dos tempos que correm, o sacerdote convidado pelo prior, Padre Júlio do Vale, pediu que as diferentes margens do rio fossem unidas, para que todos possam percorrer, em conjunto, um percurso celeste e eterno. «Temos que estar unidos nas adversidades. Somos homens e mulheres desta vida e da outra, porque a vida não se esgota aqui», disse.

«Nos tempos que correm – acrescentou – em que só se vê uma dúzia ou duas de aldrabões a quererem derrubar todos os outros que são honestos, todos aqueles que têm famílias para sustentar e às vezes chegam a meio do mês e não sabem bem como hão-de fazer, perguntamos, como é possível, haver ainda pessoas más a prejudicar pessoas boas que se matam e esfolam para levar alguma coisa para casa».

Na presença das autoridades civis da autarquia e da freguesia, o Padre Sérgio Quelhas, afirmou ainda: «Nós, pessoas honestas e sinceras, não andamos aqui a brincar ao Halloween ou Carnaval. Andamos a lutar pela vida a sério e isto é de muito valor. Por isso, abençoamos o Tejo e as águas para que sejam favoráveis à voz de Deus e não à nossa. Abençoamos todos os trabalhadores e suas famílias, todos os que aqui estamos, e pedimos a bênção de Deus e Nossa Senhora para que recebam esta manifestação de fé como agradecimento por mais um ano».

De acordo com a tradição, no grande terramoto de 1755, o nível das águas subiu bastante, colocando em perigo a povoação da Arrentela situada junto ao rio. No meio de tanta aflição a população terá acorrido à Igreja, transportando depois a imagem de Nossa Senhora da Soledade até ao rio. Nessa altura, o nível das águas começou a baixar, iniciando assim uma verdadeira história de fé e confiança daquele povo.

 

Anabela Sousa

 

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10 de Novembro de 2014