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Diretor nacional admite encerrar Casas do Gaiato em Portugal

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O diretor nacional da Obra da Rua, padre Júlio Pereira, admite o fim das Casas do Gaiato em Portugal se a instituição continuar a ser alvo de imposições de natureza técnica e burocrática.

“Por vezes a sociedade organiza-se de tal maneira que impede a livre ação dos cidadãos, acaba por controlar em demasia essa ação e coartar a espontaneidade que é necessária para realizar esse trabalho, essa experiência de vida”, salienta, em entrevista concedida à Agência Ecclesia, à margem da celebração do aniversário da Casa do Gaiato de Miranda do Corvo, a primeira a ser criada em Portugal, que completou 75 anos na quarta-feira.

O sacerdote recorda que a Obra de Rua “nasceu da espontaneidade” do Padre Américo para, de forma simples e “livre”, estar ao serviço dos mais desfavorecidos e “assim quer continuar”. Há vários anos que a Obra de Rua, as suas Casas do Gaiato espalhadas pelo país, de apoio a crianças e jovens desfavorecidos, contestam a atuação da Segurança Social para com o projeto, por a considerarem excessiva.

Esta é uma instituição juridicamente autónoma, também do ponto de vista do Direito Canónico, que não conta com qualquer tipo de apoio por parte do Estado. O padre Júlio Pereira lamenta a tentativa que tem sido feita para “controlar” o rumo da Obra da Rua, através da imposição de “modelos completamente desajustados da realidade”, no que toca à missão e ao carisma deixado pelo “Pai Américo”.

Nesse sentido, admite o fim das Casas do Gaiato em Portugal e a sua transposição para outros países. “Já estamos em Angola e Moçambique há 50 anos, mas iremos a outros lados, porque (tal como o padre Américo) também nós procurámos Cristo e encontramo-lo na Igreja e nos pobres da Igreja. É a eles que queremos servir”, frisa o sacerdote.

Sobre o legado do Padre Américo, e a natureza da Obra da Rua, o diretor nacional sublinha que tudo nasceu da vontade de “viver com aqueles que tendo direito a uma vida digna, por alguma razão injusta não têm”. “De um homem que quis viver com os pobres” e depois “nunca mais se pôde afastar deles”, mais uma vez, de forma “espontânea”.

O padre Júlio Pereira recorda que o fundador das Casas do Gaiato, embora sendo “senhor de uma grande pedagogia, não a estudou nos livros”. “Aprendeu-a na contemplação, na oração, na leitura do Evangelho, na meditação e na prática, e por vezes também a aprendeu com as outras pessoas que colaboravam com ele”, complementa.

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19 de Janeiro de 2015