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Ao serviço no Cristo Rei

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As Irmãs Oblatas do Divino Coração nasceram em Beja, em 1926, fundadas pelo Bispo daquela diocese à data, D. José do Patrocínio Dias. Depois de se terem expandido para Fátima e Lisboa, chegaram a Setúbal pela mão do atual reitor do Santuário Nacional de Cristo, Padre Sezinando Alberto. Inicialmente a sua ação pastoral estava centrada na Paróquia do Miratejo mas, pouco tempo depois, passaram a residir no Cristo Rei.

A Irmã Alzira Teixeira está em Setúbal há doze anos. Com ela reside a Irmã Maria Jacinta que chegou um ano mais tarde. São estas duas consagradas que formam a comunidade das Oblatas do Divino Coração presente no Santuário de Cristo Rei. Vindas de Beja, local onde nasceu a congregação, dizem que, hoje, a idade já não lhes permite fazer tudo o que é necessário fazer no Santuário.

«Nós somos só duas, mas com o trabalho que aqui fazemos, quase que valemos por quatro», diz em tom de brincadeira a Irmã Maria Jacinta. Neste momento, apoiam no refeitório, na receção aos grupos que ali chegam para retiro, para além de gerirem toda a limpeza do edifício da reitoria e do santuário. Às Oblatas está entregue ainda toda a animação da liturgia e serviços de sacristia.

«Já estamos cansadas – afirma a Irmã Alzira – Já estamos as duas com alguma idade. Eu vou fazer setenta e oito e a Irmã Jacinta também já tem setenta e cinco. Já não conseguimos andar, assim, para cima e para baixo. Eu chegava a estar no Acolhimento e estava lá a olhar para a portaria porque não havia ninguém. Mas as coisas faziam-se».

Com a chegada ao Santuário, há alguns anos atrás, da Comunidade Shalom, o trabalho das Irmãs no Acolhimento já não é tanto. «Eles tomaram conta de uma série de coisas que nós fazíamos e isso alivia-nos um bocadinho – sublinha a Irmã Alzira – Hoje isto tudo tem muito movimento e dá muito trabalho. O Santuário cresceu muito e ninguém imagina como era quando aqui chegámos. Até nós, às vezes, nos esquecemos do matagal que isto era no início».

 

Do Miratejo ao Cristo Rei

 

Quando chegaram à Diocese de Setúbal, as Oblatas foram para a Paróquia do Miratejo onde era prior o Padre Sezinando Alberto. Foi ele que, originário do Alentejo, pediu para que viessem. Conta a Irmã Alzira que foi ela que levou este sacerdote para o Seminário.

«O atual reitor do Seminário, o Padre Sezinando, fui eu que o levei para o Seminário. As Irmãs andavam a fazer missões de terra em terra e, quando chegámos ao largo da Igreja, apresentávamo-nos às comunidades e dizíamos que estávamos ali em missão. Foi numa dessas missões que o conhecemos e o encaminhámos», diz a Irmã Alzira.

E acrescenta: «Ele estudou, foi para o Seminário em Beja, depois veio para Setúbal, mas sempre ficou muito ligado às Irmãs. Quando ele foi ordenado Padre, eu vim à ordenação dele, mas longr de saber o que estava para suceder. Foi quando ele chegou ao Miratejo que, sabendo da vontade das Irmãs Oblatas em se expandirem para outros lados, pediu à nossa Madre que fossemos para ali ajudar no Centro Paroquial e na catequese».

Mais tarde, assumindo a reitoria do Cristo Rei, o Padre Sezinando levou as Oblatas do Divino Coração para residirem no Santuário e apoiarem nos diferentes serviços. Ali, o seu dia-a-dia é o comum de qualquer outra casa, com os mesmos ritmos de oração. «Quando temos grupos cá em casa ou alguns afazeres, orientamos tudo de véspera para conseguirmos ter tudo a funcionar e não descurarmos o nosso tempo de oração», afirma a Irmã Jacinta.

 

A falta de vocações e a disponibilidade para escutar

 

Atualmente, a grande preocupação destas consagradas prende-se com a falta de vocações. «Se a gente tivesse a certeza que dentro de três ou quatro anos tínhamos mais três ou quatro Irmãs, sentíamos outra força, mas hoje há muita coisa e os jovens estão muito dispersos. Há uma grande falta de compromisso e as vocações de consagração radical estão a desaparecer», lamenta a Irmã Alzira.

Por outro lado, as Oblatas preocupam-se também com o Santuário. «O futuro aqui preocupa porque aqui tem falta de pessoas que se dediquem – afirma – É preciso vermos tudo aquilo que não está bem, porque não vão ser os turistas a dizer. Nós, que vivemos aqui dentro, é que temos que perceber e ajeitar as coisas».

Uma das ações de apostolado que vão desenvolvendo, ainda que de forma informal, é feita com a sua simples presença, e o facto de terem um hábito que as identifica enquanto consagradas.

«Há dias eu estava a arranjar umas oliveiras – conta a Irmã Alzira – e uns turistas vieram pedir para tirar umas fotografias comigo. Outra das vezes, foi uma senhora que perguntou a história do Santuário e do Coração de Jesus, e às tantas dei por mim a dar uma catequese enquanto tratava de uma oliveira. Vem aqui muita gente só para passear e, por isso, é preciso alguém que esteja livre e que vá andando por aí, pelo meio das pessoas».

 

Portuguesas e Diocesanas

 

A Congregação das Oblatas do Divino Coração têm no centro da cidade de Beja, a sua Casa-Mãe, a Casa de Santa Maria. Começaram por percorrer toda a Diocese de Beja nas Missões Populares e a ter como papel essencial a pastoral paroquial e diocesana, bem como a ação social.

«Nós começámos com um grupo de senhoras que o Bispo D. José formava para irem dar catequese às terras. Era um grupo de senhoras pela Diocese inteira, até que ele se lembrou de lhes perguntar se queriam consagrar-se a Deus e teve esta inspiração de fundar uma congregação», contam as Irmãs.

São uma congregação portuguesa e de cariz diocesano. O seu carisma e missão centra-se em três aspetos. Por um lado, o da reparação, ou seja rezar pelos males do mundo que ofendem o Coração de Jesus quando ofendem a dignidade humana.

Outro dos aspetos é a ação pastoral, auxiliando o Clero no exercício de várias formas de Apostolado, participando ativamente na vida pastoral da Igreja Diocesana e das comunidades locais.

No que se refere à espiritualidade, as Oblatas vivem em comunidade e nos locais onde estão inseridas inspirando-se no Evangelho e nas suas Constituições, testemunhando pela autenticidade do Ser o Amor do Divino Coração por toda a humanidade por Quem, com Quem e em Quem fizeram oblação total de si mesmas.

 

Anabela Sousa

 

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23 de Fevereiro de 2015