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Evangelização no Cristo Rei

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No Santuário de Cristo Rei, para além das Oblatas do Divino Coração com quem já
falámos, reside também, desde há três anos, a Comunidade Shalom. Provenientes,
maioritariamente do Brasil, são jovens missionários que procuram evangelizar todos os
que ali chegam. Para além da missão no Santuário, têm ainda missões de serviços
noutros locais da diocese.

Ediane Carvalho é a atual responsável da comunidade Shalom que está no Cristo Rei. 

Do primeiro grupo que chegou há três anos, em Setembro de 2011, ela e a única que 
permanece. Todos os outros já partiram para outras missões, noutros locais, ou 
regressaram ao Brasil.
Quando chegaram, Ediane diz que vinham com muitos objetivos traçados para ações de 
evangelização, mas rapidamente perceberam que tinham que, em primeiro lugar, 
respirar e perceber a cultura portuguesa.
«Nós chegámos aqui com mil planos – afirma – passa por aqui muita gente e nós 
pensávamos sempre em formas de evangelizar estas pessoas, à maneira do Brasil. Com 
o passar do tempo, fomos percebendo que a principal carência aqui é a questão da 
espiritualidade. As pessoas visitam, mas não percebem que é um Santuário».
É assim que desenvolvem, então, o seu trabalho de evangelização no Santuário, não só 
no acolhimento a quem visita, mas também na adoração permanente, ao Santíssimo 
Sacramento, durante o dia, na Capela do monumento.
Evangelizar através do sorriso
«Mais do que abordar uma pessoa, só a forma como nós sorrimos, como acolhemos, já é 
um primeiro passo para evangelizar e falar de Jesus. Às vezes a língua dificulta, mas o 
sorriso é uma linguagem universal», destaca Ediane, que acrescenta: «Quando estamos 
em adoração, muitas pessoas não percebem o que é, mas outras param, rezam e fazem 
uma prece. Hoje temos uma visão mais amadurecida e realista de como avançar com a 
evangelização aqui», sublinha.
Outro dos desafios atuais da comunidade continua a ser o da enculturação. «Nós somos 
todos brasileiros – diz – Só um é que é francês. Mas isto é uma dificuldade. Precisamos 
de ter alguém que pense na forma de os portugueses pensarem para podermos entrar no 
mundo das pessoas de cá, para planear uma atividade ou outras coisas, que vão de 
encontro à cultura, e atingir as pessoas».
O carisma da comunidade Shalom está relacionado, sobretudo, segundo nos explica 
Ediane Carvalho, com a evangelização de jovens, apesar de terem grupos de oração para 
crianças e adultos. Para isso, utilizam todos os meios possível, quer seja nas 
universidades, através de catequeses, cursos, ou mesmo através da arte. «A arte é uma 
forma privilegiada para atingir os jovens – refere aquela responsável – Um convívio 
salutar pode ser um momento de encontro com Deus, quer seja através de uma conversa 
ou de uma pequena oração».
O dia-a-dia da Comunidade Shalom
Na comunidade, depois de um tempo da manhã destinado à oração e ao estudo bíblico, 
segundo o método da Lectio Divina, os jovens missionários prosseguem com o trabalho 
no Santuário, no acolhimento e na adoração. Para além disso, têm ainda três grupos de 
oração: dois no Seixal e um na Cova da Piedade.
Habitualmente, proporcionam também cursos formativos com temas diversos, para 
qualquer idade, e fazem pequenas missões, tais como palestras num grupo, animação 
musical, representação de peças de teatro e visitas de evangelização.
«Não é evangelização porta-a-porta – explica Ediane – precisávamos de mais gente e 
conhecer mais o meio, mas vamos a pedido de alguém conhecido ou de família. 
Fazemos também acompanhamento pessoal, com pessoas que, por vezes, até nem não 
são próximas da Igreja, mas que querem apenas falar das suas preocupações, da sua 
vida. Sabem que nós ouvimos e que nos comprometemos a rezar por elas».
A riqueza de uma comunidade mista
Este carisma Shalom pode ser vivido de duas formas: através da Comunidade de Vida 
em que os irmãos vivem em doação plena a Deus, desvinculados da vida exterior, ou na 
Comunidade da Aliança onde os irmãos vivem nos meios seculares da família, do 
trabalho, da escola e aí são chamados a fazer a diferença. Do grupo de sete missionários 
que está no Cristo Rei, há irmãos das duas comunidades.
«O facto de sermos uma comunidade mista é uma riqueza – refere ainda a responsável 
–Eu não me vejo a ser Shalom só com mulheres, por exemplo. A riqueza da 
complementaridade, do outro que pensa de forma tão diferente de mim, mas que 
complementa e enriquece é muito bom. A nossa comunidade é uma grande riqueza, 
homens e mulheres, com diferentes formas de vida. Há sacerdotes, casais, solteiros e 
celibatários».
Perante a falta de vocações, Ediane diz que o principal, para cativar, é apostar na 
radicalidade. «Para não faltarem vocações é importante a questão da radicalidade, em 
querer viver o que Cristo pede, sem modificar para agradar. A radicalidade da Palavra 
como ela é. O chamamento que Deus faz a cada um de nós como cristãos. Isso é o que 
atrai porque o resto não preenche o coração. Se nós pedirmos pouco de um jovem, ele 
não dá nada. Se pedirmos muito, ele dá pouco. Se nós pedimos tudo, ele dá tudo. Porque 
o nosso coração tem sede de tudo, da plenitude».
Consagrados que vivem as feridas do mundo
Ediane Carvalho, consagrada da Comunidade de Vida, diz que para si, pessoalmente, o 
grande desafio enquanto consagrada, é viver no mundo, sem ser do mundo. «É uma 
constante luta para permanecer em Deus, naquilo que me pede: a pobreza, a obediência 
e a castidade, num mundo que é tão contrário a isso».
E acrescenta ainda: «Estar aqui, neste dia-a-dia normal, em constante contacto com o 
mundo, com as feridas e mazelas do mundo, mas que também são nossas. Eu também 
sou mulher, também sou pessoa. Às vezes, vejo nas pessoas que oiço, as minhas 
próprias feridas. Mas eu, por graça e eleição de Deus, respondo de forma diferente».
Sublinha ainda a responsável da comunidade Shalom no Cristo Rei que, o que os faz 
permanecer sem se deixarem ser arrastados pelo mundo, é a oração. «Sem oração, os 
nossos olhos vêm um olhar na lógica do mundo. Por mais que o mundo diga que eu 
estou a perder, ou que estou a gastar as minhas forças de juventude, este é um Amor que 
não passa e que me dá segurança».
Precisamente considerando o apelo à vida consagrada, no próximo dia 15 de Março, a 
comunidade vai organizar um dia de encontro vocacional que Ediane convida à 
participação de todos: «Vamos falar sobre vocações e, especificamente, sobre a vocação 
Shalom. Vai ser no Cristo Rei, a partir das 9h30, e é aberto a toda a gente. Qualquer 
batizado pode participar e rezar connosco. Vamos ter palestras, testemunhos, e, claro, 
oração porque é o que planta a semente e atrai».

Anabela Sousa

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17 de Março de 2015