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Com Cristo, entre os pobres do mundo

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As Auxiliadoras da Caridade chegaram à Diocese de Setúbal em 1979, no entanto, vinte anos depois, foram para Aveiro. Regressaram em Novembro de 2014 e, desde essa altura, têm estado na paróquia de Palmela. Têm ainda missões de serviço na cidade de Setúbal. A Irmã Conceição Rodrigues e a Irmã Palmira Lourenço dizem que este tem sido um tempo para «desbravar terreno».

No início da presença das Auxiliadoras da Caridade em Setúbal, vieram duas irmãs de origem francesa que fundaram uma comunidade junto da cadeia. Eram ambas enfermeiras e, rapidamente, iniciaram a sua inserção no trabalho: uma no hospital do Outão, a outra no centro de Saúde dos Brejos do Assa (Algeruz).

É já em 1998 que são enviadas para a diocese de Aveiro e aí permaneceram, num bairro social, durante quinze anos. Em Novembro de 2014 regressaram a Setúbal e têm estado ao serviço na paróquia de Palmela. Dizem-nos as consagradas: «a partir desta data tem sido uma escuta atenta aos diferentes apelos, um trabalho de desbravar o terreno e descalçar as sandálias, pois a terra que pisamos é sagrada».

Já iniciaram dois grupos de catequese da infância, um no Lau e outro nos Brejos do Assa. Para além disso, dão apoio a outras paróquias da cidade de Setúbal, nomeadamente no Faralhão e nas Praias do Sado, com o Padre Luís Ferreira, no trabalho com jovens, catequistas e animadores. Na paróquia de Aires, em conjunto com o pároco, Padre José Maria Furtado, acompanham um grupo de preparação para o Crisma.

 

«Ser a voz dos que não têm voz»

 

«No Lau e nos Brejos, demos início a um grupo de oração de adultos onde a partilha da Palavra é a Fonte de cada semana – dizem ainda as Irmãs Auxiliadoras da Caridade – são pequenos ‘nadas’, mas a nossa missão é feita desta presença discreta, perseverante e persistente sem impor, mas propondo e ajudando a uma experiência mística de Cristo Vivo e presente nas nossas vidas».

Procurando ser «a voz dos que não têm voz», dando testemunho da esperança encarnada em Jesus, chorando com os que choram, rindo com os que riem, as Auxiliadoras fazem «festa quando alguém se levanta e descobre Deus na sua vida». «Discretamente vamos lavando as feridas dos que se encontram caídos, dos que não encontram lugar na Igreja. Ninguém é excluído na nossa missão do dia-a-dia. Todos são filhos muito amados de Deus e por isso têm algo a dizer, a revelar, a partilhar», acrescentam.

 

Parcerias com outras instituições

 

Ao longo da história, a congregação das Auxiliadoras da Caridade sempre deu apoio aos movimentos da Ação Católica No ano passado deram apoio ao Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC), na paróquia da Nossa Senhora da Conceição, onde o pároco, Padre Constantino Alves, é da congregação dos Filhos da Caridade que tem o mesmo fundador do que as Auxiliadoras da Caridade, Jean Émile Anizan.

«A escuta, a proximidade com as pessoas, a partilha de vida, a formação de pequenos grupos e comunidades, caracterizam o nosso jeito de evangelizar. Deixarmo-nos evangelizar é também um desafio permanente e uma alegria», destacam. A sua missão passa também pela criação de parcerias com outras instituições e, neste ano, têm uma postulante a fazer voluntariado na Cáritas Diocesana de Setúbal e no Restaurante Social da Paróquia da Nossa Senhora da Conceição.

 

Missionárias contemplativas, no espírito carmelita

 

As Auxiliadoras da Caridade são missionárias contemplativas que o Amor de Cristo impele a viver uma vida religiosa ativa fundada na caridade, traduzindo-se, assim, a sua ação na evangelização do mundo do trabalho e entre os pobres. Atentas à vida, enquanto encarnação de Deus, e impelidas pelo amor de Cristo, encontram na vida de comunidade, lugar de interiorização, de partilha e de oração, uma expressão dessa caridade.

«Ao encontrar Deus na humildade e fragilidade da condição humana, procuramos unir e viver num mesmo ato de fé, seguindo o espírito do Carmelo, o amor fraterno e a contemplação do amor de Deus. Paixão e audácia definem a nossa missão que nos conduz para o meio dos mais simples e humildes, os mais desamparados, mas sobretudo os pobres, como dizia o nosso fundador, de qualquer parte do mundo, os operários, os trabalhadores, ricos em potencialidades, mas dependendo de um futuro incerto, esquecidos e desprezados, os deserdados deste mundo que urge cristianizar», sublinham as consagradas.

Assim, têm como missão promover a dignidade humana e, com isso, alicerçar novas e verdadeiras comunidades de cristãos. Tendo Jesus por modelo, procuram viver com paixão o amor de Deus, Ele próprio caridade e amor ao próximo. «Lá onde estamos – referem – procuramos fazer a ponte entre a fé e a vida, conciliar missão e vida contemplativa, viver a espiritualidade e o espírito evangélico, concretizado num estilo de vida próprio, acentuando a via missionária contemplativa no meio dos mais simples e pobres. Tem sido um desafio desde a nossa origem, cujas dificuldades e adaptações ao presente levam a reflexões e a decisões tomadas em conjunto».

 

A oração feita no meio do povo

 

No ano dedicado à vida consagrada, e respondendo as desafios do Papa Francisco, as Irmãs dizem que têm que ir onde a Igreja ainda não teve oportunidade de estar: «Procuramos montar a nossa tenda no meio do povo, numa escuta das suas vidas, das suas angústias, alegrias e esperança. Procuramos estar na periferia e lá ser fermento no meio da massa, para que possa levedar a massa do Amor de Cristo Ressuscitado, Cristo Vivo e presente nos pobres, nos desempregados, nas vítimas de um sistema que oprime, escraviza, levando a Boa Nova que é Fonte de Vida, água fresca que suaviza a dor, o sofrimento. A nossa oração é, muitas vezes, feita e vivida no meio do povo e com o povo».

Santa Teresa de Ávila, em quem a congregação se inspira, lembra o sentido da oração, insistindo na necessidade de desenvolver a capacidade de orar sem cessar no coração de uma vida ativa.

«É assim – sublinham as Irmãs – que, em comunhão com toda a Igreja, iniciamos o nosso dia com oração de Laudes, entregando ao Senhor ao nosso dia. À noite, é tempo de ação de graças pela ação de Deus na vida das pessoas que encontrámos, com quem fazemos caminho e que pudemos contemplar. É tempo de ação de graças pela presença de Deus na nossa vida e na vida do mundo e da Igreja. A Eucaristia, vivemo-la na nossa paróquia ou nas paróquias aonde estamos presentes».

 

Os rebentos da evangelização

 

Presentes no meio do mundo, dizem que a porta da sua comunidade e do seu oratório está sempre aberta. «Connosco vêm rezar algumas pessoas. Apesar de a nossa inserção ser recente, já se vão vendo os rebentos da Nova Evangelização», destacam.

Neste ano do V centenário do nascimento de Santa Teresa de Jesus, procuram acompanhar e participar nas muitas iniciativas proposta pelo Carmelo. Para além disso, estão a intensificar a criação de espaços de reflexão e oração com grupos de jovens e, com os Filhos da Caridade, irão realizar, brevemente, uma ação conjunta.

 

Anabela Sousa

 

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23 de Março de 2015