O Santuário de Fátima vai estar em obras nos próximos sete meses, o período previsto para a construção do novo presbitério, uma obra enquadrada na preparação dos Centenário das Aparições. Os trabalhos começaram já dia 20 de março, no mesmo dia em que foi apresentado publicamente o projeto.
«Estamos conscientes dos condicionalismos que esta obra trará aos peregrinos, mas entendemos tratar-se de uma intervenção importante e necessária, que não poderíamos deixar de promover», afirmou o padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário, acrescentando que apesar dos constrangimentos não está previsto o cancelamento de nenhuma das peregrinações ou atividades.
Segundo Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, o projeto, da autoria do arquiteto Alexandros Tombazis (o mesmo que projetou a Basílica da Santíssima Trindade) assenta «numa arquitetura erudita», cuja preocupação principal foi integrar a obra no conjunto já construído, tendo em consideração os elementos essenciais do Santuário.
Partindo deste princípio, o novo presbitério desce cerca de 2,5 metros em relação ao atual, e aproxima-se mais da assembleia, o que é visto como «um gesto que do ponto de vista psicológico marcará o futuro do recinto». Composto por uma grande escadaria e uma cobertura quase suspensa, com 600 metros quadrados de área, o espaço terá um ambão avançado e um local próprio para a colocação da imagem da Nossa Senhora de Fátima, com uma parede elevatória para destacar a escultura.
No piso inferior, ficará a sacristia e todos os espaços de apoio às celebrações. Será a partir daí que as pessoas com mobilidade reduzida podem aceder ao presbitério. Um Cristo crucificado «com a marca da morte, mas também da ressurreição», da autoria do artista Filip Moroder Doss, será colocado na parede central do altar, estando ainda prevista uma instalação de Fernanda Fragateiro nas traseiras do espaço.
Paula Santos, uma das arquitetas envolvidas no projeto, explicou que a cobertura principal será feita em fibra de vidro, e que a construção terá um carácter simples, à base de calcário da região. O custo da obra não foi revelado. O reitor apenas destacou que «terá custos proporcionais» à dimensão e qualidade do projeto e que será financiada «com as ofertas dos peregrinos, para benefício dos próprios peregrinos».