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Helena Lobato foi batizada pelo Papa Francisco

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Helena Lobato, da Cova da Piedade, foi batizada pelo Papa Francisco na Vigília Pascal de Sábado Santo, no Vaticano. Um momento que a portuguesa viveu intensamente, em plena Basílica de São Pedro, onde também recebeu, das mãos do Santo Padre, a Primeira Comunhão e o sacramento da Confirmação, completando assim a sua iniciação cristã. A seu lado esteve o Padrinho, Padre José Pinheiro, prior da Cova da Piedade.

Foram dias de graça, vividos profundamente, com a alegria verdadeira de quem se encontra com Jesus. Desde que chegou a Roma, a São Pedro, Helena diz que se sentiu em casa. O Notícias de Setúbal acompanhou Helena e o grupo de dezoito pessoas que com ela peregrinou à cidade eterna para a receber, in loco, como membro desta família. É um pouco desses dias especiais que trazemos, esta semana, aos nossos leitores.

Helena Lobato chega a Roma na Quinta-feira Santa. Serena e tranquila, leva na mala um retrato do Papa Francisco pintado por si, logo depois de ter aceite o convite que o Santo Padre lhe dirigiu para ser batizada no Vaticano. Ainda não sabe se é possível, mas espera ter a oportunidade de lho entregar em mãos. É, como diz, algo de muito seu, que a caracteriza, e que outra coisa não poderia oferecer ao Sumo Pontífice numa ocasião tão especial.

 

O primeiro encontro junto à Cruz

 

A maioria do grupo que acompanha Helena nesta “aventura” chega apenas na Sexta-feira Santa, o dia da Paixão e Morte do Senhor. À chegada, é tempo de rezar com o Papa e meditar nos passos da Cruz. Depois de não ser possível entrar na Basílica de São Pedro para a celebração da Paixão, segue-se em direção ao Coliseu, local que evoca os primeiros mártires do Cristianismo, para rezar a Via Sacra.

São algumas horas de espera até Helena, que nunca tinha estado na presença real e efetiva do Papa Francisco, o ver ao vivo, pela primeira vez. A emoção, naturalmente, toma conta daquela que espera pelo Batismo. Os momentos que se seguem são, para todos, de silêncio e oração. Em comunhão com o Papa, ali faz-se memória do caminho de Jesus até à morte, lembrando os cristãos perseguidos a que o mundo assiste, diz o Santo Padre, num «silêncio cúmplice».

No final, o Papa recorda ainda que, com as catorze estações da Via Sacra, percebemos que é Jesus quem ensina que a Cruz é o caminho da Ressurreição, que a Sexta-feira Santa é a estrada para a Páscoa da luz, e que Deus não se esquece de nenhum dos seus filhos, perdoando e abraçando sempre com a sua infinita misericórdia.

 

Os ensaios para a Vigília Pascal

 

Sábado Santo é o dia do silêncio maior, o dia em que a Igreja espera pela noite da Alegria pascal. Para Helena Lobato e para o Padre José Pinheiro, a manhã é de ensaio na Basílica de São Pedro, de forma a familiarizarem-se com todos os procedimentos da cerimónia que se aproxima. Levam consigo o quadro do Papa pintado por Helena.

Monsenhor Guido Marini, atual mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, está presente para coordenar, com a sua equipa, o ensaio. Diz o prior da Cova da Piedade que são muito disponíveis, acolhedores e simpáticos, acabando por transmitir a calma e serenidade necessárias para que tudo decorra tranquilamente.

 

É neste momento que Helena explica aos mestres de cerimónia que gostaria de entregar ao Papa Francisco o quadro da sua autoria. O pedido é aceite. A obra de arte pintada por Helena fica logo na Basílica e, no final da Vigília Pascal, terá a possibilidade de entregá-la em mãos ao Santo Padre.

 

A noite da Ressureição: «Sim, quero!»

 

Depois de uma tarde de repouso, eis chegado o momento: a Vigília Pascal, a noite da Alegria, da Luz, da Ressurreição, da Vida que vence a Morte. O Senhor Ressuscitou! É tempo de cantar ‘Aleluia’. A Basílica de São Pedro está às escuras. Lá fora, chove, troveja e relampeja. O Papa Francisco inicia a celebração e percorre a todo o corredor central, em procissão até ao altar, enquanto se canta «Lumen Christi». É a Luz de Cristo vivo que ilumina a terra inteira.

Cá à frente, muito pertinho do altar onde o Papa vai presidir à Eucaristia, estão todos os que vão ser batizados com os seus padrinhos. Ali mesmo ao lado, os familiares e amigos que têm a possibilidade de testemunhar este momento. Ao lado do Padre José Pinheiro, padrinho de Helena, está também o marido da pintora. Aquela é uma ocasião especial. Depois de há vinte anos terem casado na capela do Alfeite, com disparidade de culto porque Helena não era batizada, veem ali, com o Batismo da artista, confirmado o seu vínculo matrimonial.

Depois de ter escrito ao Papa Francisco, pedindo-lhe ‘Luz’ e de ele lhe feito o convite para receber, ali, a verdadeira ‘Luz’ que é Cristo, Helena recebe, então, das mãos do Santo Padre, o Batismo, a Primeira Comunhão e o Crisma, três momentos distintos integrados na mesma celebração, para completar a iniciação cristã.

A resposta de Helena aquando do Batismo, «Sim, quero!», e a resposta ao Papa depois do Crisma «E com o teu espírito!», em português, de forma veemente, ecoou por toda a Basílica de São Pedro. Diz o Padre José Pinheiro, padrinho da pintora, que Francisco foi «o mediador do convite feito por Jesus a Helena», possibilitando a conversão de alguém que foi tocado por Deus e que se aproximou da Igreja.

 

Helena oferece quadro ao Papa

 

É com serenidade, em paz e feliz, de sorriso estampado no rosto, que Helena Lobato vive toda a cerimónia. São duas horas e trinta minutos de celebração mas diz que nem sentiu o tempo passar. No final, já numa sala onde estavam apenas os batizados com o Papa, Helena teve a possibilidade de oferecer a Francisco o seu presente.

Ao relatar-nos o momento, a pintora diz que foi emocionante. Trocaram algumas palavras em castelhano e Helena explicou ao Papa que aquela oferta era um trabalho das suas mãos, fruto do seu coração. Ao ver o quadro, a artista conta que o rosto do Santo Padre se iluminou, gostando muito de ver o seu retrato. Para a pintora, esta entrega do quadro ao Papa Francisco foi como que a síntese de todo um caminho que se iniciou a 13 de março de 2014, o dia do primeiro ano de pontificado, e a data em que Helena lhe escreveu a carta.

Helena conta-nos ainda que o Papa Francisco quebrou o protocolo durante a Vigília Pascal. O cumprimento ensaiado no final do Crisma era apenas um aperto de mão, no entanto, o Papa acabou por cumprimentar os dez catecúmenos com um beijo, deixando todos surpreendidos. À saída de São Pedro, é hora de celebrar. As felicitações sucedem-se. Há mais uma irmã em Cristo.

 

Humildade e humilhação são palavras do Papa que ecoam

 

É Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor. Em Roma chove copiosamente. Mesmo debaixo de chuva, Helena e o grupo que a acompanha vão até à Praça de São Pedro para a Eucaristia e para ouvir a mensagem «Urbi et Orbi» do Santo Padre. Para além de recordar, novamente, os cristãos perseguidos, fala-nos de humildade, reforçando o tema que esteve também no centro da homilia da Vigília Pascal.

«Com a sua morte e ressurreição – diz o Papa – Jesus indica a todos o caminho da vida e da felicidade. Este caminho é a humildade que inclui a humilhação. Esta é a estrada que leva à glória»». Francisco aponta, assim, a necessidade de humildade para reconhecer os pecados e celebrar a alegria da Páscoa.

Ao longo deste dia, muitas são muitas as mensagens que vão chegando de Portugal. Os parabéns da comunidade católica de Setúbal, pela chegada de uma nova irmã, sucedem-se. Também o Bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, não deixa de felicitar Helena Lobato, o padrinho, e os catequistas que têm acompanhado o percurso catequético da pintora. José Peneda, um dos catequistas, está também em Roma.

 

O início de um caminho, em Igreja

 

No dia de regressar a Portugal, segunda-feira, dia 06 de abril, o grupo que da Diocese de Setúbal tem ainda Eucaristia celebrada, pelo Padre José Pinheiro, na Igreja de Santo António dos Portugueses. Em jeito de surpresa, Helena e o marido são ali convidados a renovar os seus votos matrimoniais.

Este momento ganhou, para Helena, ainda maior significado pelo facto da celebração de renovação dos votos matrimoniais ter decorrido naquela Igreja, uma vez que Santo António é um santo que diz muito ao casal e à sua relação. A pintora confessa-se muito feliz e com um início de percurso, na comunidade católica, muito abençoado.

Ao regressar, Helena leva na mão a vela do seu Batismo. No coração, leva a paz e um coração cheio por um encontro único e gratificante. No avião, alguns passageiros que estiveram, também, nas celebrações pascais em Roma, apercebem-se que também ali viaja Helena, batizada pelo Papa. Inevitavelmente, querem ouvir esta história de conversão na primeira pessoa. E Helena acede.

Chegada a Portugal, há jornalistas à espera no aeroporto para recolher os primeiros depoimentos. Helena está fisicamente cansada, mas de coração transbordante. Diz que só com o tempo terá plena consciência de tudo o que sucedeu. Na verdade, completar os sacramentos de iniciação cristã, é apenas o início de um caminho em Igreja que Helena agora fará na Paróquia da Cova da Piedade, com a restante comunidade.

 

Anabela Sousa

 

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13 de Abril de 2015