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Igreja de Setúbal, que dizes de ti?

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Para falar um pouco da Igreja de Setúbal que hoje celebra 40 anos, recorro a um diálogo confiante entre ela e eu próprio, seu bispo, por decisão amorosa de Jesus. Convido o meu estimado leitor a entrar neste diálogo breve e amigo – feito de duas perguntas e de duas respostas – da igreja de Setúbal comigo:

Igreja de Setúbal, permite-me que te pergunte, até porque outros fazem as mesmas perguntas:

“Porque te alegras tanto hoje a ponto de fazeres festa? Que pedes para poderes realizar mais fielmente a tua missão?.”

 

Meu caro bispo, gosto destas perguntas e vou tentar responder.

Começo pela primeira e digo-te que tenho muitas e belas razões para fazer festa. Não consigo dizê-las todas porque são muitas e porque algumas só são conhecidas pelo Espírito do Senhor que está sobre mim e me anima.

Mas, pelo menos, vou partilhar contigo uma ou outra:

A minha criação e crescimento foi e é, só por si, uma mais valia para as comunidades cristãs e para a região e uma grande aposta.

A ação pastoral e profética de D. Manuel, meu primeiro e querido bispo.

A estruturação dos meus órgãos, a criação das paróquias, a construção de 40 igrejas e

locais de culto.

A consciência, presente nos meus filhos, de sermos Igreja diocesana.

O amor à Eucaristia incluindo a adoração eucarística.

A grande presença de leigos bem preparados nos diversos serviços pastorais.

O amor ao Seminário e a alegria grande com a ordenação dos sacerdotes.

A presença de movimentos laicais bem activos e em profunda comunhão diocesana.

A devoção a Nossa Senhora sob as mais variadas invocações.

A baixa média etária dos padres que o Senhor me tem dado e o facto de os sacerdotes ordenados superarem largamente os que morreram ou saíram bem como a disponibilidade e a alegria do meu querido clero para servir as comunidades onde é

preciso. O elevado número de leigos com o ensino superior.

A presença organizada da caridade com muitos órgãos servidos por um batalhão de voluntários e voluntárias e com muitos profissionais qualificados.

 

Obrigado, cara igreja, vejo que tens toda a razão para fazer festa e eu quero vivê-la bem por dentro com todos os teus filhos.

E, já agora, diz-me sumariamente o que desejas para cumprires melhor a missão que te está confiada de anunciar a todos a Boa Nova de Jesus morto e ressuscitado que vem salvar-nos do pecado e abrir-nos as portas do Céu.

 

Já que o pedes, meu caro bispo, ensina-me a ir mais longe na realização dalguns desafios que me atraem e que, às vezes, me metem medo:

O desafio de aprender diariamente a contemplar o rosto misericordioso de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado para me deixar seduzir mais e mais pelo Seu amor.

O desafio de aprender a viver para o Senhor e não para mim mesma, sempre e em tudo, descentrando o meu coração das minhas coisas para as coisas do Pai..

O desafio de aprender a estar no mundo sem ser do mundo, fazendo minhas as alegrias, as dores e esperanças dos homens e das mulheres.

O desafio de ser capaz de ir mais longe na iniciação cristã atraente e exigente, na formação contínua e integral, na conversão diária e na busca da santidade de todos os meus filhos.

O desafio de progredir na formação, em todos os meus filhos, duma consciência recta, iluminada pelos critérios do evangelho e capaz de dia a dia ouvir e obedecer mais ao Espírito Santo.

O desafio de me tornares mais capaz de ajudar os fiéis leigos a descobrirem e assumirem a sua missão de ser luz, fermento e alma cristã na Igreja e no mundo.

O desafio de, mais e mais, me ajudares a viver como comunhão de fé, de oração, de amor mútuo e irrepreensível nas diversas comunidades de modo que todos sintam a alegria de ser acolhidos e reconhecidos como irmãos. E, atenção, não te esqueças do meu sonho dum sínodo diocesano.

O desafio de ajudar os meus filhos a acreditar que todos são chamados por Jesus e por Ele enviados em missão; e que todos hão de acolher a sua vocação e ajudar os outros a descobri-la.

O desafio de me ajudares, bem mais, a revelar a graça da família e da família cristã como igreja doméstica onde se partilha e aprende o amor, a fé, o serviço, a oração, o perdão e a missão.

O desafio de me tornar, cada vez mais ‘Igreja em saída’ , dando mais tempo e recursos para ir ao encontro das ovelhas tresmalhadas; criando novos estilos de vida e de linguagem;

seguindo Jesus em alegria contagiante.

O desafio de me ajudares a ser, sempre e em tudo, o rosto e a porta do acolhimento misericordioso de Deus mesmo quando for preciso dizer ‘não’.

O desafio de me ensinares a contagiar os meus queridos padres, diáconos e os seus vários colaboradores a viverem no meio de povo ‘à maneira de Jesus’ curando, dando esperança e criando comunidades ‘em alerta’ para ir ao encontro dos pobres – de todos – para os integrar na comunidade.

 

Obrigado, muito obrigado, querida Igreja, pelos teus pedidos ousados e que me parecem em sintonia com o espírito e a letra do Concílio Vaticano II concluído vai para cinquenta anos. E em sintonia com as orientações dos Papas que lhe deram sequência desde o Papa Beato Paulo VI que te criou ao Papa Francisco que, sei-o bem, está no teu coração, no coração de teus filhos e filhas e também no meu próprio coração.

Igreja de Setúbal, Diocese amiga, em cinco anos. Este ritmo só é possível quando a diocese tem uma dimensão humana e territorial que permita ser visitada neste período.

Também os serviços da Cúria (não só a administração mas igualmente os serviços de orientação da catequese, da liturgia, da caridade, da ação social e do apostolado) se tornam, com a criação de uma nova diocese, mais acessíveis e eficazes. Se a diocese se deve apresentar como uma comunhão missionária, próxima da vida real e incarnada na cultura local, então a descentralização, traz, à partida, melhores condições para uma conversão missionária. Assim nos esforcemos todos nesse sentido.

 

Continua a crescer amparada pelas mãos da Mãe de Jesus e nossa Mãe rumo ao Pai, na comunhão das Igrejas a que preside o Santo Padre. E onde passares torna presente a beleza do amor de Cristo vivido no estilo simples e profundo das bem aventuranças. Conta comigo, Igreja de Setúbal, como eu espero que me ajudes a ir mais longe até que um dia se cumpra em mim o sonho do Céu.

 

16 de julho de 2015, quadragésimo ano da criação da Diocese de Setúbal

D. Gilberto Reis,Bispo de Setúbal

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29 de Julho de 2015