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Nota da CNJP sobre a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2017

A Comissão Nacional Justiça e Paz, com esta breve nota, quer chamar a atenção para a oportunidade dos apelos lançados pelo Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017.

Salienta esta mensagem que a violência não permite alcançar objetivos de valor duradouro, que responder à violência com a violência e a vingança desencadeia uma espiral de morte infindável, que beneficia apenas poucos “senhores da guerra”. Grandes quantidades de recursos são, desse modo, destinadas a fins militares e subtraídas às exigências da grande maioria dos habitantes da terra. Também não é resposta duradoura à violência a dissuasão nuclear, com a ameaça duma segura destruição recíproca.

Há, então, que buscar resolver as controvérsias pelas vias da razão, das negociações baseadas no direito, na justiça e na equidade. A não-violência deve tornar-se o estilo característico dos relacionamentos e da ação política.

O amor ao inimigo constitui a «magna carta da não-violência cristã», que consiste em responder ao mal com o bem, invertendo dessa forma a espiral de represálias.

A não-violência assim entendida não se confunde com a rendição ou a passividade, pelo contrário, é ativa e criativa e exige o máximo empenho e coragem. A história dá-nos exemplos do sucesso de combates não violentos pela justiça: Gandhi na libertação da Índia, Martin Luther King Jr contra a discriminação racial nos Estados Unidos, João Paulo II e outros na queda do comunismo.

Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um património exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas. A violência é uma profanação do nome de Deus. Só a paz é santa, não a guerra.

A origem da violência reside no coração humano. É da família que pode brotar a não-violência, onde os conflitos são superados com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão. A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade. Com esse objetivo contrastam a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças.

Estes apelos são oportunos na “guerra mundial aos pedaços” que atinge muitos países. Mas também são oportunos em Portugal.

Pelo facto de beneficiarmos da paz (há quem diga que somos dos países mais pacíficos do mundo), não podemos ser indiferentes a esses cenários de guerra e temos especiais deveres de solidariedade para com as suas vítimas (como são muitos dos refugiados que chegam à Europa).

E a não-violência ativa e criativa, as vias do diálogo e do perdão, de que nos fala o Papa Francisco, são oportunas na superação de todo o tipo de conflitos, familiares, sociais, económicos ou políticos, que também marcam a sociedade portuguesa.

 

 

Lisboa, 1 de janeiro de 2017

A Comissão Nacional Justiça e Paz

 

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02 de Janeiro de 2017