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Migrações no Mundo de hoje

8.1.2017

No passado dia 8 de janeiro, entre as 17h e as 19h, decorreu no salão paroquial da Igreja João Batista Sacalabrini, em Amora, vigararia do Seixal, uma conferência sobre Migrações nos dias de hoje, proferida pelo Pe. Alfredo Gonçalves, primeiro conselheiro e vigário geral da Congregação dos sacerdotes scalabrinianos. Natural de Câmara de Lobos, Madeira, também ele experienciou a contingências de emigrar ainda criança , mas com sua família para o Brasil, onde viveu grande parte da sua vida e desenvolveu trabalho pastoral após a sua ordenação.

A conferência apresentou as duas grandes questões levantadas pela revolução industrial: o social e a migração. Após uma breve retrospetiva histórica aflorou os antecedentes e as consequências sociais, desde as condições precárias do trabalho e do trabalhador até ao impacto ambiental e sanitário. Sobrevoando a economia e a política.

Diante deste cenário poluído e opressor o papel da Igreja, neste século XIX, revelou-se com os cristãos católicos, que chamou de santos sociais, porque fiéis ao Evangelho, não foram indiferentes à miséria que os rodeava, e deram origem a grandes congregações apostólicas e obras, bem conhecidas da Igreja e do mundo como por exemplo: Frederico Ozanam fundador das Conferências de S. Vicente Paulo, S. João Bosco fundador da Congregação dos Salesianos, considerado o pai da juventude, Luisa de Montaignac fundadora da Obra das Oblatas do Sagrado Coração, que reabilitam mulheres prostituídas, Santa Francisca Cabrini, uma das sete fundadoras do Instituto do Sagrado Coração, conhecida como Madre Cabrini entre os migrantes dos EUA.

Estes santos foram percursores e preparam a Igreja para inaugurar a Doutrina Social, com o Papa Leão XIII, autor da “Rerum Novarum” primeira encíclica inteiramente dedicada ao Social e que reflete o pensamento do magistério.

A revolução industrial também foi responsável pela migração em massa, com fortes impactos na urbanização da cidades e desertificação dos campos, desemprego, migrações regionais e intercontinentais.

A Pastoral migratória nasce de um olhar atento de um bispo italiano, cujo coração transcendia a sua diocese, pois procurava acompanhar e escutar as necessidades do seu povo, que se via forçado a cruzar fronteiras. João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza, após escutar, ver, e deixar-se interpelar pela a realidade dramática sofrida pelos seus paroquianos. Funda uma congregação com três ramos: sacerdotes (1887), leigos(1889) e irmãs consagradas (1895)

Um olhar mais profundo conclui que a pastoral social em todas as suas dimensões e pastoral migratória, que se ocupa do acolhimento e do combate às migrações forçadas são irmãs gémeas.

Os antecedentes históricos conduziram-nos hoje ao método dos 4 “R” que nos permite fazer o diagnóstico dos mais diversos territórios através de quatro questões: Rostos – Quem são as pessoas migrantes que temos entre nós, ou que saem da nossa terra? Rotas – Quais são os caminhos da migração, para onde vão e de onde vem? Raízes – quais as causas e as motivações das pessoas que se tornam migrantes? E Respostas? O que fazer diante da partida ou da chegada de pessoas, famílias e povos?

A realidade das migrações hoje, faz-nos desejar que os cristãos católicos sejam à semelhança dos santos sociais, percursores de um tempo novo, anunciado e sonhado por Deus. Os cristãos hoje diante do fenómeno migratório são chamados a ser promotores e defensores de uma sociedade mais justa e fraterna.

«Por mais inóspitos que sejam os caminhos da migração, abre-se na terra a porta de um refúgio, e no céu a pátria definitiva.» Pe. Alfredo J. Gonçalves.

Eugénia Quaresma

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12 de Janeiro de 2017