comprehensive-camels

Aprender a ler a Arte Sacra

ArteSacra_3

No passado Sábado, dia 27 de Maio, concluiu-se o ciclo formativo “Aprender a Ler a Arte Sacra”, uma proposta da Comissão Diocesana de Arte Sacra destinada a proporcionar a um público geral uma melhor compreensão da Arte Cristã, tomando como referência ilustrativa o património sacro da cidade de Setúbal.

A 3ª e última sessão deste ciclo formativo intitulou-se “Alfaias e Paramentos – Os objectos ao serviço da Liturgia”. Foi orientada pelo Dr. Artur Goulart de Melo Borges, coordenador do Inventário do Património Cultural Móvel da Arquidiocese de Évora, que, na Igreja de São Sebastião, em Setúbal, apresentou as principais tipologias de alfaias e paramentos litúrgicos utilizados no âmbito do culto católico, abordando a sua origem e funcionalidade, bem como a sua evolução histórica e estilística.

O orador começou por se referir aos pressupostos essenciais na abordagem dos objectos de uso litúrgico: em primeiro lugar, o saber “ver” o objecto, tendo em atenção a sua função e a sua integração no contexto de origem; em segundo lugar, o respeito que merecem os objectos litúrgicos pelo uso sagrado a que se destinam, não só durante a função litúrgica, mas também depois dela, devendo ser guardados em lugares apropriados e de forma digna.

De seguida, apresentou as alfaias litúrgicas segundo a sua hierarquia, sendo as mais importantes as relacionadas com a função eucarística e com a administração dos Sacramentos. Passou depois ao tema dos paramentos utilizados pelo celebrante da acção litúrgica e pelos seus acompanhantes na mesma. As alfaias e os paramentos pertencentes à Igreja de São Sebastião serviram para ilustrar o tema apresentado.

Redescobrir e tomar consciência do valor do património artístico

O Senhor D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, também marcou presença na sessão e dirigiu algumas palavras aos presentes a propósito da importância de propostas como a deste ciclo formativo promovido pela Comissão Diocesana de Arte Sacra para a redescoberta e para a tomada de consciência do valor do património artístico existente na península de Setúbal.

“Tenho descoberto a riqueza de património, de história e de tradições que tem esta península. Entrar no coração de tudo isto é algo de fascinante e um grande desafio que temos diante de nós”, afirmou.

Explicando de uma forma mais ampla a sua visão acerca da questão, disse que tal desafio passa por valorizar a especificidade e a unidade da península de Setúbal dentro do contexto da grande Lisboa, através da criação de circuitos que permitam uma leitura historicamente enquadrada do seu património, sublinhando que isso “é muito importante para a nossa própria identidade, também como Diocese, que é recente, mas que tem um papel importante na revitalização de um percurso histórico que se desenvolveu com características muito próprias e que hoje se apresenta com outras possibilidades”.

Tendo em conta que boa parte de todo esse património está ligado à Igreja Católica, D. José Ornelas afirmou ser vital que ela saiba propor à cidade, à sociedade, através de um trabalho aturado, paciente e competente, a redescoberta e a conservação de toda esta riqueza que permita ao povo de Setúbal cultivar a sua própria memória e ter apreço pela sua identidade. A emergência de alguns sectores de actividade, como é o caso do turismo, apresenta a oportunidade da convergência de interesses e de esforços no sentido da valorização e da dignificação do património da Diocese e do distrito de Setúbal.

“Saber ler a História torna-nos também protagonistas da História”

O grande interesse será o de “entender os valores que os muros e as pedras” dos monumentos são portadores, pois, perante um mundo que dá cada vez mais importância à realidade virtual, esses muros e pedras chamam-nos à realidade daquilo que os homens foram construindo “sobre os passos que Deus foi dando connosco” e, daí, é possível partir para a construção do futuro com uma nova consciência: “saber ler a história torna-nos também protagonistas da história que estamos a criar e que estamos a entregar aos outros”.

Concluindo, D. José Ornelas afirmou que Setúbal “tem tanto de beleza como de possibilidades… não queremos um desenvolvimento selvagem que destrua aquilo que ela tem de valor e que foi cultivando ao longo de séculos… Temos de ter capacidade e criatividade, mas, ao mesmo tempo, abertura para colaborar com todos aqueles que estão interessados em preservar e em continuar esse percurso humano de fé, de tradição, para que, ao mesmo tempo, isso nos ajude a construir um futuro melhor”.

As informações acerca da actividade da Comissão Diocesana de Arte Sacra encontram-se disponíveis em www.artesacra-setubal.org.

L. Silva

Partilhe nas redes sociais!
02 de Junho de 2017