Leigos Scalabrinianos de Amora: “Amar o outro, também o estrangeiro, como a nós mesmos”

“O estrangeiro que reside convosco será tratado como um dos vossos compatriotas e amá-lo-às como a ti mesmo, porque foste estrangeiro na terra de Egipto. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv19,34)

Neste 104º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco, na sua mensagem, relembra que todos os crentes são chamados a dar resposta aos numerosos desafios colocados pelas migrações contemporâneas, cada qual segundo as suas possibilidades. Esta resposta pode articular-se à volta de quatro verbos fundados sobre os princípios da doutrina da Igreja : acolher, proteger, promover e integrar.

Acolher oferecendo aos migrantes e refugiados possibilidades amplas de entrada segura e legal nos países de destino. Proteger desenvolvendo acções em defesa dos seus direitos e da sua dignidade. Promover significa criar condições para que os migrantes e refugiados se possam realizar como pessoas em todas as dimensões que compõem a humanidade querida pelo Criador. Integrar situa-se no plano do enriquecimento intercultural gerado pela presença de migrantes e refugiados, reforçando que integração não é uma assimilação. O Papa lembra ainda a importância de favorecer a cultura do encontro.

E foi neste intuito que os Leigos Scalabrinianos de Amora dinamizaram na tarde deste dia a projeção do filme “A Boa Mentira” (2014). Uma história dramática baseada em factos reais, sobre um grupo de crianças, uma família, que vendo os seus pais serem mortos num ataque de milícias, durante a Guerra Civil, no Sudão, foge para o campo de refugiados de Kakuma, no Quénia.

Anos mais tarde, já adultos, têm a oportunidade de deixar o campo e de serem recolocados na América. Ao chegarem a Kansas City, são recebidos por uma mulher incumbida de os ajudar a retomar as suas vidas. Para ela, esta será uma oportunidade de perceber como a generosidade e o despojamento podem fazer realmente a diferença na vida de alguém.

Diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Eugénia Quaresma, moderou debate e partilha

Depois do visionamento do filme, e de um chá quente com bolo para aquecer o frio domingo, com a orientação da Eugénia Quaresma , diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, foi possível a partilha e o debate sobre os vários aspectos para os quais o filme nos alerta: as motivações da vaga de refugiados, as guerras, as crianças que migram sós, os campos de refugiados, o acolhimento nos países de destino, a importância da reunião dos vários membros da família refugiada, as suas dificuldades de integração, as dificuldades no acolhimento, a pesada máquina burocrática, a importância da identidade cultural e da memória das suas raízes, como o conhecimento do outro e da sua história muda a nossa visão, como o integrar o outro torna a comunidade mais rica.

E foi assim que este encontro com a história de vida do outro e a partilha das inquietações relativamente ao migrante e ao refugiado nos ajuda individualmente e como comunidade no cumprimento do supremo mandamento divino, de amarmos o outro, também o estrangeiro, como a nós mesmos.

Cláudia Espírito Santo, Leigos Scalabrinianos de Amora

Por: Diocese de Setúbal