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Conferência sobre Eutanásia na Sobreda: “A vida, como um dom de Deus é inalienável”

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A Paróquia da Sobreda promoveu, na passada semana, uma conferência sobre “A Eutanásia e o valor da vida“, cujo o orador foi o diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, Professor Doutor Luís Costa. Deixamos, em seguida, uma nota informativa de Carlos Salomão, paroquiano da Sobreda.


Muitos esgrimem a sua argumentação sobre a Eutanásia, com fundamento insuficiente, suportada em leituras por ventura exaustivas, e informação avulsa que vão recebendo, mais ou menos imprecisas e com base nelas decidem por exemplo na Assembleia da Republica, levando-nos para onde recusamos ir.

O que nos foi dado a conhecer pelo Senhor Professor Doutor Luís Costa na palestra que proferiu, considerada pelos presentes extraordinariamente enriquecedora, por se consubstanciar em exemplos concretos de pacientes, na sua maioria, oncológicos, que superaram com audácia o sofrimento e a dor física que naturalmente desejariam não ter experimentado.

Saiu certamente reforçada na audiência, muito atenta e participada, diga-se, a convicção de que a vida, como um dom de Deus é inalienável e um processo contínuo e homogéneo de dignidade, desde a sua conceção até ao seu fim natural, não existindo um momento, um ponto sequer no tempo por mais ínfimo, que se possa considerar, menos ou mais digna. Não sendo assim, abrir-se-ia uma margem discricionária de livre decisão, em que tudo se tornaria imperfeitamente possível, e todas as apreciações subjetivas teriam lugar, resultando daqui um claro recuo civilizacional.

A defesa da vida humana e da sua dignidade

O valor da vida deve assentar num único critério de avaliação, a sua dignidade, com renúncia absoluta dos critérios económicos, como a eficácia ou produtividade. Em países, como a Holanda, Suíça, Luxemburgo e Bélgica, para falar apenas nos europeus, o número de pedidos de interrupção da vida tem vindo a aumentar assustadoramente, existindo exemplos incompreensíveis como o polémico caso de eutanásia na Bélgica, que envolve a morte de um paciente com demência e que nunca pediu formalmente para morrer.

O Professor Luís Costa explicou detalhadamente, primeiro na sua exposição e depois nas questões que lhe foram sendo colocadas, que o sofrimento e a dor insuportáveis são mitigáveis e em alguns casos mesmo removíveis, tendo em conta os novos tratamentos que hoje estão ao dispor da medicina e realçou que o caminho a seguir nas situações de extremo sofrimento deve apontar para o controlo eficaz da dor com a devida salvaguarda da qualidade de vida, e não eliminar o sofrimento, privilegiando a morte em detrimento da vida.

Foi também realçado em varias intervenções feitas pela audiência, a intransigência na defesa da vida humana e a firme oposição e repúdio que os Cristãos terão em relação a Eutanásia e ao suicídio assistido, com fundamento em razões éticas como o principio da solidariedade no combate à doença e ao sofrimento, que nortearão sempre a vida cristã, tendo presente, que pelo batismo fomos incorporados em Cristo. A supressão da vida da pessoa doente sofredora, pretensamente diminuída e fragilizada na sua dignidade, representa uma dolorosa e profunda mutilação no corpo de Cristo. De facto, a vida cristã é uma autêntica comparticipação na vida de Cristo como atrás foi dito.

“Não seremos, em momento algum, cristãos amorfos”

A audiência muito atenta, repito, ao que o Professor Luís Costa transmitia, não se desmobilizou ao longo das duas horas que durou a palestra, o que demonstra a avidez de informação, conquanto esta seja originária de fonte percecionada como credível e não baseada em critérios de circunstância. A deriva no sentido da legalização da Eutanásia e a sua evolução perniciosa, atente-se ao exemplo belga, abrirá portas aos maiores atropelos e violações contra a vida humana, conduzindo-nos a prazo para o descalabro civilizacional.

De tudo o que foi descrito, apraz-nos reconhecer que não seremos, em momento algum, cristãos amorfos a constatar indiferentemente à agressão e ao despedaçar de Cristo, sem agirmos, cada um de nós, contemplativos no mundo, promovendo iniciativas que denunciem que a morte não é solução, a Eutanásia não tem lugar entre nós, mas sim, Cristo, que foi longe por nós, deu a sua vida para nos salvar, e que nas nossas veias corre a força de Cristo glorioso e dominador. Deixamos aqui uma questão: E nós, o que faremos hoje por Cristo?

O evento terminou com a intervenção do Senhor Padre João Luís Nabais Dias que falou sobre o tema, alertando para a importância de estarmos atentos à informação seletiva que nos vai chegando pelos diferentes meios de comunicação e redes sociais, invariavelmente uma fonte inesgotável de imperfeições. Agradeceu a presença de todos os presentes em especial ao conferencista, que muitas vezes com uma brilhante simplificação pedagógica, mantendo contudo o rigor científico necessário, para melhor perceção da vasta e diferenciada audiência, conseguiu compartilhar o seu conhecimento e fundamentalmente a sua experiência sobre esta questão, alertando com especial ênfase de que esta é uma luta de todos.

Carlos Salomão, paroquiano da Sobreda

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01 de Março de 2018