De 17 a 24 de Março vivemos a semana nacional da Cáritas sob o lema “Juntos numa só família humana”.
Acerca do tema, Dom José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, deixa-nos uma breve e profunda reflexão, alertando para esta realidade tão ignorada e chamando a atenção para a Encíclica Laudato Si do Papa Francisco que reforça o sentido da semana e lembra-nos o cuidado que devemos ter com esta “casa” que é comum.
Dom José Ornelas, Bispo de Setúbal, deixa-nos uma mensagem de Quaresma onde muitas vezes nos chama ao encontro e à partilha, várias formas de encontro e de partilha.
Como conciliar isto? É fácil de entender… naturalmente mais difícil de pôr em prática, caso contrário o mundo estaria melhor e os discursos seriam diferentes.
Como vive e reage a Cáritas Diocesana de Setúbal aos chamamentos, e como se comporta/sente perante a realidade concreta que conhece e vive? Com um coração contrito e um pensamento contínuo nos mais pobres, não se resignando nem desligando da ação no concreto, conciliando necessidades de uns com as possibilidades dela, sendo que as necessidades são bem maiores que os recursos.
Constatamos que há, ainda, tanta gente pobre de afeto, de saúde, de habitação, de alimentação, de trabalho, agravado em muitos casos pela distância da família, pelos salários baixos, pensões baixas, apenas rica no sofrimento.
Outra dor que atravessa o coração é a situação de migrantes e refugiados, que fazendo parte da mesma família humana e habitando a mesma Casa Comum, atravessam o Mediterrâneo e outros mares, na esperança tantas vezes falhada, de encontrar paz, liberdade e um acolhimento familiar. Sabemos que muito(a)s não conseguem chegar ao destino, perecendo no próprio mar que os acolhe e sepulta. Isto leva-nos a pensar que estes mares, face à dimensão da tragédia humana que aí acontece, já ganharam o direito internacional a ser conhecidos por “Mar da Vergonha”.
Se recordarmos que recentemente e de variados modos, foram comemorados os 70 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e se nos dermos ao trabalho de ler os trinta artigos, simples e claros, interrogar-nos-emos: como é possível ainda tanta diferença, tanta injustiça e tanta falta de justiça?
Olhando para a realidade que nos rodeia, numa Diocese rica de pessoas e em pessoas, com tanto potencial e potencialidades, somos também interpelados.
Com um olhar mais atento aos fenómenos e movimentos, constatamos que vivemos numa região que por razões de ordenamento nacional está cada vez mais deprimida em relação às restantes regiões do País, não falando na divergência com a União Europeia, mas que apesar disso não tem acesso aos fundos comunitários que por direito lhe são devidos.
Esta região assim não se desenvolve, não cria emprego e não combate a pobreza; urge, portanto, alertar para esta realidade e exigir igualdade de condições e respeito pela dignidade de todo(a)s.
Enquanto nada disto acontece e porque só com alteração de leis se alterará este quadro, há que fazer alguma coisa pelas pessoas. Assim a Cáritas lança o alerta a todos os homens e mulheres de boa vontade, independentemente da sua posição ou condição social para que se unam e ajudem os mais desfavorecidos, para que não desfaleçam antes de receber a cana.
Programa da Semana Cáritas em Setúbal
Nesta semana teremos momentos de reflexão e ação, sendo esta concretizada através do peditório público que se realiza na nossa Diocese, assim como em todo o país, estando envolvidas todas as paróquias através de grupos de voluntários. Lançamos o desafio para que mais voluntário(a)s se associem, sendo assim possível estar em todos os locais onde campanha se realiza.
O resultado do peditório nacional e no próximo domingo o produto dos ofertórios das Eucaristias serão utilizados integralmente em favor dos mais pobres.
Para aumentar a capacidade de resposta local, paróquias, grupos e instituições encontram-se nos Conselhos Locais de Ação Social, numa rede estruturada e organizada de acompanhamento dos casos e procura de soluções partilhadas tendo em vista potenciar recursos e responder ao máximo de problemas.
A todos e a todas agradecemos o contributo, qualquer que seja, monetário ou de voluntariado.
Eng.º Domingos de Sousa, presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal