comprehensive-camels

Fundação AIS: “Quando não se respeita a religião já muitos outros direitos caíram”

20190327-Relatorio-LRM-AIS

“A liberdade religiosa tem de ser defendida”, disse D. José Ornelas no sábado, dia 24 de Março, na apresentação do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo produzido pela Fundação AIS.

“Eu gosto de ter um Estado laico no sentido de não laicista nem laicizante, mas um Estado laico que olha para a pessoa humana à luz da dignidade dos valores – que se podem discutir – mas que cria espaço para todos e que respeita as religiões. Quando não se respeita a religião – acrescentou D. José Ornelas – já muitos outros direitos caíram pelo caminho. É não respeitar o íntimo das pessoas.”

Como exemplo desta situação de apropriação de valores que estão no íntimo dos indivíduos e de não se respeitar as opções religiosas das pessoas, o Bispo de Setúbal – em declarações à Fundação AIS momentos antes do início da sessão de apresentação do Relatório – deu o exemplo do Québec, no Canadá, “onde estão a discutir o tamanho da cruz que se pode utilizar, se é uma cruz de decoração ou de identificação religiosa… Se for de identificação religiosa já não é permitida num edifício público…”

Para o Bispo de Setúbal, “impressiona ver que muitas situações pioraram” no que diz respeito à liberdade religiosa em tantos países durante o período em análise do Relatório da Ajuda à Igreja que Sofre – Junho de 2016 a Junho de 2018.

Segundo D. José Ornelas, “não é de admirar” este agravamento, “dado ter surgido, nos últimos dois, três anos, um populismo verdadeiramente preocupante” que tem levado a “uma tentativa de manipulação da opinião pública” através “dos medos e do receio das migrações, do que é desconhecido”.

Considerando que “é preocupante esta tendência”, o Bispo de Setúbal afirmou ainda que “estamos de facto a lançar pedras para a fogueira e aqueles que combatem o terrorismo pseudo-religioso são aqueles que, muitas vezes, contribuem para que ele se inflame ainda mais”.

Uma das principais conclusões do Relatório da Fundação AIS que mais preocupa D. José Ornelas é a constatação de que “os cristãos são dos mais visados” pelo ódio que está na génese da violência e da perseguição religiosa no mundo.

Questionado sobre o trabalho desenvolvido pela Fundação AIS tanto em Portugal como a nível internacional, o Bispo de Setúbal comparou-o às bem-aventuranças. “Bem-aventurados aqueles que lutam e que constroem a paz e também aqueles que sofrem pela paz e pela justiça. São bem-aventuranças que estão bem dentro do coração da Igreja”, disse D. José Ornelas, acrescentando: “Agradeço muito o trabalho” desenvolvido pela Fundação AIS “e o vosso compromisso de não se resignarem perante estas situações”.

A apresentação do relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo decorreu no sábado à noite no salão paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Anunciada. Na ocasião, Catarina Martins de Bettencourt, directora do secretariado português da Fundação AIS, sintetizou as principais conclusões do documento, explicou a história e trabalho da Ajuda à Igreja que Sofre e incentivou ainda os presentes a juntarem-se à AIS na sua missão de defesa e de apoio às comunidades cristãs perseguidas no mundo, à Igreja que sofre.

Fundação AIS

Partilhe nas redes sociais!
04 de Abril de 2019