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Coração de Jesus: Sacerdotes chamados a ser “ovelhas que trazem o perfume do Bom Pastor nas palavras e gestos”

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O Santuário de Cristo Rei recebeu, no passado dia 28 de junho, os sacerdotes da Diocese de Setúbal para,  juntos com o Bispo diocesano, e unidos ao Coração de Jesus, darem graças ao Pai do Céu pela vocação a que foram chamados. Nesta ocasião assinalou-se, também, o jubileu sacerdotal do Padre Afonso Liberal (vigário paroquial da Cova da Piedade) que no dia 24 de julho festejará 25 anos da sua ordenação presbiteral. 

Na homilia da Eucaristia festiva do Sagrado Coração Jesus, D. José Ornelas colocou em evidência duas imagens que marcam a celebração deste dia: o Coração e o Pastor. 

“A primeira imagem que esta solenidade quer gravar no nosso coração de cristãos e sobretudo no nosso coração de presbíteros e diáconos dedicados ao serviço do povo de Deus – disse o Bispo – é a união com o Coração do Senhor que nos chamou, de tal modo que o nosso coração seja modelado e transformado à imagem do seu Coração, para sermos expressão do seu amor e do seu cuidado pelo seu povo”. 

De acordo com D. José Ornelas, “falar do Coração de Jesus é falar da sua humanidade, do seu ser incarnado em figura de homem, da expressão humana ‘descrita em gestos’ do ser (do Coração) de Deus”, mas é também entender esse Ser/Coração de Jesus como modelo do nosso modo de estar na Igreja e do nosso serviço aos irmãos”. 

A segunda imagem apontada pelo Bispo diocesano foi a do Bom Pastor: “Esta imagem – disse o Bispo aos sacerdotes – coloca-nos, antes de mais na Igreja, como parte do rebanho que é objeto do desvelo, do serviço e da guia e liderança do Senhor, o Bom Pastor que nos conduz”. 

“É a partir dessa experiência de ligação a Cristo-Pastor e de ser parte do seu rebanho que se forja o coração dos Discípulos-Apóstolos-Pastores, isto é, pessoas que são expressão do cuidado, atenção e liderança do Único Pastor e Senhor, Jesus o Cristo”, assinalou ainda D. José Ornelas. 

O prelado destacou, nesta linha, duas atitudes importantes dos pastores da Igreja que são fruto da identificação com Cristo, Bom Pastor: ser elementos fundamentais para a unidade do rebanho e agir e liderar à imagem do Bom e Único Pastor.

“É, antes de mais, a fonte da nossa união no presbitério, com o bispo e nas nossas comunidades com os seus diversos serviços e com todos irmãos e irmãs. É essa comunhão que atesta a presença do Espírito do Bom Pastor, que edifica a Igreja em cada comunidade, em cada paróquia, em cada Diocese, em toda a Igreja, na sua catolicidade. Desligar-se desta comunhão, qualquer que seja o motivo, é desfazer o rebanho do Bom Pastor, é desligar-se a si próprio de Cristo”, afirmou. 

“A segunda atitude que a imagem do Bom Pastor grava no nosso coração – disse o Bispo aos sacerdotes – é a de imitação do Coração e estilo de liderança do nosso Bom Pastor. Essa é a obra que o Espírito que recebemos na nossa ordenação produz em nós e que tem de ser constantemente nutrida pela escuta da sua voz e pela configuração das atitudes. O bispo não é dono da Diocese e o pároco não é dono da paróquia. É bom saber e interiorizar que o Pastor da Igreja é Cristo e que nós estamos ao seu serviço, segundo o papel que cada um desempenha na Igreja, para que sejamos sempre homens de ligação e comunhão e de cuidado atento do seu povo. Esta atitude dá-nos uma grande liberdade, humildade alegria e força“. 

A terminar a homilia, o Bispo de Setúbal disse aos padres que “a expressão mais reveladora do Bom Pastor e o desafio mais profundo que Ele nos dirige é aquilo que nos vem narrada na parábola do Pastor que vai à procura da ovelha perdida“.

“Com ela, Jesus diz-nos que não há rebanho perfeito, não existem pastores perfeitos, neste mundo, nem ovelhas perfeitas na comunidade. Vai haver erros, diversidade de opiniões e mesmo rupturas. O que se pede aos pastores segundo o modelo do Bom Pastor é que sejam solícitos e misericordiosos, amigos dos outros membros do rebanho, a ponto de arriscarem tudo para reaver quem se tresmalhou e falhou”, disse. 

E acrescentou: “Esta atitude vale no seio do Presbitério e dos Diáconos, e vale no confronto com os outros membros de cada uma das nossas comunidades. Este é também, para nós, na nossa Igreja de Setúbal e em todo o mundo, o verdadeiro desafio e o caminho que o Senhor hoje nos sugere. Cuidarmos uns dos outros e cuidar daqueles que nos foram confiados, com o carinho, a liderança e o amor que Ele mesmo nos dedica, para que possamos partilhá-lo e torná-lo presente para os nossos irmãos.”

“Que o Senhor nos ajude a tornar-nos todos ovelhas que trazem o perfume do Pastor, e pastores com cheiro a ovelha, mesmo que não seja sempre o mais agradável dos odores – concluiu D. José Ornelas – Que trazem o perfume do Bom Pastor nas atitudes, nas palavras e gestos que tornam presente o seu Coração de amor e misericórdia; que cheiram a ovelhas, porque estão próximos delas, porque cuidam e partilham dores e alegrias, desilusões e esperanças”.

No final da celebração, o Padre Afonso Liberal, que está a celebrar as bodas de prata sacerdotais, deu o seu testemunho destacando o início do seu ministério durante a guerra civil em Angola, onde foi chamado a ser instrumento de reconciliação e de paz na Paróquia onde servia, apesar de nem sempre ser fácil. “Hoje olho para trás – disse o sacerdote – e agradeço ao Senhor porque nos foi dando sabedoria para manter alguma estabilidade”. 

O Pe. Sezinando Alberto, reitor do Santuário de Cristo Rei, que em setembro iniciará uma colaboração pastoral na Arquidiocese de Évora, em Borba, dirigiu algumas palavras aos presentes e deu graças pelos 26 anos que passou na Diocese de Setúbal, vindo da Diocese de Beja ainda enquanto seminarista, e pelos 20 anos de sacerdócio em que esteve ao serviço da Diocese. 

D. José Ornelas destacou, também, a dedicação e paixão com que  Padre Sezinando Alberto serviu o Santuário de Cristo Rei durante 17 anos.

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03 de Julho de 2019