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Frei Agostinho da Cruz: Os primeiros três meses de comemoração do IV Centenário da morte

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Iniciadas a 14 de Março de 2019, com uma palestra proferida por Ruy Ventura no Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama (Escola de Aranguez), as comemorações do quarto centenário da morte de Frei Agostinho da Cruz têm-se multiplicado por várias iniciativas.

A abertura oficial ocorreu no dia 16 de Março, com a celebração de uma eucaristia solene na igreja de Nossa Senhora da Anunciada, em Setúbal, paróquia onde faleceu o poeta homenageado. Presidida pelo bispo D. José Ornelas Carvalho, foi concelebrada por Frei Armindo Carvalho, provincial dos Franciscanos em Portugal, e por Frei Hermínio Araújo, investigador da história dos Frades Menores e membro da comunidade residente no Convento de Santo António do Varatojo. Nesse mesmo dia, Ruy Ventura – responsável diocesano pelas comemorações – apresentou no auditório da Cúria Diocesana uma antologia poética alargada da obra do autor, publicada pela Licorne, editora sediada em Évora. A edição contou com o apoio de várias entidades, tendo ainda existido uma subscrição prévia de exemplares por mais de centena e meia de personalidades, entre as quais se contam a cantora Teresa Salgueiro, o músico António Manuel Ribeiro e os escritores Valter Hugo Mãe e Miguel Real.

Frei Agostinho da Cruz: Lançamento de antologia poética marca início das comemorações do IV Centenário da morte do poeta da Arrábida

No dia 23 de Março, comemorando o Dia Mundial da Poesia, realizou-se uma visita guiada ao Convento franciscano de Santa Maria da Arrábida, em cuja igreja está sepultado Frei Agostinho da Cruz. No decurso da romagem, organizada pela Comissão em colaboração com a Fundação Oriente (parceira das comemorações) e com a Escola de Aranguez, vários jovens de Setúbal leram poemas escritos por autores que na sua obra deram importância à serra da Arrábida enquanto espaço privilegiado de contacto com a transcendência e com a natureza. De Hans Christian Andersen a Alexandre Herculano, passando por Sebastião da Gama, Pe. Manuel Marques, Teresa Salgueiro, João Carlos Raposo Nunes, João Santiago, Fernando Paulino e outros autores, muitas foram as leituras apresentadas. Em representação da Associação Sebastião da Gama, João Reis Ribeiro (membro da Comissão diocesana para as comemorações) leu ao muito interessado auditório dois poemas quase desconhecidos do autor de “Serra Mãe”, com os quais o poeta de Vila Nogueira de Azeitão, ainda muito jovem, prestou homenagem ao frade falecido em 1619.

No dia 6 de Abril, Ruy Ventura deslocou-se a Vale Figueira, localidade ribatejana onde existiu um convento de frades arrábidos, no qual viveu Frei Agostinho de Cruz numa das suas saídas forçadas da Arrábida. Convidado pela Diocese de Santarém, o investigador teve oportunidade de participar no Dia Diocesano dos Bens Culturais e aí apresentar uma comunicação sobre D. Manuel de Portugal e Frei Agostinho da Cruz, dois poetas importantíssimos que nos séculos XVI e XVII viveram naquela localidade do município scalabitano.

Entre estas actividades, a imprensa de algumas localidades relacionadas com a vida de Frei Agostinho da Cruz teve como iniciativa a publicação de suplementos especiais dedicados à biografia e à obra do poeta. Elaborados com a colaboração da Comissão Diocesana setubalense, vieram a lume nos jornais “Raio de Luz” (Sesimbra) e “Notícias da Barca” (Ponte da Barca), havendo ainda menção destacada e especial às comemorações nos jornais “O Setubalense” e “Setúbal Mais”, na capital de distrito.

Entretanto, no dia 13 de Maio, o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima resolveu prestar discreta mas muito significativa homenagem ao poeta, incluindo entre os cânticos da eucaristia um dos hinos da Liturgia das Horas com letra de Frei Agostinho da Cruz.

Frei Agostinho da Cruz homenageado em Fátima

Já a 31 de Maio, a Comunidade Franciscana Secular de Setúbal, em colaboração com a LASA – Liga de Amigos de Setúbal e Azeitão, a Casa da Poesia e o grupo musical E-vox, promoveu uma homenagem ao poeta da Arrábida no salão nobre do município sadino. O tributo teve como momento alto uma conferência de Frei Hermínio Araújo, ofm que, de modo sistemático, soube apresentar os pontos salientes da obra de Frei Agostinho, destacando a sua plena actualidade.

No dia 8 de Junho, não tendo sido possível realizar o colóquio inicialmente previsto para Sintra, a Comissão organizou uma visita guiada ao Convento de Santa Cruz ou dos Capuchos, edificado na serra homónima. Nesse espaço, viveu o poeta franciscano 45 anos da sua vida, tendo sido um dos primeiros habitantes desse singular cenóbio da reforma arrábida da Ordem dos Frades Menores. A incursão nesse lugar sagrado foi orientada pelo romancista Fernando Faria, autor da narrativa “O Noviço” (sobre os primeiros anos de vida de Frei Agostinho), contando com a presença de algumas personalidades especialmente ligadas ao estudo e divulgação da obra do autor.

Uma semana depois, foi a vez de homenagear Frei Agostinho da Cruz no Convento da Madre de Deus da Verderena, no Barreiro, local onde segundo a lenda o frade viveu algum tempo e onde, é seguro, eram guardados os seus manuscritos no século XVIII, antes de desaparecerem sem deixar rasto. A organização esteve a cargo da Vigararia do Barreiro e Moita, contando com a colaboração da Câmara Municipal barreirense e da Comissão Diocesana. Numa noite memorável, o ponto alto esteve a cargo da cantora Teresa Salgueiro que, além de apresentar um tema de sua autoria (“Senhora do Tempo”) relacionado com a Arrábida, cantou ainda duas composições com letra do poeta homenageado, “Elegia II”e “Quem vos escolheu”, esta última com melodia composta pelo Pe. Rodrigo Mendes, pároco de Santa Maria do Barreiro e vigário daquela zona pastoral. A iniciativa contou ainda com uma breve introdução à vida e obra do frade franciscano, apresentada por Ruy Ventura. 

Segundo afirma o Comissário Diocesano, Ruy Ventura, o balanço destes primeiros três meses é claramente positivo, destacando a adesão crescente à obra de Frei Agostinho da Cruz, simultaneamente “clássica e moderna” e “cada vez mais actual, num tempo que precisa de luminárias que nos orientem no meio da cerração”.

Passado o Verão, as comemorações regressarão em pleno, pois só terminarão no dia em que se recordarão os 480 anos do nascimento do poeta, nascido em Ponte da Barca no dia 3 de Maio de 1540. Além da conferência de D. José Tolentino Mendonça, Bibliotecário-Arquivista do Vaticano (a 3 de Janeiro de 2020), de um colóquio a realizar a 14 e 15 de Março de 2020 e de uma exposição de fotografia de Francisco Borba, a inaugurar em Setúbal no final das celebrações, prevêem-se outras iniciativas que, a seu tempo, serão divulgadas.

A Comissão das Comemorações para o IV Centenário da morte de Frei Agostinho da Cruz

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05 de Julho de 2019