Os corpos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal para o quadriénio 2019/2022 tomaram posse na quinta-feira, 12 de dezembro, na Igreja de Nossa Senhora da Anunciada, perante o Bispo D. José Ornelas Carvalho e uma assistência composta por inúmeras figuras de relevo de âmbito nacional e regional.
Fernando Cardoso Ferreira tomou posse para um novo mandato de quatro anos após receber os cumprimentos do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, e perante o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, a vereadora da Câmara Municipal de Setúbal Carla Guerreiro, presidentes de Juntas de Freguesia e Provedores de Misericórdias do Distrito de Setúbal e de outros pontos do país.
Compareceram também o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal, Manuel Roque Santos, os diretores-executivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde Arrábida e Arco Ribeirinho, o presidente do Vitória FC, Vítor Hugo Valente, representantes de grupos parlamentares, do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social e de várias entidades do Setor Social e
autoridades civis e militares.
Na sua intervenção, o Bispo de Setúbal. D. José Ornelas Carvalho, referiu-se às dificuldades com que se debatem as instituições do Setor Social, mas considerou importante que estas ajudem a “criar uma maior confiança para o futuro” e salientou a necessidade de haver “um trabalho em rede” para que haja “um país mais solidário”.
“[O Setor Social] É um capital formidável”, sublinhou D. José Ornelas Carvalho, considerando que, apesar de o Estado ter uma responsabilidade de primeira linha nesta área, é essencial que “a Sociedade também participe no esforço comum” de assistir aos mais necessitados.
Prosseguir a missão de cuidar de quem mais precisa
“Os tempos que se avizinham deixam já antever grandes dificuldades para as Instituições do Setor Solidário”, afirmou Cardoso Ferreira, que é Provedor desde 2003, alertando: “São cada vez mais negras as nuvens que se vão formando no horizonte e que tudo indica que para nós caminham”. Segundo o Provedor da Misericórdia de Setúbal, estes são “tempos de cerrar fileiras para garantir os meios que permitam às Misericórdias prosseguir a sua missão de cuidar de quem mais precisa, consubstanciada nas 14 Obras de Misericórdia”.
“As quase 400 Misericórdias Portuguesas dispõem hoje de uma organização de cúpula, a que voluntariamente aderiram, com um líder altamente prestigiado e credível, conhecedor como ninguém dos problemas e das dificuldades com que se confrontam, que desde sempre tem sido e é ouvido nos centros de decisão, independentemente da orientação política daqueles”, salientou, referindo-se a Manuel de Lemos.
Cardoso Ferreira considerou que as Misericórdias têm de se “reunir cada vez mais” em torno da UMP, para que Manuel de Lemos possa atuar “de forma enérgica” junto do poder político: “[Para] Engrossar a voz em defesa dos nossos concidadãos mais excluídos e necessitados que são a razão da existência das Misericórdias, há séculos”.
As dificuldades por que estas passam “resultam, em grande medida, de dois fatores que as Misericórdias não controlam”: o “financiamento claramente insuficiente, por parte do Estado”, dos serviços que são prestados “em seu nome” e a escassez de mão-de-obra disponível, que “em grande medida”, está relacionada com o primeiro fator.
Após frisar o “papel significativo” que a Misericórdia de Setúbal tem no Concelho, nas áreas assistencial e da saúde – recordando as suas valências e o protocolo celebrado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para a prestação, desde janeiro de 2018, de cerca de 100 consultas diárias a adultos sem médico de família –, o Provedor disse que “a vetustez” dos lares Acácio Barradas, de 1893, e Paula Borba, de 1913, representa “uma das maiores limitações estruturais da qualidade dos serviços prestados” aos Utentes.
Por isso, a obra de reabilitação do Lar Acácio Barradas deve ter início “até Abril de 2020”, uma vez que o projeto “se encontra já em fase de emissão de alvará de construção” na Câmara Municipal, ficando o equipamento “dotado de mais um piso”, de modo a alojar 36 Utentes “em quartos individuais e de duas camas, com casa de banho”, e a dispor de “três residências assistidas para dois clientes cada uma”.
Relativamente ao Lar Dr. Francisco Paula Borba, “estão em curso diligências para realojamento dos seus 96 Utentes, em instalações modernas e de grande funcionalidade”, sendo a solução divulgada “oportunamente, quando consolidada”.
Santa Casa da Misericórdia de Setúbal